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NaRoma Antiga,fastos[1] (emlatim:fasti) eram listas cronológicas em forma decalendário ou outros registros ou planosdiacrônicos de eventos religiosos oficiais. Depois dodeclínio do Império Romano, a palavra fastos continuou a ser utilizada para registros similares naEuropa cristã e, a partir dali, por todo o Ocidente.
Os negócios públicos, incluindo os negócios oficiais doestado romano, tinham que ser realizados em dias fastos (emlatim:dies fasti; lit. "dias permitidos") e os fastos passaram a ser os registros destes negócios. Além deste sentido mais amplo da palavra, havia ainda os fastos que registravam tipos específicos de eventos, como os fastos triunfais (fasti triumphales), listas detriunfos celebrados pelos generais romanos. As divisões temporais utilizadas eram todas baseadas nocalendário romano.
Os registros anuais dos fastos estimularam os historiadores a escreverem em ordem cronológica, dando origem aos"annales" ("anais"), que, por sua vez, influenciaram o desenvolvimento dahistoriografia romana. OsFastos do poetaaugustanoOvídio são um poemaelegíaco sobre areligião romana e seus costumes estruturado pela sequência dosferiados romanos de janeiro a junho.
Fasti é o plural do adjetivo latinofastus, amplamente utilizado comosubstantivo. A palavra deriva do termofas, que significa "aquilo que é permitido", ou seja, "o que é legítimo aos olhos dos deuses". Assim, dias fastos (fasti dies) eram aqueles em que os negócios podiam ser realizados sem incorrer em falta de fé; a eles se opunham os dias nefastos (dies nefasti), nos quais as assembleias e as cortes não podiam se reunir. A palavra fastos passou depois a denotar as próprias listas organizadas de forma cronológica para acompanhar os dias fastos. Essa estrutura temporal era o que distinguia os fastos daregesta, lista simples de propriedades ou de ativos (como terras), ou de documentos, ou, ainda, de transações de transferência de propriedade.
Fastos Diurnos (Fasti Diurni), divididos em urbanos e rurais (urbani et rustici), eram uma espécie deanuário, com datas e instruções para cerimônias religiosas, dias das cortes, dias de mercados, divisões do mês e temas similares. Como a população romana, que precisava muito deste tipo de informação, era basicamente analfabeta, a informação era lido no fórum no começo de cada mês, um evento que, por isso, passou a ser chamado decalendae ("chamada").[2] As"calendaria" eram de responsabilidade exclusiva doColégio de Pontífices, umcolégio demagistrados sacerdotais.
Em304 a.C.,Cneu Flávio, um secretário pontificial, introduziu o costume de publicar no fórum tabelas gravadas em pedra, tipicamente nas quatro faces de um monumento retangular, com as informações necessárias e breves referências a eventos importantes como vitórias, triunfos eprodígios. Esta lista é a origem docalendarium escrito, ocalendário romano, no qual os dias estão divididos em semanas de oito dias cada e indicadas pelas letras de A até H. Cada dia está marcado também por uma letra que revela seu status[3]:
Os camponeses que trabalhavam nas zonas rurais tinham menos festas, sacrifícios, cerimônias e feriados do que os cidadãos urbanos. Os calendários agrícolas (menologia rustica) continha pouco mais do que a cerimônia dascalendas,nonas eidos, as feiras, ossignos do zodíaco, o aumento e diminuição da duração dos dias, os deuses padroeiros de cada dia e umas poucas instruções sobre quais tarefas agrícolas devia ser realizada em cada mês.
Um considerável número de calendários já foi descoberto, mas nenhum parece ser mais antigo do que o tempo deAugusto(r. 27 a.C.–14 d.C.). OCalendário Prenestino, descoberto em 1770, organizado pelo famoso gramáticoMarco Vérrio Flaco, contém os meses de janeiro, março, abril e dezembro, além de uma parte de fevereiro. Os tabletes relatam os festivais e os triunfos de Augusto eTibério(r. 14–37). Ainda existem dois calendários completos, uma lista oficial deFilócalo (354), e uma versão cristã de um calendário oficial feito porPolêmio Sílvio (448).
Osfastos magistrais (emlatim:fasti magistrales), chamados também de "anais" (annales) ou "histórias" (historici), estavam relacionados com os diversos festivais, práticas religiosas,deuses emagistrados. Além disso, tratavam de assuntos relacionados aosimperadores, seus aniversários, cargos, dias consagrados a eles, com festas e cerimônias criadas para homenageá-los ou em sua memória. Eles passaram a ser denominadosmagni ("grande"), como forma de distingui-los do calendário comum (os fastos diurnos,fasti diurni em latim).
Osfastos consulares (fasti consulares) eram as crônicas oficiais nas quais os anos eram marcados pelos seus respectivoscônsules e outros magistrados, geralmente com o principal evento de seus mandatos, mas nem sempre. Um exemplo famoso são osFastos Capitolinos.[6]Michelangelo, que projetou o complexo de três palácios nomonte Capitolino, restaurou também seus tabletes, encontrados ali durante as escavações patrocinadas pelocardealAlessandro Farnese em 1545-6. Os palácios hoje servem a dupla função como museu (osMuseus Capitolinos) e edifícios doGoverno da Itália. Os Fastos Capitolinos estão naSala della Lupa, juntamente com a famosaLupa Capitolina. Mais fragmentos, descobertos durante oRenascimento, também foram colocados ali.
Osfastos triunfais (fasti triumphales) continham uma lista, em ordem cronológica, de pessoas que haviam conseguido realizar umtriunfo, além do nome do povo conquistado e dos sacerdotes. Fragmentos de uma lista destas foram encontrados entre os fragmentos dosFastos Capitolinos na década de 1550, foram também foram restaurados por Michelangelo e estão na mesma sala que eles. As atas triunfais (acta triumphorum) estão em quatro painéis, começando comRômulo e terminando em19 a.C..[7] A obraDe fasti et triumphi Romanorum a Romulo usque ad Carolum V, do antiquáriorenascentistaOnofrio Panvinio (1557), continuou a lista a partir daí e o último triunfo registrado por ele foi aEntrada Real doimperador romano-germânicoCarlos V(r. 1519–1556) em Roma, em 15 de abril de 1536, um evento que ele descreveu como um triunfo romano "sobre os infieis" e que foi realizado durante a marcha de volta para casa do exército de Carlos depois de suaconquista de Túnis em 1535.[8]
OsAnais Pontifícios (Annales Pontificum), conhecidos também comoAnais Máximos (Annales Maximi) ouAnais dosSacerdotes, eram anualmente exibidos em público num tablete branco e também em dias de observância específicos, mencionando os prodígios do período. Entre os demais fastos sacerdotais estão os fastos augurais (fasti augurales), dosáugures.
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(ajuda)![]() | OWikisource tem o texto da Encyclopædia Britannica (11.ª edição), artigo:Fasti (em inglês). |
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