Amazônia | |
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![]() Fotografia aérea de uma pequena parte da Amazônia brasileira próxima aManaus,Amazonas. | |
Ecologia | |
Bioma | Floresta tropical |
Geografia | |
Área | 5 500 000 km² |
Países | |
Rios | Amazonas |
Ponto mais alto | 2 993 metros (Pico da Neblina) |
![]() Mapa daecorregião amazônica definida peloWWF. |
Amazônia(pt-BR) ouAmazónia(pt-PT?)[nota 1] é umaflorestalatifoliada úmida que cobre a maior parte daBacia Amazônica naAmérica do Sul. Esta bacia (Marañon, Solimões, Amazonas) abrange 7 milhões de quilômetros quadrados distribuído por nove países:Brasil,Bolívia,Peru,Colômbia,Equador,Venezuela,Guiana,Guiana Francesa (departamento ultramarino daFrança) eSuriname (atual Amazônia Natural),[1][2] dos quais 5 milhões e meio de quilômetros quadrados são cobertos pela esta floresta tropical.
Esta região inclui territórios pertencentes a nove nações. A maioria das florestas está contida dentro do Brasil, aproximadamente 60% da floresta, seguida pelo Peru com 16% e com partes menores na Colômbia, Equador, Bolívia, Venezuela, Guiana, Suriname e, a Guiana Francesa.[1][2] Estados ou departamentos de quatro nações vizinhas do Brasil têm o nome deAmazonas por isso (departamento colombianoAmazonas, estado venezuelanoAmazonas). A Amazônia representa mais da metade dasflorestas tropicais remanescentes no planeta e compreende a maiorbiodiversidade em uma floresta tropical no mundo. É um dos seis grandesbiomas brasileiros.[nota 2]
No Brasil, por efeitos de governo e economia, a Amazônia é delimitada por uma área chamada "Amazônia Legal" definida a partir da criação daSuperintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), em 1966. É chamado também de Amazônia obioma que, no Brasil, ocupa 49,29% do território e abrange três dascinco divisões regionais do país (Norte,Nordeste eCentro-Oeste), sendo o maior bioma terrestre do país.
Uma área de seis milhões dehectares no centro de sua bacia hidrográfica, incluindo oParque Nacional do Jaú, foi considerada pelaUNESCO, em 2000 (com extensão em 2003),Patrimônio da Humanidade. A Amazônia também foi pré-selecionada em 2008 como candidata a uma dassete maravilhas naturais do mundo, sendo classificada em primeiro lugar no Grupo E, a categoria para as florestas, parques nacionais e reservas naturais, em fevereiro de 2009.[3]
Entre 1540 e 1542,Francisco de Orellana desceu orio Amazonas em toda sua extensão, a partir dosAndes. O rio foi batizado de rio Orellana,[4] também chamado entre outros nomes. Alguns trabalhos indicam também os nomesrio de la Canela,rio Grande de La Mar Dulce erio Marañon.[5]
Orellana, através do freiGaspar de Carvajal, seu cronista, relatou ter encontrado em um lugar ao longo do curso do rio, possíveis guerreiras indígenas que, através dele, as relacionou com as mitológicasAmazonas,[6] em referência a lendária tribo de mulheres guerreiras damitologia helênica. A partir daí, o rio seria chamado rio das Amazonas, hojeRio Amazonas, do qual derivou-se o termoAmazônia.[7][8][9][10]
Em 1808,Humboldt usaria o termo Hileia (Hylaea) para denominar a região.[11][12]Silva (1833) a chamaria de país das Amazonas (termo popularizado pelobarão Santa Anna Néri, 1899),[13] eRugendas (1835) de região do Amazonas.
Martius (1858) a chamaria deNayades.[14][15] Wappäus (1884) usaria os termos "zona equatorial", "mata tropical" ou "Hylaea do Amazonas".[16]
A conceito de Amazônia pode variar dependendo do ponto de vista (fisiográfico, geomorfológico, biogeográfico, político, de planejamento territorial, etc.),[18] Da mesma maneira, variam sua extensão, suas subdivisões e a terminologia utilizada.
O Brasil aproximadamente 60% da área da bacia hidrográfica do rio Amazonas (Solimões/Amazonas),[1] mas a maior parte do território peruano está coberto por florestas amazônicas, cobrindo mais de 60% do país andino-amazônico (782,880.55 km²).[19][20]
País | % |
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Brasil | 60,30% |
Peru | 11,30% |
Colômbia | 6,95% |
Bolívia | 6,87% |
Venezuela | 6,73% |
Guiana | 3,02% |
Suriname | 2,10% |
Equador | 1,48% |
Guiana Francesa | 1,15% |
Divisãofitogeográfica deDucke e Black (1954):[21]
Divisão fitogeográfica proposta por Rizzini (1963):[22]
Esquemabiogeográfico, por Morrone (2001):[23]
Em termos de vegetação, Martius (1824) já citava a distinção, na região amazônica, entre "mato virgem" (florestas), "gabós" (igapós) e "campinas".[24]
Spruce (1908) elencou os seguintes tipos de vegetação na Amazônia:[25]
Ducke e Black (1954) usaram as seguintes categorias:[26]
Braga (1979) adotou um esquema e nomenclatura ligeiramente diferentes:[27]
Tipos de vegetação por Rizzini (1997):[28]
Tipos de vegetação presentes na região florística amazônica, segundo o IBGE (2012):[15]
Essas regiões contam com uma vegetação chamada de floresta de montanha e ocorrem desde o extremo oeste da Amazônia, no Peru e na Colômbia, em alguns locais da Bolívia, no estado brasileiro do Acre e na divisa do Brasil com a Venezuela. Nesse último local, é onde encontramos o Monte Roraima e o Pico da Neblina, considerado o ponto mais alto do Brasil.[29]
Os mangues propriamente ditos, chamam a atenção por suas raízes, que ficam expostas acima do solo lodoso e formam redes complexas capazes de sustentar os altos troncos e as copas cheias.[29]
As savanas amazônicas não são as mesmas das encontradas no continente africano. Na verdade, possuem fisionomia parecida com o bioma do Cerrado, encontrado na parte central do Brasil. "É uma formação campestre, com vegetação de porte baixo, como gramíneas, e árvores tortuosas mais esparsas entre si", explica Viana.[29]
Afloresta de várzea é uma área inundada sazonalmente por rios de água branca, ricos em nutrientes e com pH neutro[30]. Essas florestas abrigam alta diversidade biológica, com até 140 espécies de árvores por hectare, influenciada pelo pulso de inundação que regula os ciclos ecológicos. A várzea é classificada em baixa, alta, chavascal e matupá, cada uma com características específicas de solo, flora e fauna. Peixes utilizam as áreas alagadas como abrigo e fonte de alimento durante as cheias. As plantas exibem adaptações estruturais às inundações. Herbáceas aquáticas e macrófitas desempenham papéis importantes na sucessão ecológica e na cadeia alimentar. A várzea possui maior diversidade florística do que os igapós. Também há tipos especiais como várzeas de maré e páleo-várzeas, que ampliam a diversidade de habitats. As florestas de várzea são essenciais para a biodiversidade e economia amazônica.
Assim como as várzeas, asflorestas de igapó também entram na categoria de matas alagáveis da Amazônia. Mas com uma diferença. "Elas são permanentemente inundadas, não havendo um período em que a água dos rios escoa de volta", explica Pedro Viana, do museu Emílio Goeldi.[29]
Asmatas de terra firme ocorrem nas regiões do bioma cujo relevo é mais alto e ficam longe das águas dos rios mesmo durante a estação chuvosa. Elessandra Nogueira Lopes, professora da Universidade Federal do Pará especialista em manejo e conservação do solo, explica que, justamente por isso, as características desse ecossistemas são marcadas por um solo profundo, relativamente pobre em nutrientes, mas com enorme quantidade e diversidade de árvores de grande porte.[29]
Acanga amazônica é uma vegetação decampo rupestre que ocorre sobre formações de rochas ferríferas naSerra dos Carajás, no sudeste do estado do Pará. No geral, incluem vegetação rupícola, associada a rochas expostas; campos graminosos e savanas que ocorrem onde o substrato rochoso está mais fragmentado; vegetação higrófila, associada a riachos e lagoas, perenes ou sazonais; e os capões de floresta decídua ou semidecídua associados a áreas com maior acúmulo de matéria orgânica sobre o substrato ferruginoso[31]
A floresta provavelmente se formou durante o períodoEoceno. Ela apareceu na sequência de uma redução global das temperaturas tropicais doOceano Atlântico, quando ele tinha se alargado o suficiente para proporcionar um clima quente e úmido para abacia amazônica. Afloresta tropical tem existido por pelo menos 55 milhões de anos e a maior parte da região permaneceu livre porbiomas do tiposavanas por, pelo menos, até aEra do Gelo Atual, quando o clima era mais seco e as savanas mais generalizadas.[32][33]
Após o evento daExtinção Cretáceo-Paleogeno, a subsequente extinção dosdinossauros e o clima mais úmido permitiram que a floresta tropical se espalhasse por todo o continente. No período de há 65 a 34 milhões de anos, a floresta se estendia a sul doParalelo 45 S. Flutuações climáticas durante os últimos 34 milhões anos têm permitido que as regiões de savana se expandam para ostrópicos. Durante o períodoOligoceno, por exemplo, a floresta tropical atravessou a faixa relativamente estreita que ficava em sua maioria acima da latitude15 °N. Expandiu-se novamente durante oMioceno Médio e, em seguida recolheu-se a uma formação na maior parte do interior noúltimo máximo glacial.[34] No entanto, a floresta ainda conseguiu prosperar durante estesperíodos glaciais, permitindo a sobrevivência e aevolução de uma ampla diversidade deespécies.[35]
Durante Mioceno Médio, acredita-se que abacia de drenagem da Amazônia foi dividida ao longo do meio do continente peloArco de Purus. A água no lado oriental fluiu para oAtlântico, enquanto a água a oeste fluiu em direção aoPacífico através daBacia do Amazonas. Com o crescimento doAndes, no entanto, uma grande bacia foi criada em um lago fechado, agora conhecida como aBacia do Solimões. Dentro dos últimos 5-10 milhões de anos, esta acumulação de água rompeu o Arco de Purus, juntando-se em um fluxo único em direção ao leste do Oceano Atlântico.[36][37]
Há evidências de que tenha havido mudanças significativas na vegetação da floresta tropical amazônica ao longo dos últimos 21 000 anos através doÚltimo Máximo Glacial e a subsequente deglaciação. Análises de depósitos de sedimentos de paleolagos da Bacia do Amazonas indicam que a precipitação na bacia durante o UMG foi menor do que a atual e isso foi quase certamente associado com uma cobertura vegetal tropical úmida reduzida na bacia.[38] Não há debate, no entanto, sobre quão extensa foi essa redução. Alguns cientistas argumentam que a floresta tropical foi reduzida para pequenos e isoladosrefugia, separados por floresta aberta e pastagens;[39] outros cientistas argumentam que a floresta tropical permaneceu em grande parte intacta, mas muito se estendeu muito menos para o norte, sul e leste do que é visto hoje.[40]
Com base em evidências arqueológicas de uma escavação naCaverna da Pedra Pintada (município brasileiro deMonte Alegre) habitanteshumanos se estabeleceram na região amazônica pelo menos há mais de 11 mil anos;[41][42] populaçõespaleoamericanas[43] (última glaciação no períodoPleistoceno tardio).[44] O desenvolvimento posterior levou a assentamentos pré-históricos tardios ao longo da periferia da floresta em 1250 a.C., o que induziu a alterações na cobertura florestal.[45]
Durante muito tempo, pensou-se que a floresta amazônica havia sido sempre pouco povoada, já que seria impossível sustentar uma grande população através daagricultura, devido à pobreza do solo da região. A arqueólogaBetty Meggers foi uma importante defensora desta ideia, tal como descrito em seu livro "Amazônia: Homem e Cultura em um paraíso falsificado". Ela alegou que umadensidade populacional de 0,2 habitante por quilômetro quadrado era o máximo que poderia ser sustentado pela floresta tropical através da caça, sendo a agricultura necessária para acolher uma população maior.[46] No entanto, recentes descobertasantropológicas têm sugerido que a região amazônica realmente chegou a ser densamente povoada. Cerca de 5 milhões de pessoas podem ter vivido na Amazônia no ano de 1500, divididos entre densos assentamentos costeiros, tais como emMarajó, e moradores do interior (em 1900, a população tinha caído para 1 milhão e, no início dos anos 1980, era inferior a 200 mil pessoas).[47]
O aumento demográfico das populações amazônicas na época daPré-História tardia, combinado a outros fatores, suscitou grandes transformações entre as sociedades indígenas daAmazônia.[48] Segundo arqueólogos, as sociedades que habitavam regiões dabacia amazônica passaram a se organizar de forma cada vez mais elaborada entre1 000 a.C. e1000 d.C.[49] Os arqueólogos definem estas sociedades comoCacicados Complexos;[50] que tornaram-se cada vez maishierarquizadas (provavelmente contendo nobres, "plebeus" e servos cativos), com a constituição de uma chefia político-social centralizada na figura docacique, adotação de posturas bélico-expansionistas. Ocomércio e os indícios arqueológicos apontam uma densidade demográfica de escala urbana nessas civilizações.[51] Acredita-se que amonocultura era praticada, além da caça e da pesca intensivas, a produção intensa de raízes e o armazenamento de alimentos.[52] Segundo a pesquisadora Anna Roosevelt, o desenvolvimento da agricultura intensiva nos tempos pré-históricos parece ter estado correlacionado à rápida expansão das populações das sociedades complexas.[53]
Crônicas do início doperíodo colonial são hoje empregadas na reconstrução das antigas civilizações brasileiras, onde cronistas estrangeiros descreveram elementos indígenas do período dos cacicados complexos. A dissolução dessas organizações sociais normalmente é relacionada à conquista, submissão europeia, que teria abalado sua estrutura demográfica.[54]
O primeiro europeu a percorrer o comprimento do rio Amazonas foi o espanholFrancisco de Orellana em 1542.[55] O programaUnnatural Histories, daBBC, apresenta evidências de que Orellana, ao invés de exagerar em seus relatos, como se pensava anteriormente, estava correto em suas observações de que umacivilização complexa estava florescendo ao longo da Amazônia na década de 1540. Acredita-se que a civilização mais tarde foi devastada pela propagação de doenças provenientes daEuropa, como avaríola.[56]
Em 1879, iniciou o "holocausto da borracha", período de 30 anos que a indústria da borracha escravizou indígenas na Amazônia colombo-peruana, até quase sumirem.[57] Pois estima-se existir na época cerca de 50 mil à 100 mil nativos e, atualmente existem menos de 4 mil.[57] Período em que a árvore, o empresário, as expedições, os roubos, determinaram o destino da Amazônia colombo-peruana.[57]
Desde os anos 1970, váriosgeoglifos (zanjas ou earthworks, são largas valasfeitas no solo por humanos[58]) foram descobertos em terras desmatadas datados com idade variável de 1,5 mil a 2,5 mil anos atrás, impulsionando alegações sobrecivilizações pré-colombianas,[59][60][61][62][63][64] no sudoeste da bacia Amazônica principalmente na região do estado brasileiro do Acre,[58][61][62][63][64] onde aUniversidade Federal do Pará identificou 410 sítios arqueológicos com geoglifos no Acre (2010-2014).[61] Além do Acre, existem também sítios de geoglifos distribuidos de forma descontínua em uma área de 200 mil km² entre os estados brasileiros de Rondônia e Amazonas e, província boliviana do Beni (regiões de Riberalta e Baures).[58]
Alceu Ranzi, geógrafo brasileiro, é creditado pela primeira descoberta de geoglifos enquanto sobrevoava o estado doAcre.[65] As últimas escavações fizeram uma descoberta no município brasileiro deXapuri: um buraco de esteio (com 25cm de diâmetro e 1,31m de profundidade) em boas condições foi localizado em um geoglifo de formato redondo, reforçando a tese de que os indígenas pré-colombianos teriam usadopaliçadas para habitação e segurança.[66][67] Um conjunto deestacas demadeira fincadas verticalmente no formato de "X".[68]
Segundo a arqueóloga inglesa Jennifer Watling, bolsista de pós-doutorado daFundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), os geoglifos acreanos não foram construídos em área desmatada de floresta virgem; a pesquisa paleobotânica em 2011/2012 sugere que as estruturas foram feitas emflorestas antropogênicas, áreas já alteradas por ação humana ao longo de anos.[62] Pois a presença humana e a presença de partículas de carvão no local datam de quase cinco mil anos atrás, reforçando a intensificação do desmatamento ou a intensificação manejo florestal pelos indígenas da época.[62]
Confirmado pela rede BBC, que apresentou provas de que a floresta amazônica, em vez de ser uma selva virgem, foi moldada pelos humanos há pelo menos 11 mil anos, através de práticas como a jardinagem florestal e aterra preta.[56]
A terra preta está distribuída por grandes áreas da floresta amazônica e é agora amplamente aceita como um produto resultante do manejo do solo pelosindígenas. O desenvolvimento deste solo fértil permitiu a agricultura e asilvicultura no antigo ambiente hostil, o que significa que grande parte da floresta amazônica é, provavelmente, o resultado de séculos de intervenção humana, mais do que um processo natural, como havia sido previamente suposto.[69] Na região das tribos doXingu, restos de alguns destes grandes assentamentos no meio da floresta amazônica foram encontrados em 2003 por Michael Heckenberger e seus colegas daUniversidade da Flórida. Entre os achados, estavam evidências de estradas, pontes e praças de grande porte.[70]
Os conhecimentos sobre a Amazônia tiveram seu início com um longo período de observações empíricas por parte dos povos indígenas, em especialtupis earuaques (Colômbia).[71] Nesta fase, foram identificados os principais padrões florísticos e ecológicos da região, além de selecionadas diversas plantas medicinais e madeiras úteis.[72] Nos séculos XVI a XVIII, deu-se a conquista da Amazônia por portugueses e espanhóis, com o arrasamento de populações locais. Tal processo foi atenuado pormissões religiosas, que recuperaram parcialmente os conhecimentos indígenas. Nesta época, foram feitas as explorações deOrellana (1540 a 1542) ePedro Teixeira (1638 a 1639), registradas pelos freisGaspar de Carvajal eCristóbal de Acuña, respectivamente. Também ocorreram as expedições deLa Condamine (1743) e a "Viagem Filosófica" deAlexandre Rodrigues Ferreira (1783 a 1792).[72]
Noséculo XIX,Humboldt identificou a zonação altitudinal da vegetação. Entretanto, o alemão foi impedido de entrar no território brasileiro, podendo explorar apenas a Amazônia sob domínio espanhol. Com a vinda da família real portuguesa para o Brasil em 1808, os estudos do território, antes restritos, ganharam novo impulso. Ocorreram aExpedição Austríaca (1817 a 1835), com os naturalistasCarl von Martius eJohann Baptist von Spix, resultando na obraFlora Brasiliensis, feita com a colaboração de 65 botânicos,[72] além daExpedição Langsdorff (1824 a 1829), com os artistasAimé-Adrien Taunay eHércules Florence. Ainda neste período, marcado por relatos de viajantes ou estudos isolados, foram feitas observações importantes porBates,Wallace, o casalHenri Coudreau eOlga Coudreau,Chermont de Miranda,Barbosa Rodrigues,João Alberto Masô,Ermanno Stradelli,Luigi Buscalioni eRichard Spruce.[72] Na fase seguinte, a pesquisa é institucionalizada, com a fundação, no final doséculo XIX, doMuseu Goeldi, um centro de pesquisas e formação de pessoal nas áreas de história natural eetnografia. Dentre os estudos de relevo associados ao museu, estão os deJacques Huber,Adolpho Ducke,João Murça Pires eWilliam Antônio Rodrigues. O museu também serviu de modelo para a criação de outras instituições, como oInstituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), em 1952.[72]
Entre 1907 e 1915, ocorreram as expedições daComissão Rondon, percorrendo Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Amazonas, acompanhada por diversos pesquisadores: nazoologia,Alípio de Miranda; na geologia,Euzébio de Oliveira; na antropologia,Roquette-Pinto; e na botânica,Frederico Carlos Hoehne eJoão Geraldo Kuhlmann.[73] Nos anos 1970 e 1980, oProjeto Radambrasil realizou um extenso levantamento do território com uso de imagens de radar.[72]
Em 2022 teve início oAmazonFACE, um programa de pesquisas científicas doMinistério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), coordenado peloInstituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA/MCTI) eUniversidade Estadual de Campinas (Unicamp), em cooperação internacional com o governo britânico.[74] Localizado em estação de pesquisa do INPA a cerca de 80 km de Manaus (AM), o programa visa produzir conhecimento, por meio da tecnologia "Free-Air CO2 Enrichment" (FACE),[75] sobre a resiliência da floresta tropical frente às mudanças climáticas, com o objetivo de orientar políticas demitigação eadaptação às mudanças climáticas envolvendo a região Amazônica.[76]
O enorme potencial de biodiversidade no bioma resultou na implementação doCentro de Biotecnologia da Amazônia. A iniciativa, composta por investimento público e privado, visa o desenvolvimento de novas tecnologias através do estudo do patrimônio biológico e cultural amazônico, além de soluções para problemas da indústria local. Um exemplo seria a pesquisa conduzida pelo Instituto Transire, transformando itens de descarte de peixarias em biodisel. O resultado é a economia de gastos com o consumo de energia elétrica pela empresa e a diminuição de resíduos orgânicos jogados nos rios, diminuindo a poluição dos corpos d'água. A energia mais barata permite aos frigoríficos, inclusive, estocar os produtos pescados durante o período permitido por lei, possibilitando que funcionem o ano todo.[77] Iniciativas similares também são pesquisadas em estados do nordeste do Brasil para viabilizar a produção de energia local para cidades e comunidades.[78][79]
Esta seçãocita fontes, mas quenão cobrem todo o conteúdo. Ajude ainserir referências (Encontre fontes:Google (notícias • livros • acadêmico • imagens livres • WP refs) • ABW • CAPES).(Junho de 2022) |
A Amazônia é uma das três grandesflorestas tropicais domundo e a maior floresta delas, enquanto perde em tamanho para ataigasiberiana que é uma floresta deconíferas, árvores em forma de cones, ospinheiros.[80][81]
A Floresta Amazônica possui a aparência, vista de cima, de uma camada contínua de copas largas, situadas a aproximadamente 30 m acima dosolo. A maior parte de seus cinco milhões de quilômetros quadrados, ou 42 por cento do território brasileiro, é composta por umafloresta que nunca se alaga, em umaplanície de 130 a 200 m de altitude, formada por sedimentos dolago Belterra, que ocupou abacia Amazônica há entre 1,8 milhão e 25 milanos. Ao tempo em que osAndes se erguiam, os rios cavaram seu leito.[carece de fontes?]
NoPleistoceno oclima da Amazônia alternou-se entre frio-seco, quente-úmido e quente-seco. Na última fase frio-seca, há cerca de 18 ou 12 milanos, oclima amazônico erasemiárido, e o máximo de umidade ocorreu há sete milanos. Na fase semiárida, predominaram as formações vegetais abertas, comocerrado ecaatinga, com "refúgios" onde sobrevivia afloresta. Atualmente ocerrado subsiste em abrigos no interior damata.[carece de fontes?]
Atualmente, oclima na floresta Amazônica é equatorial, quente e úmido, devido à proximidade àLinha do Equador (contínua àMata Atlântica), com a temperatura variando pouco durante o ano. As chuvas são abundantes, com as médias de precipitação anuais variando de 1 500 mm a 1 700 mm, podendo ultrapassar 3 000 mm na foz dorio Amazonas e no litoral doAmapá. O principal período chuvoso dura seis meses.[82] A Amazônia colombiana é a região mais extensa e menos povoada do território, que apresenta elevada umidade, pluviosidade e, calor,[83] assim como a Amazônia equatoriana, localizada no lado leste das montanhas, que também compartilha o clima das outras zonas dabacia amazônica.[84]
A Amazônia é considerada pela comunidade científica uma peça importante para o equilíbrio climático em quase toda a América do Sul. Parte da umidade do ar (que, posteriormente, se transforma em chuva) importante para as regiõesCentro-Oeste,Sul eSudeste do Brasil em vários meses do ano são justamente da Amazônia, levada pelos ventos para essas regiões. A Amazônia é importante para o equilíbrio doclima no Brasil, noParaguai, noUruguai e até naArgentina.[85][86]
Na Amazônia, há inúmeros rios caudalosos, devido à elevada pluviosidade na área, sendo que as mudanças nas vazões também sofrem efeitos das variações climáticas. Na Amazônia colombiana orio Catatumbo tem 450 km de comprimento,[87] compreendendo os rios San Miguel, Zulia, Sardinata, Orú, Tarra e, os riachos Urugmita, Labranza, Seca, Cargamenta e, San Calixto/Maravilla.[88] O Catatumbo desemboca nolago de Maracaibo (maior da América do Sul), na Venezuela.[88][89]
Na Amazônia peruana, semelhante ao rio Amazonas brasileiro, esta região possui cachoeiras, sendo um atrativo turístico formado, onde se destaca: obosque nublado, aFortaleza de Kuélap e, a catarata de Gocta.[90]
Orio Amazonas, localizado naAmérica do Sul, é omaior rio em vazão de água daTerra e osegundo mais extenso do mundo, após oRio Nilo. Com 6 992,06 quilômetros, percorre o norte da América do Sul, a floresta amazônica e deságua no Oceano Atlântico.[91] Possui mais de milafluentes,[92] sendo que alguns deles, como oMadeira, oNegro e oJapurá, estão entre os 10 maiores rios do planeta.[93]
É, de longe, o rio com maior fluxo de água porvazão, com uma média superior que a dos próximos sete maiores rios combinados (excluindoMadeira erio Negro, que são afluentes do próprio Amazonas). A Amazônia, que tem amaior bacia hidrográfica do mundo, com mais de 7 milhões de quilômetros quadrados, é responsável por cerca de um quinto do fluxo fluvial total do mundo,[94][95] sendo que a água que flui pelos rios amazônicos equivale a 20% daágua doce líquida daTerra.[93]
O Amazonas tem sua origem na nascente dorio Apurímaque (alto da parte ocidental dacordilheira dos Andes), no sul doPeru, e deságua nooceano Atlântico, nonorte brasileiro. Ao longo de seu percurso recebe, ainda no Peru, os nomes deCarhuasanta,Lloqueta, Apurímaque,Ene,Tambo,Ucaiáli eAmazonas. Ele entra no territóriobrasileiro com o nome derio Solimões e finalmente, emManaus, após a junção com orio Negro, assim que suas águas se misturam ele recebe o nome de Amazonas e como tal segue até a suafoz no oceano Atlântico. Sua foz é classificada como mista, por apresentar uma foz emestuário e emdelta. O rio Amazonas é o único com uma foz mista no mundo.
A maior parte do rio está inserida naplanície sedimentar Amazônica, embora a nascente em sua totalidade seja acidentada e de grandealtitude. Marginalmente, a vegetação ribeirinha é, em sua maioria, exuberante, predominando asflorestas equatoriais da Amazônia.[96] Aárea coberta porágua no rio Amazonas e seusafluentes mais do que triplica durante asestações do ano. Em média, na estaçãoseca, 110 000 km² estão submersos, enquanto que na estação daschuvas essa área chega a ser de 350 000 km². No seu ponto mais largo atinge na época seca 11 km de largura, que se transformam em 50 km durante as chuvas. Suas águas são barrentas e frias, alcançando a profundidade de 100 m. Por ser um rio de planície, é navegável em toda sua extensão. Em 2011 pesquisadores doObservatório Nacional anunciaram evidências da existência de um rio subterrâneo que corre abaixo do rio Amazonas, numa profundidade de 4 mil metros. O rio subterrâneo, que teria seis mil quilômetros de comprimento, foi batizado deHamza, em homenagem a um dos pesquisadores,Valiya Hamza,indiano que vive no Brasil desde 1974.[97]Florestas tropicais úmidas sãobiomas muito biodiversos e as florestas tropicais daAmérica são consistentemente mais biodiversas do que as florestas úmidas daÁfrica eÁsia.[98] Com a maior extensão de floresta tropical da América, as florestas tropicais da Amazônia têm inigualável biodiversidade. Uma em cada dez espécies conhecidas no mundo vive na Floresta Amazônica.[99] Esta constitui a maior coleção de plantas vivas e espécies animais no mundo.
A região é o lar de cerca de 2,5 milhões de espécies deinsetos,[100] dezenas de milhares deplantas e cerca de 2 000aves emamíferos. Até o momento, pelo menos 40 000 espécies de plantas, 3 000 depeixes, 1 294 aves, 427 mamíferos, 428anfíbios e 378répteis foram classificadas cientificamente na região.[101] Um em cada cinco de todos os pássaros no mundo vivem nas florestas tropicais da Amazônia. Os cientistas descreveram entre 96 660 e 128 843 espécies deinvertebrados só noBrasil.[102]
A diversidade de espécies de plantas é a mais alta daTerra, sendo que alguns especialistas estimam que umquilômetro quadrado amazônico pode conter mais de mil tipos deárvores e milhares de espécies de outras plantas superiores. De acordo com um estudo de 2001, um quarto de quilômetro quadrado de floresta equatoriana suporta mais de 1 100 espécies de árvores.[103]
Um quilômetro quadrado de floresta amazônica pode conter cerca de 90 790 toneladas métricas de plantas vivas. Abiomassa da planta média é estimada em 356 ± 47 toneladas ha−1.[104] Até o momento, cerca de 438 mil espécies de plantas de interesse econômico e social têm sido registradas na região, com muitas mais ainda a serem descobertas ou catalogadas.[105]
A área foliar verde das plantas e árvores na floresta varia em cerca de 25 por cento, como resultado de mudanças sazonais. Essa área expande-se durante aestação seca quando aluz solar é máxima, então sofre uma abscisão durante aestação úmida nublada. Estas mudanças fornecem um balanço decarbono entrefotossíntese erespiração.[106]
A floresta contém várias espécies que podem representar perigo. Entre as maiores criaturas predatórias estão ojacaré-açu,onça-pintada (ou jaguar),suçuarana (ou puma) e asucuri. Norio Amazonas,enguias elétricas podem produzir umchoque elétrico que pode atordoar ou matar, enquanto aspiranhas são conhecidas por morder e machucarseres humanos. Em suas águas, também é possível se observar um dos maiores peixes de água doce do mundo, opirarucu.[107] Várias espécies desapos venenosos secretamtoxinaslipofílicasalcaloides através de suacarne. Há também inúmerosparasitas evetores de doenças.Morcegos-vampiros habitam na floresta e podem espalhar ovírus daraiva.[108]Malária,febre amarela edengue também podem ser contraídas na região amazônica.[109]
Afauna eflora amazônicas foram descritas no impressionanteFlora Brasiliensis (15 volumes), deCarl von Martius,naturalistaaustríaco que dedicou boa parte de sua vida àpesquisa da Amazônia, noséculo XIX.[110] Todavia, a diversidade deespécies e a dificuldade de acesso às copas elevadas tornam ainda desconhecida grande parte das riquezasfaunísticas.[111]
Na Amazônia Venezuelana, mais de metade das espécies de aves e mamíferos do país são encontradas nas florestas da Amazônia e ao sul do rio Orinoco.[112]
A Guiana possui a maior biodiversidade entre os países da comunidadeCARICOM,[113][114] é uma das cinco áreas mais arborizadas do mundo com desmatamento inexistente,[114] e assinou um acordo de cooperação referente a região amazônica.[113]
A alegação de que a Amazônia seria o "pulmão do mundo" é bastante usada na mídia e em postagens de políticos[115] e celebridades[116] nas redes sociais. No entanto, quase todo ooxigênio respirável daTerra se origina defitoplânctons que vivem nosoceanos do planeta e existe em quantidade suficiente para durar milhões de anos.[117]
A afirmação de que a Amazônia produz 20% de oxigênio é fisicamente impossível, visto que simplesmente não hádióxido de carbono suficiente naatmosfera da Terra para que as árvores fotossintetizem em um quinto do oxigênio do planeta.[118] Na realidade, cálculos baseados em um estudo de 2010[119] estima-se que as florestas tropicais são responsáveis por 34% da fotossíntese que ocorre em terra e a Amazônia representaria cerca de metade disso. Isso significaria que a Amazônia gera cerca de 16% do oxigênio produzido em terra.[120] Essa porcentagem cai para 9% quando se leva em consideração o oxigênio produzido pelo fitoplâncton no oceano. OProject Drawdown, que pesquisa soluções de mudanças climáticas, chegou a uma estimativa mais conservadora de 6%.[121] Afotossíntese das plantas é, em última análise, responsável pelo oxigênio respirável, apenas uma fração muito pequena do crescimento da planta realmente contribui para a reserva de oxigênio no ar. Mesmo que toda a matéria orgânica na Amazônia fosse queimada de uma só vez, menos de 1% do oxigênio do mundo seria consumido.[115][122]
Odesmatamento é a conversão de áreas florestais para áreas não florestadas. As principais fontes de desmatamento na Amazônia são assentamentos humanos e odesenvolvimento da terra.[123] Antes do início dos anos 1960, o acesso ao interior da floresta era muito restrito e a floresta permaneceu basicamente intacta.[124]
Fazendas estabelecidas durante a década de 1960 eram baseadas no cultivo e corte e nométodo de queimar. No entanto, os colonos eram incapazes de gerir os seus campos e culturas por causa da perda defertilidade do solo e a invasão deervas daninhas.[125] Os solos da Amazônia são produtivos por apenas um curto período de tempo, o que faz com que os agricultores estejam constantemente mudando-se para novas áreas e desmatando mais florestas.[125] Estas práticas agrícolas levaram ao desmatamento e causaram extensos danos ambientais.[126] O desmatamento é considerável e áreas desmatadas de floresta são visíveis a olho nu doespaço exterior.
Entre 1991 e 2000, a área total de floresta perdida na Amazônia subiu de 415 000 para 587 000 quilômetros quadrados, com a maioria da floresta desmatada sendo transformada em pastagens para ogado.[127] Setenta por cento das terras anteriormente florestadas da Amazônia e 91% das terras desmatadas desde 1970 são usadas parapastagem de gado.[128][129]
OBrasil também é um dos maiores produtores mundiais desoja depois dosEstados Unidos. As necessidades dos agricultores de soja têm sido usadas para validar muitos dos projetos de transporte controversos que estão atualmente em desenvolvimento na Amazônia. As duas primeiras rodovias com sucesso abriram a floresta tropical e levaram ao aumento do desmatamento. A taxa de desmatamento médio anual entre 2000 e 2005 (22 392 km² por ano) foi 18% maior do que nos últimos cinco anos (19 018 km² por ano).[130] Na primeira década do século XXI, o desmatamento tinha diminuído significativamente na Amazônia brasileira.[131] No entanto, de acordo com dados doInstituto Socioambiental (Isa), nos dois primeiros meses de 2019 a destruição da vegetação nativa na bacia dorio Xingu atingiu 8 500 hectares de floresta, o equivalente a 10 milhões de árvores e superou em 54% o desmatamento no mesmo período em 2018. Os dados foram obtidos por meio do Sirad X, o sistema de monitoramento de desmatamento da Rede Xingu.[132] Em 21 de agosto de 2019, após oInstituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) detectar mais74 mil focos de incêndios florestais na Amazônia.[133]
Ambientalistas estão preocupados com a perda de biodiversidade resultante da destruição da floresta. Outro fator preocupante é a emissão de carbono, que pode acelerar o aquecimento global. A vegetação da Amazônia possui cerca de 10% das reservas de carbono do mundo em seu ecossistema. Estudos mostram que o desmatamento insustentável da floresta levará à redução das chuvas e ao aumento da temperatura.[134][135][136][137]
Em agosto de 2017, foi publicado noDiário Oficial da União (DOU) a decisão do presidente Michel Temer de extinguir a Reserva Nacional do Cobre e seus associados (Renca), liberando uma área com 47 mil metros quadrados para mineração privada.[138] O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que "O decreto é o maior ataque à Amazônia dos últimos 50 anos. Nem aditadura militar ousou tanto. Nem aTransamazônica foi tão ofensiva. Nunca imaginei que o governo tivesse tamanha ousadia".Gisele Bundchen também criticou a decisão dizendo: "VERGONHA! Estão leiloando nossa Amazônia! Não podemos destruir nossas áreas protegidas em prol de interesses privados". O diretor-executivo daWorld Wide Fund for Nature (WWF) no Brasil, Maurício Voivodic disse que "É uma tragédia realmente anunciada. Vai resultar em desmatamento, contaminação dos rios e o perigo da atividade mineira é associado a outras atividades ilegais, como garimpo. É uma visão antiga de desenvolvimento, da Amazônia como provedora de recursos naturais". Voivodic citou como exemplo o desastre deMariana e doRio Doce envolvendo a mineradoraSamarco.[139]
Devido àsmudanças climáticas, há um alto risco de que o ecossistema amazônico entre em colapso nos próximos anos, especialmente porque a estação seca foi estendida em até um mês por ano nas últimas décadas.[140] Além disso, o desmatamento continua a ser um dos fatores destrutivos mais importantes na Amazônia. Até 2017, o desmatamento acumulado foi estimado em cerca de 800 000 hectares, aproximadamente 20% da floresta amazônica.[141] Outro fator destrutivo importante são os incêndios. Um estudo de dados de satélite constatou que, de 2003 a 2020, a maior ocorrência de incêndios na Amazônia não ocorreu em épocas de seca prolongada, mas dependeu mais das atividades agrícolas.[142] De acordo com o estudo, cerca de 20% das queimadas agrícolas se espalharam para áreas defloresta primária. Dados de satélite mostraram que as queimadas são muito menos frequentes em áreas classificadas comoterritórios indígenas.
A poluição do ar na Amazônia é causada principalmente pela queima de biomassa. Entretanto, outras fontes de poluição antropogênica são significativas. Entre elas estão as seguintes:[141]
Recentemente, a comunidade científica alertou sobre o processo acelerado de conversão do ecossistema amazônico em savana, especialmente no leste e no sul da bacia.[143] No entanto, o momento exato em que a Amazônia atingirá o ponto de não retorno ainda está sendo estudado.[140] O projeto de pesquisaAmazonFACE está procurando gerar respostas sobre como as mudanças climáticas estão afetando o ecossistema amazônico.[144] Foram identificadas espécies de árvores que podem absorver mais CO₂, um fator fundamental que poderia ajudar a tornar a floresta mais resiliente.[145] O projetoAmazonFACE é caracterizado por uma maioria de mulheres.[146]
A crescente destruição da Amazônia levou diferentes comunidades indígenas a se organizarem para defender o ecossistema. Um dos grupos mais ativos tem sido os "guardiões da floresta" do povoGuajajara. Entre 2000 e 2018, 42 indígenas Guajajara foram mortos em confrontos com invasores.[147] Devido ao alto nível de violência, os guardiões da floresta recorreram à defesa armada.[148] De acordo comNina Gualinga, uma ativista indígena equatoriana, é importante manter a defesa da floresta como prioridade da luta indígena e evitar cair na armadilha dos mercados de carbono, que criam a ilusão de que estamos fazendo algo pela conservação dos sistemas naturais.[149] Recentemente, aUnião Internacional para a Conservação da Natureza decidiu incluir a representação indígena na organização com um status especial, no nível dos governos e dasONGs, como parte de um plano de ação global para acabar com a destruição e o extrativismo na Amazônia.[150]
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