Engenharia é a aplicação do conhecimento científico, econômico, social e prático, com o intuito de planejar,desenhar, construir, manter e melhorarestruturas,máquinas,aparelhos,sistemas,materiais eprocessos. O profissional de engenharia aplica os conhecimentosmatemáticos e técnicos para a criação, aperfeiçoamento e implementação de utilidades que realizam uma função ou objetivo específico.[1]
Nos processos de criação, aperfeiçoamento e complementação, a engenharia conjuga os vários conhecimentos especializados no sentido de viabilizar as utilidades, tendo em conta asociedade, atécnica, aeconomia e omeio ambiente.
Aengenharia é uma área bastante abrangente que engloba uma série de ramos mais especializados, cada qual com uma ênfase mais específica em determinados campos de aplicação e em determinados tipos detecnologia.[2]
O anel de ferro, símbolo dos engenheiros noCanadá.
Oengenheiro é o profissional que exerce a prática de engenharia. Em muitos países, o exercício da profissão de engenheiro obriga, para além dahabilitação com umcurso superior de engenharia, a uma licença ou certificação profissional atribuída peloestado, por umaassociação profissional, ordem ou instituição de engenheiros ou por um outro tipo de órgão de regulamentação profissional. Conforme o país, aos profissionais devidamente certificados ou licenciados está reservado o uso exclusivo do título profissional de "engenheiro" ou estão reservados outros títulos formais como "engenheiro profissional", "engenheiro encartado", "engenheiro incorporado", "engenheiro diplomado" ou "Engenheiro Europeu".
Normalmente, a lei restringe a prática de determinados atos de engenharia aos profissionais certificados e habilitados para tal, ainda que a prática dos restantes não esteja sujeita a essa restrição.
Para além da certificação como engenheiro propriamente dito, em alguns países existe a certificação comotécnico de engenharia ouengenheiro técnico, associada aos profissionais com uma habilitação correspondente a um curso superior de 1º ciclo na área da engenharia.
O conceito de engenharia existe desde aantiguidade, a partir do momento em que oser humano desenvolveu invenções fundamentais como aroda, apolia e aalavanca. Cada uma destas invenções é consistente com a moderna definição de engenharia, explorando princípios básicos damecânica para desenvolverferramentas e objetos utilitários.[3][4]
O termo "engenharia" em si tem umaetimologia muito mais recente, derivando da palavra "engenheiro", que apareceu nalíngua portuguesa no início doséculo XVI e que se referia a alguém que construía ou operava umengenho. Naquela época, o termo "engenho" referia-se apenas a uma máquina de guerra como umacatapulta ou umatorre de assalto. A palavra "engenho", em si, tem uma origem ainda mais antiga, vindo dolatim "ingenium" que significa "gênio" ou seja uma qualidade natural, especialmente mental, portanto uma invenção inteligente.[5]
Mais tarde, à medida que o projeto de estruturas civis comopontes eedifícios amadureceu como uma especialidade técnica autónoma, entrou noléxico o termo "engenharia civil" como forma de distinção entre a atividade de construção daqueles projetos não militares e a mais antiga especialidade daengenharia militar. Hoje em dia, os significados originais dos termos "engenharia" e "engenharia civil" estão já largamente obsoletos, mas ainda são usados como tal em alguns países ou dentro do contexto de algumasforças armadas.[4][6]
Osantigos gregos desenvolveram máquinas tanto no domínio civil como no militar. AMáquina de Anticítera (o primeirocomputador mecânico conhecido) e as invenções mecânicas deArquimedes são exemplos da primitivaengenharia mecânica. Estas invenções requereram um conhecimento sofisticado deengrenagens diferenciais e planetárias, dois princípios-chave na teoria das máquinas que ajudou a projetar as embreagens empregues naRevolução Industrial e que ainda são amplamente utilizadas na atualidade, em diversos campos como arobótica e aengenharia automobilística.[3]
Carta Náutica do Cartografo Português Pedro Reinel utilizadas nas viagens com as Caravelas no período do descobrimento do Brasil.
Com a ascensão da engenharia comoprofissão, durante oséculo XVIII, o termo tornou-se mais estritamente empregue para designar as atividades para cujos fins eram aplicadas amatemática e aciência. Além disso, além das engenharias militar e civil, também foram incorporadas na engenharia o que antes eram conhecidas como "artes mecânicas".
As invenções deThomas Savery e deJames Watt deram origem à modernaengenharia mecânica. O desenvolvimento de máquinas especializadas e de ferramentas para a sua manutenção durante a Revolução Industrial levaram ao crescimento acentuado da engenharia mecânica.[3]
Aengenharia química tal como a engenharia mecânica, desenvolveu-se no século XIX, durante a Revolução Industrial. A produção à escala industrial precisava de novos materiais e de novos processos.[7] Por volta de1880, a necessidade da produção em larga escala dequímicos era tanta que foi criada uma novaindústria, dedicada ao desenvolvimento e fabricação em massa de produtos químicos em novasfábricas. A função doengenheiro químico era a de projetar essas novas fábricas e processos.[3]
Aengenharia aeronáutica lida com o projeto deaeronaves. Nos tempos modernos, começou-se também a designá-la como "engenharia aeroespacial", dando ênfase à expansão daquele campo da engenharia que passou também lidar com o projeto deveículos espaciais.[8] As suas origens podem ser traçadas até aos pioneiros daaviação da viragem do século XIX para oséculo XX. Os conhecimentos primitivos de engenharia aeronáutica eram largamente empíricos, com alguns conceitos e perícias a serem importados de outros ramos da engenharia. A partir dos experimentos muito bem sucedidos realizados por Alberto Santos Dumont no inicio do Século XX, como o primeiro voo com balãodirigível com motor a gasolina realizado em 1901, o primeiro no mundo a descolar a bordo de um avião impulsionado por um motor a gasolina em 23 de outubro de 1906, voando cerca de 60 metros a uma altura de dois a três metros com o Oiseau de Proie' (francês para "ave de rapina"), noCampo de Bagatelle, em Paris e apenas alguns anos depois dos bem sucedidos voos dosirmãos Wright, adécada de 1920 viu um desenvolvimento intensivo da engenharia aeronáutica, através do desenvolvimento de aviões militares da época daPrimeira Guerra Mundial. Entretanto, as pesquisas, para fornecer bases científicas fundamentais, continuaram através da combinação dafísica teórica com experiências.[3]
Tradicionalmente, a engenharia lidava apenas com objetos concretos e palpáveis. Modernamente, porém, esse cenário mudou. A engenharia lida agora também com entidades não-palpáveis, tais como custos, obrigações fiscais, aplicações informáticas e sistemas.[9]
Na engenharia, os conhecimentos científicos,técnicos eempíricos são aplicados para exploração dos recursos naturais e para a concepção, construção e operação de utilidades.[10]
O projeto e a instalação deaerogeradores representam problemas de aplicação de várias ciências e de técnicas da engenharia.
Os engenheiros aplicam as ciências físicas e matemáticas na busca por soluções adequadas para problemas ou no aperfeiçoamento de soluções já existentes. Mais do que nunca, aos engenheiros é agora exigido o conhecimento das ciências relevantes para os seus projetos, o que resulta que eles tenham que realizar uma constante aprendizagem de novas matérias ao longo de todas as suas carreiras.
Se existirem opções múltiplas, os engenheiros pesam as diferentes escolhas de projeto com base nos seus méritos e escolhem a solução que melhor corresponda aos requisitos. A tarefa única e crucial do engenheiro é identificar, compreender e interpretar os constrangimentos de um projeto, de modo a produzir o resultado esperado. Normalmente, não basta construir um produto tecnicamente bem sucedido, sendo também necessário que ele responda a outros requisitos adicionais.
Os constrangimentos podem incluir as limitações em termos físicos, criativos, técnicos ou de recursos disponíveis, a flexibilidade para permitir modificações e adições futuras, além de fatores como os custos, a segurança, a atratividade comercial, a funcionalidade e a suportabilidade. Através da compreensão dos constrangimentos, os engenheiros obtêm as especificações para os limites dentro dos quais um objeto ou sistema viável pode ser produzido e operado.
Tipicamente, os engenheiros irão tentar prever o quão bem os seus projetos se irão comportar em relação às suas especificações, antes de ser iniciada a produção em larga escala. Para isso, irão empregar, entre outros:protótipos,maquetes,simulações, testes destrutivos, testes não destrutivos e testes de esforços. Testar assegura que o produto irá comportar-se de acordo com o esperado.[11]
Como profissionais, os engenheiros levam a sério a sua responsabilidade em produzir projetos que se comportem conforme o esperado e que não causem males não intencionados ao grande público. Tipicamente, os engenheiros incluem umamargem de segurança nos seus projetos para reduzir o risco de falha inesperada. contudo, quanto maior a sua margem de segurança, menos eficiente se poderá tornar oprojeto.
Aengenharia também se ocupa do estado dos produtos falhados. A sua aplicação é muito importante a seguir a desastres como o colapso depontes ou a queda de aviões, onde uma análise cuidadosa é necessária para descobrir as causas das falhas ocorridas. Este estudo poderá ajudar o projetista a avaliar o seu projeto com base em condições reais ocorridas no passado com projetos semelhantes.
Simulação computacional do lançamento de umanave espacial.
Tal como nas restantes atividades científicas e tecnológicas, oscomputadores e osprogramas informáticos desempenham um papel cada vez mais importante na engenharia. Existem inúmeras aplicações assistidas por computador específicas para a engenharia. Os computadores podem ser usados para gerarem modelos de processos físicos fundamentais, que podem ser resolvidos através de métodos numéricos.
Umas das ferramentas mais utilizadas pelos engenheiros são as aplicações dedesenho assistido por computador (CAD), que lhes permitem criar desenhos e esquemas em2D e modelos em3D. As aplicações CAD, juntamente com as aplicações de maquete digital (DMU) e deengenharia assistida por computador (CAE), incluindo as de análise deelementos finitos e de elementos analíticos permitem criar modelos de projetos que podem ser analisados sem a necessidade da construção de protótipos dispendiosos em termos de custo e de tempo.
Estas aplicações permitem que os produtos e componentes sejam verificados para detecção de falhas, avaliados em termos de montagem e ajustamento e estudados em termos deergonomia. Também permitem a análise das caraterísticas dinâmicas dos sistemas como astensões mecânicas,temperaturas,emissões eletromagnéticas,correntes elétricas,tensão elétrica,vazão ecinemática. O acesso e a distribuição de toda esta informação é geralmente organizado através do uso de aplicações de gestão de dados do produto (PDM).
Recentemente, o uso docomputador no auxílio ao desenvolvimento de utilidades passou a ser coletivamente conhecido como gestão do ciclo de vida do produto.
Engenharia de Minas: exploração subterrânea de cobre e zinco, em Neves-Corvo, Portugal.Teste de utilização debiocombustível nummotor a jato de aviação, uma aplicação comum das engenharias mecânica, aeronáutica e química.Irrigação de um campo dealgodão, uma aplicação da engenharia agrícola.Rede de distribuição de eletricidade, uma aplicação da engenharia elétrica.
Aengenharia é uma ciência bastante abrangente que é muitas vezes subdividida em diferentes ramos ou especialidades. Cada uma destas especialidades preocupa-se com um determinado tipo de tecnologia ou com um determinado campo de aplicação. Apesar de inicialmente um engenheiro se formar normalmente numa especialidade específica, ao longo da sua carreira na maioria dos casos, irá tornar-se polivalente, penetrando com o seu trabalho em diferentes áreas da engenharia.[3][6]
Historicamente, existiam aengenharia militar e aengenharia naval. A partir da engenharia militar começou por desenvolver-se o ramo da engenharia civil. Posteriormente, a engenharia civil (em sentido lato) subdividiu-se em diversas especialidades:[3][6]
Engenharia química - vocacionada para a execução de processos químicos industriais em larga escala, bem como para desenvolver novos materiais e produtos químicos;
Engenharia de pesca - vocacionada para a exploração de toda a cadeia do pescado em larga escala (incluindo a aquicultura) e criação de novos métodos, ela faz parte das ciências agrárias, sendo de enorme importância para revolução da prática pesqueira e aquícola, que juntamente com aagricultura são uma das práticas mais antigas do mundo;
Com o surgimento das engenharias relacionadas com aagricultura, surge a dicotomia entre estas e aengenharia industrial que agrupa as especialidades industriais referentes a engenharia civil, mecânica, elétrica, química e de minas. A engenharia industrial irá contudo deixar de ser um agrupamento de especialidades e tornar-se ela própria numa especialidade da engenharia, vocacionada para o aperfeiçoamento de processos e da gestão industrial através da integração dos fatores tecnológicos, humanos e económicos.[3]
O prestígio da engenharia fez com que áreas fora dela também a ela se quisessem associar. Surgiram assim campos exteriores ao que convencionalmente é considerado engenharia, mas também referidos como tal, sendo alguns exemplos a "engenharia jurídica", a "engenharia financeira", a "engenharia comercial" e a "engenharia social".
Quando uma nova área da engenharia emerge, normalmente é inicialmente definida como uma sub-especialidade ou como uma derivação de especialidades já existentes. Frequentemente, existe um período de transição entre o aparecimento do novo campo e o crescimento do mesmo até ter uma dimensão ou proeminência suficientes para poder ser classificado como nova especialidade da engenharia. Um indicador chave para essa emergência é o número de cursos criados nessa especialidade nas principais instituições de ensino superior.
Existe uma considerável sobreposição de matérias comuns a todas as especialidades da engenharia. Todas elas, fazem grande aplicação damatemática, dafísica e daquímica.[15]
Coração artificial, resultante da cooperação entre a medicina e a engenharia.Leonardo da Vinci, o exemplo perfeito da associação entre o engenheiro, o artista e o cientista.
Existe uma sobreposição entre a prática da ciência e a da engenharia. Na engenharia aplica-se a ciência. Ambas as atividades baseiam-se na observação atenta dos materiais e dos fenómenos. Ambas usam amatemática e critérios de classificação para analisarem e comunicarem as observações.[3]
Espera-se que oscientistas interpretem as suas observações e façam recomendações versadas para ações práticas baseadas nessas interpretações. Os cientistas podem também desempenhar tarefas totalmente de engenharia como a do desenho de aparelhos experimentais ou a da construção deprotótipos. Reciprocamente, no processo de desenvolvimento de tecnologia, os engenheiros ocasionalmente apanham-se a explorar novos fenómenos, transformando-se assim, momentaneamente, em cientistas.[3]
No entanto, a pesquisa em engenharia tem um carácter diferente da pesquisa científica. Em primeiro lugar, frequentemente lida com áreas em que afísica e aquímica básicas são bem conhecidas, mas os problemas em si são demasiado complexos para serem resolvidos de uma forma exata. Exemplos, são o uso de aproximações numéricas nasequações de Navier-Stokes para a descrição do fluxo aerodinâmico sobre uma aeronave ou o uso da regra de Miner para cálculo dos danos provocados pela fadiga do material. Em segundo lugar, a pesquisa em engenharia emprega muitos métodossemiempíricos que são estranhos à pesquisa científica pura, sendo um exemplo o do método da variação de parâmetros.[16]
Essencialmente, pode dizer-se que os cientistas tentam entender anatureza enquanto que os engenheiros tentam fazer coisas que não existem na natureza.[17]
O estudo docorpo humano, em algumas das suas formas e propósitos, constitui uma importante ligação entre amedicina e alguns campos da engenharia. A medicina tem como objetivo sustentar, aumentar e até substituir funções do corpo humano, se necessário, através do uso da tecnologia.
A moderna medicina pode substituir várias funções do corpo através do uso depróteses eórgãos artificiais e pode alterar significativamente várias dessas funções através de dispositivos como implantes cerebrais emarca-passos. Abiónica é um campo específico que se dedica ao estudo dos implantes sintéticos em sistemas naturais.[18][19]
Reciprocamente, alguns campos da engenharia olham para o corpo humano como uma máquina biológica que merece ser estudada e dedicam-se a melhorar muitas das suas funções através da substituição dabiologia pela tecnologia. Isto levou a campos como ainteligência artificial, asredes neurais, alógica difusa e arobótica. Existem também interações substanciais entre a engenharia e a medicina.[20][21]
Ambos os campos fornecem soluções para problemas do mundo real. Isto, frequentemente, requer avançar mesmo antes de um fenómeno ser completamente compreendido em termos científicos o que faz com que a experimentação e o conhecimento empírico sejam uma parte integral tanto da medicina como da engenharia.
A medicina ocupa-se do estudo do funcionamento do corpo humano o qual, como uma máquina biológica, tem muitas funções que podem ser modeladas através do uso de métodos da engenharia. Ocoração, por exemplo, funciona como umabomba hidráulica, oesqueleto funciona como uma estrutura e océrebro produzsinais elétricos. Estas semelhanças, bem como a crescente importância da aplicação dos princípios da engenharia à medicina levou ao desenvolvimento daengenharia biomédica, que usa conceitos de ambas.[22][23][24][25]
Novos ramos emergentes da ciência, como abiologia de sistemas, vêm adaptando ferramentas analíticas tradicionalmente usadas na engenharia, como a modelação de sistemas e a análise computacional, para a descrição de sistemas biológicos.
A moderna engenharia deriva em parte do que, antigamente, eram consideradas as artes mecânicas. Ainda se mantêm muitas ligações entre as modernas artes e a engenharia, que são diretas em alguns campos como os daarquitetura, daarquitetura paisagista e dodesign industrial, ao ponto destas disciplinas serem parte integrantes dos currículos de alguns cursos superiores de engenharia.[26][27][28][29]
De entre as figuras históricas famosas,Leonardo da Vinci é um bem conhecidoartista e engenheiro doRenascimento, constituindo um exemplo da ligação entre as artes e a engenharia.[30]
Aciência política, pegou no termo "engenharia" e empregou-o no âmbito do estudo de vários assuntos como aengenharia social e a engenharia política, que lidam com a formação das estrutura política e social usando uma metodologia da engenharia associada aos princípios da ciência política.
Daniel-Charles Trudaine, engenheiro e fundador daÉcole Royale des Ponts et Chaussées.
Até ao século XX, na maioria dos países, o ensino da engenharia era realizado em escolas superiores especializadas não universitárias, uma vez que tradicionalmente o ensino dasuniversidades se concentrava em áreas como ashumanidades, a medicina e odireito. Hoje em dia, no entanto, além de continuar a ser realizado em escolas especiais, o ensino da engenharia é já realizado na maioria das grandes universidades.
Na maioria dos países, os cursos que dão acesso à profissão de engenheiro têm uma duração mínima de quatro ou cinco anos. Nos países cujos sistemas de ensinos seguem os moldes doProcesso de Bolonha, a formação de um engenheiro implica a realização do 2º ciclo do ensino superior, incluindo normalmente um total de cinco anos de estudos e a realização de umadissertação,tese ou estágio final. Em alguns destes países, a conclusão do 1º ciclo de um curso superior de engenharia poderá dar acesso à profissão de engenheiro técnico ou de técnico de engenharia.
É difícil determinar quais eram as mais antigas escolas de engenharia, uma vez que o ensino de matérias que hoje fazem parte da engenharia vem já desde a antiguidade. No entanto, segundo os padrões modernos podem apontar-se as seguintes escolas precursoras deste ensino:
Polytechnische Schule Karlsruhe - fundada em1825 emKarlsruhe,Baden (hoje Alemanha).
Em 2017, a consultoria britânica Quacquarelli Symonds (QS) publicou recentemente a atualização de 2017 do seu ranking de cursos de Engenharia Civil com o MIT ficando em primeiro lugar.
Oensino da engenharia noBrasil tem origem em1699, altura em que o ReiD. Pedro II de Portugal ordena a criação aulas de fortificação em vários pontos doUltramar Português. O objetivo era formar técnicos de engenharia militar nos territórios ultramarinos, de modo a que estes estivessem menos dependentes de engenheiros vindos do Reino. Em território brasileiro, seriam criadas destas aulas noRio de Janeiro, emSalvador e noRecife.[31]
No entanto, a mais antiga escola a ministrar cursos de engenharia segundo os moldes modernos foi a Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, fundada em 1792 no Rio de Janeiro pela rainhaD. Maria I de Portugal, segundo o modelo da academia com o nome semelhante existente em Lisboa. A atualEscola Politécnica do Rio de Janeiro e oInstituto Militar de Engenharia consideram-se sucessores daquela academia, razão pela qual este último reivindica ser a mais antiga escola de engenharia dasAméricas.[31][32]
Seculo XIXNo século XIX, o cenário educacional brasileiro testemunhou um impulso significativo na formação em engenharia. Em 1810, foi fundada a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, precursora da atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ao longo dos anos, surgiram instituições emblemáticas, como a Escola Politécnica de São Paulo (1893) e a Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia (1896), marcando avanços no ensino técnico.
Século XXO século XX viu a expansão do ensino de engenharia, com a criação de diversas escolas em todo o país. Destacam-se a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, (que foi fundada como Escola Politécnica de São Paulo em 1893, sendo incorporada à Universidade de São Paulo quando esta foi criada em 1934) e a Universidade Estadual de Campinas (1966), consolidando o papel das instituições paulistas na formação de engenheiros. Nas décadas seguintes, novas escolas foram estabelecidas, como a Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (1948) e a Universidade de Brasília (1962).
Há um crescente déficit de engenheiros no Brasil devido, em grande parte, ao alto índice de evasão dos estudantes da graduação na área. A Federação Nacional dos Engenheiros estima que seriam necessários ao menos 60 mil novos engenheiros formados por ano em um “cenário de expansão econômica”. Todavia, em 2011, esse número foi de apenas 42,8 mil segundo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – Inep.[34][35]
Em 2017, a consultoria britânica Quacquarelli Symonds (QS) publicou recentemente a atualização de 2017 do seu ranking de cursos de Engenharia Civil com a USP ficando em primeiro lugar no Brasil.
Em 2019 foram publicadas as novas Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de engenharia no Brasil.[36]
EmPortugal, o ensino do que é hoje a engenharia remonta à formação em artes mecânicas e em ciências físicas e matemáticas, realizadas desde aIdade Média. Destaca-se o ensino daconstrução naval, já com metodologias técnicas e científicas avançadas, que leva ao desenvolvimento de novos tipos denavios, permitindo asgrandes explorações marítimas portuguesas.
O ensino da moderna engenharia começou a desenvolver-se na primeira metade doséculo XVII, com a necessidade de engenheiros militares em virtude daGuerra da Restauração. Para a formação dos mesmos, em1647, oReiD. João IV funda aAula de Fortificação e Arquitetura Militar em Lisboa. Em 1699, o Rei D. Pedro II ordena a criação de aulas de fortificação em vários locais do Ultramar, comoAngola e Brasil. Em1707, a Aula de Fortificação e Arquitetura Militar é transformada naAcademia Militar da Corte, sendo também criadas academias militares provinciais, a primeira das quais emViana do Minho e, posteriormente, também emElvas eAlmeida. Em1779, aquelas academias são extintas, ao mesmo tempo que é criada aAcademia Real de Marinha, cujos estatutos preveem a existência de uma escola de engenharia e fortificação, a qual seria frequentada pelos candidatos a engenheiros militares, depois da frequência do Curso Matemático dos Oficiais Engenheiros realizado na Academia de Marinha.[37][38]
A referida escola de engenharia e fortificação só virá a ser criada pela Rainha D. Maria I, a2 de janeiro de1790, na forma daAcademia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho (ARFAD). Esta é considerada a primeira escola moderna de engenharia portuguesa e uma das primeiras do mundo. Na ARFAD era realizado um curso militar, que para os candidatos a oficiais engenheiros tinha a duração de quatro anos, incluindo as cadeiras de fortificação regular, de fortificação irregular, de arquitetura civil e de hidráulica, além de uma aula de desenho. A admissão no curso de oficiais engenheiros implicava a habilitação com os dois primeiros anos do curso matemático da Academia Real da Marinha ou, em alternativa, a habilitação com um curso preparatório na Faculdade de Matemática daUniversidade de Coimbra.[37][38][39]
Durante oséculo XIX, o ensino superior de engenharia irá desenvolver-se com a criação de diversas escolas militares e civis. Em1837, são criadas aEscola Politécnica de Lisboa e aEscola do Exército - por remodelação, respetivamente da Academia Real da Marinha e da ARFAD - mantendo-se o sistema da primeira ministrar os preparatórios científicos dos cursos de engenharia a serem realizados na segunda. Além do curso de engenharia militar, a Escola do Exército passa também a ministrar o curso de engenharia civil. Em 1837, é também criada aAcademia Politécnica do Porto, com os cursos completos de engenheiros civis nas especialidades de minas, de pontes e estradas e de construtores navais, além dos preparatórios para acesso à Escola do Exército. Em1896, oInstituto Industrial e Comercial de Lisboa passa a ministrar um curso superior industrial, diplomando engenheiros industriais.[37]
No século XX, o ensino da engenharia passa pela primeira vez a ser realizado na universidade, quando a Academia Politécnica do Porto é integrada na novaUniversidade do Porto, criada em1911, com os seus cursos de engenharia a estarem na génese da atualFaculdade de Engenharia daquela Universidade. Ao mesmo tempo, o Instituto Industrial e Comercial de Lisboa é desdobrado, com o seu ensino de engenharia a dar origem aoInstituto Superior Técnico. Entretanto, na sequência da reforma do ensino superior agrícola, o antigo curso de agronomia dá origem aos cursos de engenheiroagrónomo e deengenheiro silvicultor doInstituto Superior de Agronomia.[40]
Também se desenvolve oensino médio técnico industrial, cujos diplomados passam a ser considerados engenheiros auxiliares em1918 e agentes técnicos de engenharia em1926. Os institutos industriais são transformados em estabelecimentos de ensino superior em1974, passando a ministrar cursos debacharelato, cujos diplomados passam a ser engenheiros técnicos.[41]
Atualmente, o ensino da engenharia é realizado em universidades einstitutos politécnicos, tanto públicos como privados. São oferecidas várias centenas de cursos de engenharia de 1º e de 2º ciclo. No entanto, apenas uma pequena percentagem destes está acreditada, pelaOrdem dos Engenheiros ou pelaOrdem dos Engenheiros Técnicos, dando aos seus diplomados um acesso automático às profissões, respetivamente, de engenheiro e de engenheiro técnico.
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