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Afonso Henriques

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado deD. Afonso Henriques)
 Nota: Para o nobre castelhano do século XIV, vejaAfonso Henriques, conde de Gijón e Noronha.
Foram assinalados vários problemas nesta página ou se(c)ção:
Afonso Henriques
Afonso Henriques
Representação mais antiga de D. Afonso Henriques,c. século XIII
Conde de Portucale
Reinado12 de maio de1112
a4 de outubro de1143
Antecessor(a)Conde D. Henrique eTeresa de Leão
Rei de Portugal
Reinado5 de outubro de1143
a6 de dezembro de1185
Aclamação5 de outubro de 1143
Sucessor(a)Sancho I
Dados pessoais
Nascimentoc. 1106, 1109 ou 1111
Condado Portucalense
Morte6 de dezembro de1185 (73–79 anos)
Coimbra,Portugal
Sepultado emMosteiro de Santa Cruz, Coimbra
CônjugeMafalda de Saboia
DescendênciaHenrique, herdeiro de Portugal
Urraca, Rainha de Leão
Teresa, Condessa da Flandres
Mafalda de Portugal
Sancho I de Portugal
João de Portugal
Sancha de Portugal
CasaBorgonha
PaiHenrique de Borgonha, Conde de Portucale
MãeTeresa de Leão
Religiãocatolicismo

Afonso Henriques (c. 1106, 1109 ou 1111 –6 de dezembro de1185), cognominado "o Conquistador" e "Rei Fundador", foi o primeiro rei dePortugal. Passa a intitular-se "Rei dos Portugueses" a partir de1139 e reinoude jure a partir de 5 de outubro de 1143, com a celebração doTratado de Zamora, até à sua morte.[1] O seu papel de soberano é outorgado com abula pontifíciaManifestis Probatum de 23 de maio de 1179.[2] Anteriormente foiConde de Portucale, de 1112 até à sua independência doReino de Leão. Era filho deD. Henrique, Conde de Portucale e sua esposaD. Teresa de Leão, que, à morte do conde D. Henrique, "ascende rapidamente ao governo do condado, o que confirma o carácter hereditário que o mesmo possuía".[3]

Após a morte do pai em 1112, D. Afonso tomou uma posição política oposta à de sua mãe, que se aliara ao nobre galegoFernão Peres de Trava. Pretendendo assegurar o domínio do condadoarmou-se cavaleiro e após vencer a sua mãe nabatalha de São Mamede, em 1128, assumiu o governo.[4] Concentrou então os esforços em obter o reconhecimento como reino. Em 1139, depois da vitória nabatalha de Ourique contra um contingente mouro, Afonso Henriques proclamou-se a partir de 1140 Rei dos Portugueses, depois deaclamado pelos seus seguidores, sendo reconhecida a sua independência doReino de Leão com oTratado de Zamora. Aindependência portuguesa foi outorgada em 1179 pelopapa Alexandre III, através da bulaManifestis Probatum e atribuído o título derex (rei).[4]

Com o apoio decruzados do norte da Europaconquistou Lisboa em 1147. Com a pacificação interna prosseguiu as conquistas aosmouros, empurrando as fronteiras para sul, desdeLeiria aoAlentejo, mais que duplicando o território que herdara. Os muçulmanos chamaram-lhe ibne Arrique ("filho de Henrique", tradução literal dopatronímicoHenriques)[5] ou Bortucali ("o Português").

Vida

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Primeiros anos

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Afonso Henriques era filho deHenrique de Borgonha que era neto do reiRoberto II de França e deTeresa, infanta de Leão, filha ilegítima do reiAfonso VI de Leão, a quem este doara ocondado de Portucale pelo casamento. A data e local do seu nascimento mantém-se uma incógnita até hoje.

Nos dias de hoje, a data que reúne maior consenso aponta para o verão de 1109. Alguns autores defendemViseu como local de nascimento de Afonso Henriques, dado a mãe estar documentada nessa povoação por volta desse ano,[6] e ainda a probabilidade de ter nascido em Agosto[7][8] enquanto outros autores, baseando-se em documentos que remontam aoséculo XIII referem a data de 25 de julho do mesmo ano. No entanto, já foram defendidas outras datas e locais para o nascimento do primeiro rei de Portugal, como o ano de 1106 ou de 1111 (hipótese avançada porAlexandre Herculano após a sua leitura daCrónica dos Godos)[a].[carece de fontes?] Tradicionalmente, acredita-se que terá nascido e sido criado emGuimarães, onde viveu até 1128.[b] Outros autores, ainda, referemCoimbra como local provável para o seu nascimento.[10][11][12] O local de batismo também se encontra em discussão: tradicionalmente o local é apontado como sendo naIgreja de São Miguel do Castelo, em Guimarães, no entanto há dúvidas por causa da datação da consagração da Igreja, feita em 1239. Há quem defenda aSé de Braga como o local onde foi batizado pelo ArcebispoSão Geraldo.[13][14]

A educação do infante

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Afonso foi entregue pelos pais, como prova de confiança, a um poderoso magnate,Egas Moniz IV de Ribadouro, que o deveria educar.Egas Moniz acolheu Afonso nas suas quintas deCresconhe eBritiande,[15] recebendo, por esta tarefa, o epítetoO Aio. Existe mesmo especulação sobre a possibilidade de ter sido na verdade filho deste seu aio.[16][c]

O infante ia crescendoem idade e boa índole por educação de Egas Moniz. Onobiliário medieval do conde Dom Pedro, quando se refere aLourenço, filho primogénito de Egas, não deixa de mencionar queeste Lourenço Viegas foi o que amou muito el-rei D. Afonso, primeiro rei de Portugal, não o chamava senão irmão, porque o criara seu pai Egas Moniz, destacando a intimidade e afeto que gozou da parte de Afonso Henriques.[17] A criação de Afonso Henriques foi também motivo provável para queAfonso, filho segundo do Aio, que cresceu também com o infante e sendo provavelmente mais novo que ele, ficasse precisamente conhecido comoO Moço para o distinguir de Afonso Henriques.[18]

Contexto político do Condado Portucalense, 1112-1127

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Teresa de Leão, mãe de Afonso Henriques, condessa-rainha de Portugal, representada num manuscrito do mosteiro galego de Toxosoutos

Afonso ficara órfão de pai com apenas três anos (provavelmente pois a data de nascimento é disputada). De facto, o pai do infante faleceu emAstorga, a 12 de maio de 1112. Como sucessora natural do marido e sua co-governante desde a sua criação em 1096, Teresa comandava sozinha os destinos do Condado Portucalense. Uma das suas mais importantes ambições era ver reconhecido o seu estatuto como legítima herdeira de seu pai,Afonso VI de Leão (como aliás a sua irmãUrraca de Leão). Para isso revoltou-se várias vezes contra a sua irmã e empreendeu grandes conquistas para leste, chegando inclusive a intitular-seRainha de Portugal, por direito próprio, a partir de 1116, sendo reconhecida como tal peloPapa Pascoal II, pela sua irmã, Urraca de Leão e, posteriormente, por seu sobrinho Afonso VII de Leão. Assinou mesmo comoEgo regina Taresia de Portugal regis Ildefonssis filia.[19][20]

Porém, por morte de Urraca de Leão em 1126, sucede-lhe no trono Afonso VII, o qual readopta o título deimperador de toda a Hispânia do avô, deste modo procurando a vassalagem dos restantes estados peninsulares, incluindo entre eles também oCondado Portucalense, que há muito demonstrava tendências autonomistas.

No Condado, a entrada de dois irmãos, magnates galegos,Bermudo Peres de Trava eFernão Peres de Trava, viria a perturbar a já frágil estabilidade que Teresa até então tinha conseguido promover. Seriam provavelmente interventores dos dirigentes galegosPedro Froilaz de Trava (pai dos dois magnates) eDiego Gelmires,Arcebispo de Santiago, que estavam interessados em travar a ação da rainha de Portugal, que, se até então se batera ferozmente, começou a deixar-se enredar no ardil. De facto, a influência que os irmãos Trava exerceram na rainha de Portugal foi forte o suficiente para afastar inclusive o aio de Afonso Henriques dos seus cargos governativos em importantes cidades comoCoimbra eLamego, que são entregues aos galegos.[15]

As primeiras incitações à revolta, 1120-1128

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É desta forma compreensível queEgas Moniz começasse a não ver com bons olhos os dois galegos e muito menos o mau governo que Teresa começara a protagonizar: Fernão Peres de Trava chegava inclusive a surgir na documentação como príncipe consorte (o que não era). Assim, como um dos principais lesados das más decisões que a rainha começava a tomar, terá sido o responsável pelas primeiras agitações tumultuosas da nobreza. Esta submissão de Teresa levava Egas Moniz, cabeça da irrequieta nobreza portucalense e guardião do futuro de Portugal, agora ameaçado, na pessoa do infante, a colocar todas as esperanças no seu protegido.

Pia baptismal naIgreja de São Miguel do Castelo, em Guimarães, na qual consta ter sido baptizado Afonso Henriques.

Provavelmente por esta altura, Afonso terá possivelmente começado a notar algo diferente no seu educador, que provavelmente o ia informando dos cada vez maiores problemas que a corte condal enfrentava. Amiúde lhe deve ter pintado a sujeição em que Portugal ia recuando no caminho da libertação quase conseguida, a dependência cada vez maior dos galegos a que Portugal se sujeitava na pessoa da sua rainha. O infante que Egas criara e agora incitava à revolta, apesar da ainda curta idade, era, desta forma, também afetado pela vinda dos magnates galegos, que lhe passaram a ser apresentados como os seus inimigos e os que mais ameaçavam a sua herança.

Por volta de 1120, com cerca de onze anos, Afonso abandona os paços do seu Aio para se juntar à corte condal, onde confirma documentação com a mãe até 1127, em posição superior aFernão Peres de Trava.[carece de fontes?]

Com a influência acrescida doarcebispo deBragaPaio Mendes, Afonso tomou, provavelmente pela primeira vez, uma posição política oposta à da mãe, cada vez mais influenciada pelosTravas, que pretendiam tomar a soberania do espaço galaico-português. O arcebispo, forçado a sair do Condado, levou consigo o infante. No dia dePentecostes de 1125 armou-secavaleiro naCatedral de Zamora.[21]

Afonso Henriques mostrou mais abertamente a sua rebeldia contra a mãe a partir dos inícios de dezembro de 1127, na carta de couto à ermida de S. Vicente de Fragoso; em maio do ano seguinte, Egas Moniz volta a apoiar novas rebeldias do seu pupilo (como o foral a Constantim de Panoias, e talvez a doação de Dornelas àOrdem do Hospital), tendo anteriormente, por exigência de situações delicadas dos rebeldes, levado o pupilo a reconciliações fingidas com a mãe.[15]

Este acto constituía simbolicamente o seu primeiro gesto de emancipação e de oposição aos ricos-homens que apoiavam a causa de D. Teresa, subordinada à política do bispo Gelmirez de Santiago e dos poderosos Travas.[22]

A Batalha de São Mamede, 1128

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Ver artigo principal:Batalha de São Mamede
Castelo de Guimarães

Entretanto, novos incidentes provocaram a invasão doCondado Portucalense porAfonso VII de Leão que, em setembro de 1127, cercouGuimarães,[22] onde se encontrava Afonso Henriques, por este se recusar a prestar-lhe homenagem aquando da coroação.[4] Prometida a lealdade do infante pelo seu aioEgas Moniz, Afonso VII desistiu de conquistar a cidade.

A mais flagrante das investidas contra a suserania leonesa dá-se em março (ou inícios de abril) de 1128, forçada pela vinda a Portugal do Imperador Afonso VII em pessoa. Este havia preparado a sua viagem pré-nupcial a Barcelona por mar, para se casar, e desejara uma solução pacífica para o conflito português. Partiu, assim, para o seu destino, do qual não regressaria antes de novembro de 1128, uma vez que entre Barcelona e Leão-Castela se encontrava Aragão, governado pelo padrasto e um dos seus maiores adversários,Afonso O Batalhador.[15]

Os rebeldes aproveitam a ocasião: em maio, estão com o infante e o seu aio em rebeldia definitiva contra a rainha Teresa e os galegos. Egas terá mesmo levantado gentes de armas nos seus próprios domínios, com as quais interviria na batalha, que se trava junto aoCastelo de Guimarães, o foco dos revoltosos, no dia de S. João de 1128, batalha que ficaria conhecida como a célebre Batalha de São Mamede.[23] Algumas fontes referem que o infante teria sido batido, e ia fugindo dos campos quando encontra Egas Moniz à testa das suas gentes de armas: ambos vão sobre os “estrangeiros”, que dizem “indignos”, e “esmagam-nos”. Após a ação, Egas acompanha o infante, submetendo resistências a sul do Douro.[15] Esta vitória consagrou a sua autoridade noterritório portucalense, levando-o a assumir o governo docondado.[24][25]

A fidelidade de Egas Moniz nunca foi indiferente ao pupilo, que o terá largamente recompensado, fazendo-o senhor de vários domínios. Logo em 1128, quando Afonso Henriques confirma o foral dado aGuimarães pelos pais, Egas e, na verdade, todos os que apoiaram Afonso Henriques eram osburgueses que comigo suportaram o mal e o sacrifício em Guimarães, cujos privilégios incluíamːnunca dêem fossadeira das suas herdades e o seu haver onde quer que seja esteja a salvo e quem o tomar por mal pague-me 60 soldos e dê, além disso, o haver em dobro ao seu dono.[26]

Com esta vitória criava-se uma dinâmica que iria conduzir inexorávelmente à independência de Portugal.[27]

O período condal, 1128-1143

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...não usou, entre 1128 e 1139, o título de rei, mas de 'príncipe' ou 'infante', o que significa, decerto, que não podia resolver por si próprio a questão da sua categoria política; isto é, devia admitir que ela dependesse também do assentimento de Afonso VII, que era, de facto o herdeiro legítimo de Afonso VI. Mas também não usou nunca o título de 'conde' que o colocaria numa nítida posição de dependência para com o rei de Leão.[28]

Incumprimentos vassálicos

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Azulejos representando o Torneio naEstação de São Bento, noPorto

Apesar de lidar com Aragão, nada impediu Afonso VII de combater Portugal: protegendo-se de Aragão, mas pretendendo uma ofensiva na frente ocidental de guerra, trava a“batalha” de Arcos de Valdevez (ou da Veiga da Matança, nome que ainda perdura), provavelmente no final de 1140 ou no início de 1141. Afonso Henriques e Egas Moniz não conseguiram conter o avanço do Imperador e retiraram-se para Guimarães com a grande nobreza: os irmãosGonçalo Mendes de Sousa eSoeiro Mendes de Sousa; Garcia, Gonçalo, Henrique e Oveco Cendones;Mem Moniz de Riba Douro e Ermígio Moniz de Riba Douro, irmãos de Egas;Egas Gosendes de Baião; oconde Afonso (provável sogro de Egas Moniz); os filhos mais velhos do Aio (Lourenço, Ermígio e Rodrigo Viegas), e outros, como Garcia Soares, Sancho Nunes, Nuno Guterres, Nuno Soares, Mem Fernandes, Paio Pinhões, Pero Gomes, Mem Pais, Romão Romanes, Paio Ramires, Mem Viegas, e Gueda Mendes.[15]

A situação dos sitiados é precária, mas Egas deixa Afonso Henriques atuar com osseus nobres: os irmãos (Paio,Soeiro eGonçalo Mendes da Maia); mais tarde seriam conduzidos também por Egas Moniz, que os terá levado com ele para uma negociação de paz com Afonso VII em troca da obediência do infante.

Mas contrariamente ao que se costuma relatar, Afonso Henriques nunca foi pressionado para cumprir a palavra dada ao Imperador; aliás essa promessa dos nobres é imediatamente quebrada em 1130 com uma série de invasões da Galiza, que Afonso VII não pôde conter dadas as querelas com o padrasto em Aragão.[15]

A corte conimbricense, 1131-1139

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Fachada doMosteiro de Santa Cruz de Coimbra

Por forma a afastar-se da grande influência que os magnates portucalenses (sobretudo das cinco linhagens fundamentais,Sousa,Maia,Ribadouro,Baião eBragança), no momento seus apoiantes, pudessem exercer sobre ele,[6] Afonso protagoniza, em 1131, uma medida radicalː resolve afastar-se da esfera de influência destes nobres, mais intensa a norte dorio Douro, e estabelecer-se nas margens dorio Mondego, trasladando a corte condal deGuimarães paraCoimbra. A escolha desta cidade parece ter-se devido a uma maior proximidade com a fronteira com oIslão, proximidade que o infante pretendia diminuir, pela conquista progressiva de território a sul desta cidade. O apoio que Afonso recebe, por esta mesma altura, de alguns aristocratas galegos mostra que o ambiente tenso que se fazia sentir antes de ascender ao poder não era totalmente anti-galego, apesar da luta que anos antes visava tão somente evitar a reintegração do Condado na Galiza.[6] Outro importante braço militar, criado por esta mesma altura, constitui-se pelos célebres cavaleiros de Coimbra.[29]

EstabelecendoCoimbra como a nova capital e simultaneamente como base militar, Afonso Henriques faria partir daí todas as suas expedições, quer a norte, quer a sul, expedições que se prolongariam durante grande parte do seu reinado, aproveitando, sobretudo a sul, o desmembramento do espaço político muçulmano registado nesse período.[6]

A fundação do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra

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Ver artigo principal:Mosteiro de Santa Cruz

Afonso Henriques, no mesmo ano da sua instalação em Coimbra, patrocinou a fundação do Mosteiro de Santa Cruz.[6] Foi a esta instituição que Afonso veio a recrutar vários homens de pensamento necessários à governação, sendo um deles precisamenteSão Teotónio, um dos fundadores do mosteiro, assim como o célebreJoão Peculiar,[6] que veio a serArcebispo de Braga a partir de 1138, depois de exercer funções episcopais no Porto, e que tentou marcar, como já o antecessor (Paio Mendes) fizera, uma "libertação" do clero bracarense daArquidiocese de Santiago de Compostela.[6]

Política militar, 1128-1139

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Batalha de Cerneja (1137)

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Ver artigos principais:Batalha de Cerneja,Tratado de Tui, eGuerra Luso-Leonesa (1130-1137)

Esta batalha terá sido consequência da desatenção de Afonso VII de Leão, que estava naquele momento em conflito comNavarra, permitiram a ocupação, por Afonso Henriques, das regiões galegas deLimia eToronho, tendo sido esta batalha o culminar de uma série de invasões à Galiza. Foi também o último confronto entre Afonso Henriques e o galegoFernão Peres de Trava. Vitorioso, Afonso Henriques estabelece, no entanto, um tratado de paz com o seu primo, o Imperador, na qual fica estabelecido:[carece de fontes?] o infante devia fidelidade e amizade ao primo; deveria ainda respeitar os territórios de Afonso VII, de tal modo a que se algum dos vassalos portucalenses o tentasse invadir, o infante prometia auxílio na sua recuperação; se os filhos de Afonso VII quisessem a manutenção da paz, Afonso Henriques ficava assim vergado a essa mesma paz.

Batalha de Ourique (1139)

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Representação da Batalha de Ourique na Genealogia dos Reis de Portugal
Ver também :Batalha de Ourique

A 25 de julho de 1139, Afonso Henriques travou contra os muçulmanos uma das mais decisivas batalhas, e obteve uma das suas mais emblemáticas vitóriasː a Batalha de Ourique, travada num local que ainda não é consensual.[30] É provável que companheiros de infância do infante, comoLourenço Viegas de Ribadouro e o respetivo cunhadoGonçalo Mendes de Sousa, tenham participado na contenda. Estes dois magnates parecem ter lutado na retaguarda da batalha.

É muito provável que Afonso tenha também sido alçado pelos seus cavaleiros sobre o seu escudo, no qual poderiam já apresentar-se as armas reais afonsinas, isto é, carregado de cinco escudetes em cruz cobertos de carbúnculos simbolizadores do granizo doArcanjo São Miguel.[6][d][31]

Ascensão à dignidade régiaː o reconhecimento do reino, 1140-1179

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Ver artigos principais:Tratado de Zamora eManifestis Probatum

Afonso Henriques cedo adota uma postura de realeza,[e] e consciente da importância das forças que ameaçavam o seu poder, Afonso concentrou os seus esforços em negociações junto daSanta Sé, com oArcebispo de Braga,João Peculiar, como seu embaixador. Isto teria dois objetivos: alcançar a plena autonomia da Igreja portuguesa e obter o reconhecimento do Condado Portucalense como um Reino.

O primeiro documento autêntico onde Afonso aparece com o título de rei é de 10 de abril de 1140,[32] na carta de couto de Santa Maria de Vilarinho quando se intitula com a fórmula“Ego egregius rex Alphonsus dei vero providentia totius provincie Portugalensium princeps gloriosissimi Yspanie imperatoris nepos consulis domni Henrici et Tarasie regine filius.[19]

Portugal foi reconhecido peloReino de Leãoe Castela através de um acordo, assinado emZamora a 5 de outubro de 1143, conhecido como Tratado de Zamora, e deve-se provavelmente ao desejo de Afonso VII] em tomar o título deimperador de toda a Hispânia (imperador de toda aPenínsula Ibérica) e, como tal, necessitar de reisvassalos. Apesar disso, o tratamento do Imperador ao primo parece mais igualitário, quando comparado aoTratado de Tui, em que o então infante assumira uma posição mais submissa.

Em dezembro de 1143, Afonso Henriques iniciou o que viria a ser um longo processo. O monarca entregou ao cardealGuido de Vico, legado papal, uma carta em latim, intituladaChaves do Reino dos Céus, na qual prestava homenagem ao Papa e se declarava cavaleiro deSão Pedro.[6] Afonso acabava de ganhar mais um motivo para prosseguir com a conquista de territórioː provar-se valoroso e digno, aos olhos do Papa, de ser reconhecido comoRei de Portugal.

A BulaManifestis Probatum, que concedeu o tão desejado reconhecimento papal do Reino de Portugal no ano de 1179.

Em 1179, a corte portuguesa recebeu a bula papalManifestis Probatum, através da qual oPapa Alexandre III reconhecia, por fim, a independência de Portugal e Afonso Henriques como o seu primeiro rei, louvando a ferocidade com que o rei se batera em defesa da cristandade contra os inimigos da fé, descrevendo comointrépido destruidor dos inimigos dos cristãos, diligente propagador da fé, bom filho da Igreja e príncipe católico, exemplo digno de imitação para os vindouros.[6] Reconhecendo o facto de Afonso Henriques prestar vassalagem direta àSanta Sé teria de pagaranualmente dois marcos de oiro a Nós e aos nossos sucessores. Cuidarás. por isso, de entregar tu e os teus sucessores, ao Arcebispo de Bragapro tempore, o censo que a Nós e a nossos sucessores pertence.[33]

Política militar, 1140-1169

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Ver também :Portugal na Reconquista

Afonso procurou estender as suas conquistas a sul, conquistandoLeiria definitivamente em 1145, dez anos depois do primeiro assédio, usando uma técnica de assalto; avança para o temível castelo deSantarém em 1146 (1147, conquista final), também utilizando a técnica de assalto; oCerco de Lisboa,Almada ePalmela em 1147,Alcácer. Em 1160 leva a cabo diversas batalhas por todo oAlentejo, que posteriormente seria recuperado pelos mouros, pouco antes de Afonso morrer (em 1185).

Batalha de Santarém (1147)

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Representação da conquista de Santarém
Ver artigo principal:Conquista de Santarém

Segundo uma memória doMosteiro de Santa Cruz deCoimbra, Afonso Henriques passeava nos campos do Arnado, perto de Coimbra, com os seus vassalos que lhe eram mais próximos:Gonçalo Mendes de Sousa,Pedro Pais da Maia e ele, Lourenço Viegas. A fonte conta que o rei terá revelado a estes o segredo das suas intenções de conquista da vila deSantarém. Esta proposta foi encorajada por eles, que o terão provavelmente acompanhado de perto na conquista da cidade.[34]

Afonso terá partido de Coimbra com cerca de 250 dos seus melhores homens, e, na noite de 14 de março de 1147,[35] com o auxílio de escadas, quarenta e cinco cavaleiros escalaram as paredes, mataram os sentinelas mouros e forçaram o seu caminho para o portão, permitindo que o principal exército português entre na cidade. Acordados pelos gritos dos sentinelas, os mouros ainda ofereceram uma forte resistência, mas acabaram por ser derrotados,[35] e a cidade tomada, pondo assim fim às constantes invasões mouras deCoimbra eLeiria que resultavam da sua proximidade desta recém-conquistada cidade.[35]

Batalha de Sacavém (1147)

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Ver artigo principal:Batalha de Sacavém
Representação da batalha de Sacavém, na ponte romana da vila

Após a conquista de Santarém, Afonso Henriques preparou-se para tomarLisboa e assim consolidar definitivamente a linha doTejo.

Entretanto, espalhava-se pelaEstremadura a notícia de que oscristãoscercavam Lisboa, tornando-se imperativo ajudar à defender a todo o custo o derradeiro reduto muçulmano a norte do Tejo. Assim, nas proximidades deSacavém, a norte deste rio, cerca de cinco milmuçulmanos oriundos não só da Estremadura (Alenquer, Lisboa e Sacavém), como também deÓbidos,Torres Vedras,Tomar eTorres Novas, sob o comando douáli (alcaide muçulmano) de Sacavém,Bezai Zaide, todos prontos a dar luta e a desbaratar as forças de Afonso Henriques.

Afonso Henriques dispunha apenas de uma força de mil e quinhentos guerreiros, e foi nessas condições que se iniciou a batalha, na margem do rio de Sacavém, entre os actuaismontes de Sintra edo Convento, junto à velhaponte romana, fortemente defendida pelos mouros.

Não obstante a significativa diferença numérica entre ambos os contendores, acabaram por vencer os cristãos; muito embora a maior parte destes últimos tenha perecido, conseguiram ainda assim matar três mil muçulmanos a fio de espada, tendo os restantes mouros afogado-se no rio ou sido feito prisioneiros.

Cerco de Lisboa (1147)

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Ver artigos principais:Cerco de Lisboa (1147) eDe expugnatione Lyxbonensi

Após a queda deEdessa, em 1144, opapa Eugénio III convocou uma nova cruzada para 1145 e 1146, conhecida comoSegunda Cruzada. O papa ainda autorizou a cruzada na Península Ibérica, autorizandoMarselha,Pisa,Génova e outras grandes cidades mediterrânicas a participar na guerra daReconquista.

A 19 de maio os primeiros contingentes de cruzados zarparam deDartmouth (Inglaterra) constituídos porflamengos,normandos,ingleses,escoceses e alguns cruzadosgermanos,[36][37][38] perfazendo cerca 164 navios (valor provavelmente aumentado progressivamente até à chegada a Portugal). A frota, dirigida por Arnold III de Aerschot, Christian de Ghistelles, Henry Glanville (condestável deSuffolk), Simon de Dover, Andrew de Londres, e Saher de Archelle, chegou aoPorto a 16 de junho.

Ora como tivéssemos chegado ao Porto, o bispo com seus clérigos veio ao nosso encontro. O rei achava-se então ausente com o seu exército, lutando contra os mouros. Feitas a todos as saudações conforme o costume da sua gente, disse-nos o bispo que já sabia que nós havíamos de chegar, e na véspera recebera do rei uma carta, em que se dizia isto:

«Afonso, rei de Portugal, a Pedro, bispo do Porto, saúde. Se porventura arribarem aí os navios dos Francos, recebei-os diligentemente com toda a benignidade e doçura e, conforme o pacto que com eles fizerdes de ficarem comigo, vós e quantos o quiserem fazer, como garantia da combinação feita, vinde em sua companhia a ter comigo, junto de Lisboa. Adeus !»

Carta do cruzado inglêsOsberno (século XII)

Representação do Cerco de Lisboa, porAlfredo Roque Gameiro (1917)

Afonso terminara a conquista deSantarém (1147), e, inteirando-se da disponibilidade dos Cruzados, convocou as suas forças para o Sul, sobre Lisboa. Ainda em junho, a frota cruzada e o exército português encontraram-se na cidade. Os violentos combates impuseram o cerco cristão à cidade, cujos muros bem defendidos dificultaram o processo.

No início de outubro, o muro foi finalmente aberto, uma brecha pela qual entraram os sitiantes. Os muçulmanos, enfraquecidos pelas escaramuças, pela fome e pelas doenças, capitularam a20 de outubro. Os cruzados saquearam de imediato a cidade, mas Afonso e os seus homens só entraram no dia seguinte, impondo a sua autoridade cristã, que se revelaria definitiva a partir de então.

Alguns dos cruzados continuaram a jornada para aTerra Santa. Contudo, a maioria estabeleceu-se na recém-capturada Lisboa, aumentando o número de cristãos na cidade.Gilberto de Hastings foi mesmo eleitoBispo de Lisboa, marcando o início de umarelação Inglaterra-Portugal que se faria oficial séculos mais tarde, por meio doTratado de Windsor.

As cruzadas como veículo da política militar portuguesa

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A criação de um território politicamente autónomo não dependeu apenas do monarca e da mera conquista de terra a sul de Coimbra. Outros agentes, como as circunstâncias que a Europa então vivia, pareciam também apoiá-lo nesta sua empresa: vivia-se a época dasCruzadas.

Aliás, três importantes marcos da reconquista do território português coincidiram com etapas deste movimento da cristandade latina do Ocidente sobre o Médio Oriente, sendo que a conquista de Lisboa (1147, por Afonso Henriques) coincidiu com aSegunda Cruzada, que veio em auxílio do Rei de Portugal; a primeira conquista deSilves (1189, porSancho I) teve a participação daTerceira Cruzada; e em 1217, a conquista deAlcácer do Sal (1217, porAfonso II), deu-se no contexto daQuinta Cruzada.[6]

A Ordem Templária

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Cruz templária
Ver também :Ordem dos Templários

A Ordem do Templo chegara aoCondado Portucalense ainda no governo deTeresa de Leão, mãe de Afonso Henriques e condessa-rainha de Portugal, que lhes fizera, antes de 1126, a doação da vila deFonte Arcada, atual concelho dePenafiel. Teresa patrocinara ainda a instalação da ordem em Portugal pela importante doação, em 1127, doCastelo de Soure, na linha dorio Mondego, sob o compromisso de colaborar na conquista de terras aos Muçulmanos.

Castelo de Tomar, sede da ordem a partir de 1160

No reinado de Afonso Henriques, a ordem, cujo propósito original era, desde a sua criação emJerusalém (1118), proteger oscristãos que faziamperegrinação àquela cidade, ganhou uma nova e não menos importante funçãoː tornaram-se importantes agentes auxiliadores na empresa conquistadora do monarca. Nesta condição, e após a doação doCastelo de Longroiva (1145), na linha dorio Côa, a ordem apoiou Afonso na conquista deSantarém (1147) ficando sob a sua responsabilidade a defesa do território entre os rios Mondego eTejo. Os Templários espalharam-se depois pela região a sul deCoimbra, Santarém eVale do Zêzere, assim como por toda aBeira Baixa, com especial concentração nessa fronteira com oReino de Leão.[6] A partir de 1160, a ordem estabeleceu a sua sede no país emTomar.

Para além de apoio militar, a ordem tinha também a função de defender os territórios conquistados aos mouros. De facto, o contributo da Ordem do Templo este esforço de defesa militar levou, sobretudo depois de 1160, à construção de vários fortes e castelos (muitos deles ainda de pé atualmente), com a direção do célebre MestreGualdim Pais.[6]

Em 1169, na sequência do desastre de Badajoz, Afonso Henriques doou à ordem cerca de um terço das conquistas que viessem a fazer noAlentejo, mas a presença templária nessa região ter-se-á limitado à zona deNisa eAlpalhão.[6]

Política administrativa interna

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Carta de aforamento pelo Rei Afonso Henriques, Sancho e Teresa aos homens de Bouças, de uma herdade emjure hereditário para que plantem vinha com o foro de nos primeiros cinco anos não pagarem tributos, findos os quais deverão pagar a sexta parte do vinho das suas vinhas ao Rei e seus filhos

Em 1158, Afonso Henriques doou a Herdade da Atouguia, com ocastelo de Atouguia a Guilherme De Corni, um chefe cruzado que o auxiliara na conquista de Lisboa, a troco de promover o povoamento daquelas terras, que fez com recurso a gente vinda de França.[39][40][41]

Afonso parece ter começado a participar mais na administração do reino a partir doCerco de Badajoz (1169), quando se viu fisicamente incapaz de continuar a combater. Auxiliando a sua filha Teresa (a sua predileta) a regente que ficara encarregada da administração do reino, Afonso dedicou-se assim à fixação da população, à promoção do municipalismo e à entrega de cartas deforal. Contaram ainda com a ajuda daordem religiosa doscistercienses para o desenvolvimento daeconomia, predominantementeagrária.

Relação com judeus

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O reinado de Afonso Henriques ficou marcado pela tolerância para com osjudeus. Estes estavam organizados num sistema próprio, representados politicamente pelo grão-rabino nomeado pelo rei. Um destes grão-rabinos,Yahia Ben Yahia foi escolhido pelo monarca para a tarefa de recolher impostos no reino. Com esta escolha teve início uma tradição de escolher judeus para a área financeira e de manter um bom entendimento com as comunidades judaicas, que foi seguida pelos seus sucessores.

Política externa, 1146-1169

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Dos mais antigos sinais rodados de Afonso Henriques, de 1153.

Aliança com Sabóia, 1146-1157

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Alguns historiadores sugerem que o casamento de Afonso Henriques estaria relacionado com o plano delineado pelopapa Eugénio III, antigo monge cisterciense, e pelo seu mentor e abade,Bernardo de Claraval, de lançar a Segunda Cruzada como reacção à tomada deEdessa, naSíria (1144). Repare-se queMafalda de Saboia, era aparentada com grandes agentes desta cruzadaː para além de filha do condeAmadeu III de Saboia, um dos barões mais empenhados nessa cruzada, era também sobrinha deLuís VII de França. Mesmo que assim não fosse, a proximidade de Sabóia à Borgonha, ducado de origem do pai de Afonso Henriques, poderia ter exercido uma influência adicional na opção do rei.[6]

A divisão da Hispâniaː os reinos de Leão e Castela, 1157

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Até 1157, os reinos de Leão e Castela estiveram unidos sob o ceptro deAfonso VII, primo de Afonso Henriques, que retomou inclusivamente o título do avô,Imperador da Hispânia, com a ambição de poder controlar toda aPenínsula ibérica. Contudo, a morte do Imperador neste ano de 1157 viria a alterar uma vez mais a política peninsular e as circunstâncias. Os reinos foram divididos pelos dois filhos mais velhos de Afonso VIIː oinfante Sancho reinaria sobre oReino de Castela, e oReino de Leão ficaria sob a alçada doinfante Fernando.

A problemática leonesa, 1158-1169

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Representação de Fernando II de Leão

Fernando II de Leão viria a ser uma das problemáticas mais constantes ao longo do último período de reinado de Afonso Henriques. A desavença entre estes reis vizinhos começou em 1158. A 23 de Maio de 1158, Sancho III de Castela e Fernando II de Leão concordaram dividir Portugal entre eles e reclamar direitos exclusivos à conquista de território aos mouros, mediante oConvénio de Sahagún.[42]

Guerra com Leão, 1158-1160

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Ver também:Guerra Luso-Leonesa (1158-1160)
Ocastelo de Alcácer do Sal.

Em Maio de 1158, Afonso Henriques sitiou Alcácer do Sal, que já tentara pessoalmente conquistar em 1151, 1154 e 1157, e ao fim de um cerco de 60 dias a cidade cai a 24 de Julho.[43][44] Com a queda de Alcácer do Sal, cai também em mãos dos portugueses a "vila do mouro Cacém", hojeSantiago do Cacém.[45][46]

Conquistada Alcácer do Sal, o rei decidiu reatar as hostilidades contra Leão, no preciso momento em que Fernando II se encontrava ocupado com Castela e estalou uma revolta emZamora.[42] Em Setembro de 1158 transpôs a fronteira galega e ocupou Toronho.[42] Houve combates até Novembro mas a guerra não durou muito, pois naquele mês o rei de Leão encontrou-se com Afonso Henriques em Cabrera, em Leão, e assinaram umas tréguas.[42] Voltaram a encontrar-se em 1159 em Santa Maria del Palo e as tréguas foram renovadas.[42] Em finais de 1160 foi assinada a paz, com a restituição de Toronho.[42]

Aliança com Aragão, 1160-1162

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A 30 de Janeiro de 1160, enquanto ainda duravam as hostilidades com Leão, Afonso reuniu-se em Santa María del Palo, perto deTui com oconde de Barcelona,Raimundo Berengário IV, para a negociação do casamento da filha de Afonso,a infanta Mafalda com o futuro reiAfonso II de Aragão, que rondaria, naquela altura os quatro anos de idade.[47]

A Primeira Invasão Almóada, 1161-1162

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Ver também:Batalha de Alcácer do Sal (1161)

O califa almóadaAbd al-Mumin veio à península em 1160 e, informado das conquistas de D. Afonso Henriques a sul do Tejo, enviou para o ocidente peninsular um destacamento comandado por Abu Mohammed Abdallah Ben Hafs ou Benafece.[48][49][50]

Afonso Henriques confrontou os almóadas nos arredores de Alcácer do Sal mas os portugueses foram derrotados em batalha e perdidas todas as conquistas a sul do Tejo, menos Alcácer do Sal.[48][51] O Califa regressou ao norte de África com as suas tropas e Beja foi novamente conquistada num ataque nocturno a 30 de Novembro de 1162, em pleno inverno, porcavaleiros-vilãos de Santarém comandados por Fernando Gonçalves.[52][53]

Guerra com Leão, 1162-1165

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Diversos sinais de Afonso Henriques.
Ver também:Guerra Luso-Leonesa (1162-1165)

Afonso Henriques fora o responsável pelo povoamento da região deRibacoa, e onde parece ter investido bastante no sentido de ali evitar influências leonesas que poderiam derivar da situação fronteiriça em que se encontrava. Pois, nesse mesmo ano de 1161, Fernando fundaCidade Rodrigo, com o auxílio de alguns aristocratas portugueses que naquele momento se encontravam na corte leonesa.[6] O burgo, estando perto da referida fronteira, fez perigar o trabalho de Afonso na região. Além disso, na perspetiva de Afonso Henriques, Fernando parecia estar a fortificar a cidade para o atacar.

Depois da morte do conde de Barcelona, no verão de 1162,Fernando II de Leão convenceu a viúva, a rainhaPetronila de Aragão, a cancelar o compromisso com Mafalda e acordou-se, no seu lugar, o casamento com a infantaSancha, meia-irmã de Fernando, filha do segundo casamento de Afonso VII de Leão.[54] O falecimento de Mafalda, nesse mesmo ano, veio gorar a esperança de uma renovação do acordo de 1160.[55]

Fundada Cidade Rodrigo e desfeito o acordo com Aragão, estala nova guerra com Leão. Afonso Henriques ocupa a região de Limia, na Galiza. Em Leão, rebenta uma revolta em Salamanca de cavaleiros também descontentes com a fundação de Cidade Rodrigo e os revoltosos pedem auxílio ao rei português, que ocupa a cidade em Janeiro de 1163. Em princípios de 1163, Afonso Henriques praticou actos de soberania emSalamanca, com o apoio de cavaleiros prejudicados por Fernando II e descontentes com a fundação de Cidade Rodrigo.[6] Fernando II porém, obriga os portugueses a retirarem-se de Leão após a Batalha dos Campos de Arganara. No ano seguinte a fronteira transmontana é reforçada e em 1665 a Galiza é invadida atéPontevedra.

Depois disto, o rei Fernando II pediu a paz a Afonso Henriques, que a aceita em troca das províncias de Toronho e Limia. No entretanto, Fernando pareceu querer algum tipo de paz com o sogro, dado que, em maio ou junho de 1165, desposa uma das filhas do rei português,Urraca, de quem viria a ter um único filho,o infante Afonso.

Conquistas no Alentejo, 1165-1167

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Ver também:Batalha de Palmela

Enquanto durava a paz com Leão, a norte, o rei desviou as suas atenções para a conquista de território aos mouros, a sul. Em 1165 conquistouSesimbra e depois derrotou o governador almóada de Badajoz em batalha, perto de Palmela.Palmela, entretanto reocupada pelos mouros, rendeu-se-lhe a seguir.

A cruz daOrdem de Calatrava, mais tarde conhecida em Portugal comoOrdem de Aviz.

Ainda em 1165 entra em actividadeGeraldo Sem Pavor, que tomou Évora pela noite, cidade depois oferecida a D. Afonso Henriques, que o nomeia alcaide da mesma. No ano seguinte tomouTrujilho,Cáceres,Montánchez,Alconchel,Serpa eJuromenha. Esta última torna-se a sua base de ataque à cidade de Badajoz.[56][57] No mesmo ano, estabeleceram-se em Évora uma nova Ordem de freires cavaleiros mas, por não ser autorizada pelo Papa foi integrada naOrdem de Calatrava, que assim entrava em Portugal.[58] O rei também conquistouOdemira em 1166 por via de um ataque anfíbio.[59]

Em 1167 ocastelo de Noudar foi tomado porGonçalo Mendes da Maia,o Lidador.[60]

Guerra com Leão, 1167-1169

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Ver também :Cerco de Badajoz eGuerra Luso-Leonesa (1167-1169)

A aliança não refreou as tensões entre os dois reinos e em 1167 estalou nova guerra com Leão. Entre 1167 e 1168, o monarca lançou várias incursões naGaliza, tomandoTui e vários outroscastelos. Nesse sentido enviou um exército comandado pelo seu filho, o infanteSancho, contra Cidade Rodrigo. O rei leonês foi em auxílio da cidade ameaçada e derrotou as tropas portuguesas, fazendo um grande número de prisioneiros. Em 1169 atacouCáceres, e por fim voltou-se contraBadajoz, então na posse dossarracenos, mas que pertenceria aLeão, conforme o acordado noTratado de Sahagún assinado entre aquele reino eCastela.

Monumento a Afonso Henriques em Guimarães, de 1887. Por Soares dos Reis.

Quando os muçulmanos estavam já cercados naalcáçova, o rei Fernando apresentou-se com o seu exército e atacou Afonso nas ruas da cidade. Percebendo a impossibilidade de manter a luta, Afonso terá tentado fugir acavalo, mas ao passar pelas portas ter-se-à ferido nacoxa contra um dos ferros que a guarneciam. Fernando fez o seu sogro prisioneiro durante dois meses, mas não hesitou em tratá-lo com a nobreza e generosidade merecidas, chamando os seus melhores médicos para o tratar.[6]

Esta campanha teve como resultado umtratado de paz entre ambos os reinos, assinado emPontevedra, em virtude do qual Afonso foi libertado, com a única condição de devolver a Fernando não só as cidades estremenhas (daEstremadura espanhola) tais comoCáceres,Badajoz,Trujillo,Santa Cruz ,Monfragüe eMontánchez, que havia conquistado a Leão, mas também as terras de Toronho e Límia, que havia conquistado anos antes.[6] Estabeleciam-se assim asfronteiras dePortugal comLeão e aGaliza. E mais tarde, quando os muçulmanos sitiaramSantarém, o leonês auxiliou imediatamente o rei português.

Período finalː a regência dos filhos, 1169-1185

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Após oCerco de Badajoz de 1169, na qual Afonso teria ficado gravemente afetado em resultado de uma ferida numa perna[4] é instaurado um conselho de regência para governar em nome do rei incapacitado. A regência ficou a cargo dos filhos do rei que ainda se encontravam, àquela data, no reino: os infantesSancho eTeresa de Portugal. Também surge com bastante frequência na documentação desta altura, com eles, um bastardo, que adquiria aqui um estatuto equivalente ao de infante legítimo:Fernando Afonso. Apesar de ser Sancho a cabeça da regência, várias confirmações deste ainda em vida de Afonso Henriques denunciam a presença forte deste bastardo e o desejo, por parte da nobreza de corte, de inutilizar Fernando e consolidar a regência de Sancho.[61]

Cruz da Ordem de Santiago.

A Ordem de Santiago estabeleceu-se em Portugal em 1172 a convite do rei, que lhes ofereceu ocastelo de Monsanto e, no ano seguinte, ocastelo de Abrantes.[62]

Em Setembro de 1172 Fernando passa a servir o regente, segundo uma doação aMonsanto nessa data, na qual Afonso I sugere pela primeira vez uma sucessão por via feminina em Teresa.[63] A partir de 1173, Afonso Henriques parece concretizar em parte esta possibilidade ao entregar a regência conjunta do reino a Sancho e Teresa, declarando-os co-herdeiros e com casa própria.[64]

Afonso Henriques dedicar-se-ia a auxiliar os seus filhos, provavelmente até mais Teresa, no ramo da administração territorial. Contudo, e apesar de a sua carreira militar ter terminado, o prestígio e a autoridade que atingira mantiveram-se incólumes.

A partir de 1174, Afonso afasta-se definitivamente dos assuntos do reino, muito provavelmente por doença, sobressaindo ainda mais a partir desta altura o papel dos co-regentes. Teresa e Sancho partilhavam o governoː Teresa desempenhava funções administrativas e Sancho encarregava-se da actividade bélica. A co-regência manter-se-ia até 1184, quando emissários flamengos deFilipe, Conde da Flandres, vieram obter de Sancho consentimento para o casamento de Teresa com aquele. Antes de partir, Teresa terá feito acordo com Sancho para o deixar como único sucessor.

O testamento, 1179

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Em Fevereiro de 1179, já com 70 anos e ainda lúcido, Afonso Henriques escreveu o seu testamento, embora exista outra versão não muito diferente e provavelmente posterior.[65] Atribuía verbas para a construção de uma ponte sobre o Douro, à Ordem do Hospital e, sobretudo, à Ordem de Évora, encarregue do lugar mais avançado da fronteira e mais exposta a ataques inimigos; aoMosteiro de Santa Cruz, a todas as catedrais do país para ajuda nas obras, ao Mosteiro de Alcobaça e aos pobres de todas as dioceses mas sobretudo às cidades fronteiriças deSantarém, Lisboa,Coruche,Abrantes,Tomar,Torres Novas,Ourém,Leiria ePombal.[65] Destina dinheiro para hospícios de doentes, peregrinos e viajantes.[65] Não atribui verbas aos templários nem à Ordem de Santiago, cujos rendimentos eram já enormes.[65]

Invasão Almóada, 1184

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Ver artigo principal:Cerco de Santarém (1184)
Selo de Afonso Henriques, 1180.

Desta forma, foram os filhos de Afonso que assistiram a importantes eventos que ocorreram no período final do reinado daquele monarcaː o reconhecimento papal através da célebre bulaManifestis Probatum (1179) e provavelmente ainda se mantinha a co-regência dos irmãos (ou em alternativa já regia o infante Sancho sozinho) aquando da expulsão de um forte exércitoalmóada que, chefiado pelo própriocalifaAbu Iacube Iúçufe I(r. 1163–1184), chegara atéSantarém (1184).

Fernando II de Leão, que até há pouco tempo se aliara a estes contra o próprio sogro, veio desta feita em auxílio do cunhado, e também de Afonso Henriques, dado que o monarca parece ter também participado na Batalha,[66] provavelmente o seu verdadeiro último ato militar. Contudo, um mal entendido nas ordens dadas pelo califa parece ter causado desordem no acampamento almóada, e o califa, numa tentativa de evitar o pior, acabou por ser ferido com uma seta debesta[67] e morreu a 29 de julho de 1184,[68] sendo provavelmente uma das principais causas da retirada dos almóadas, derrotados por esta frente portuguesa-leonesa.

Morte e legado

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Túmulo de Afonso Henriques noMosteiro de Santa Cruz emCoimbra

Afonso faleceu a 6 de dezembro de 1185, na sua residência, emCoimbra. Tinha 76 anos, e a causa da morte ainda não é atualmente consensual, podendo estar associada por problemas do coração,senilidade,aterosclerose oucirrose.[69] O seutúmulo encontra-se noMosteiro de Santa Cruz, emCoimbra, em frente ao que viria a ser o túmulo do seu filhoSancho.

Foi inicialmente sepultado num túmulo simples mas que ostentava um erudito epitáfio em latim:

Aqui jaz um outro Alexandre, ou outro Júlio César,

Guerreiro invencível, honra brilhante do orbe.

Douto na arte de governar, alcançou tempos seguros,

Alternando a sucessão da paz e das armas.

Quanto a religião de Cristo deve a este homem

Provam-no os reinos conquistados para o culto da fé.

Alimentado pela doçura da mesma fé, cumulou

Além das honras do reino, riquezas para os pobres infelizes.

Que foi defensor da Cruz e protegido pela Cruz

Assinala-o a Cruz, formada de escudos, no seu próprio escudo.

Ó fama imortal, ainda que reserves para ti tempos longos,

Ninguém pode proclamar palavras dignas de teus méritos.[70]

Nos Livros de Linhagens

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Afonso Henriques alimentou uma boa relação com a sua aristocracia, sobretudo com os membros das principais cinco linhagens portuguesas,[55] mas não é isso que parecem contar osLivros de Linhagens. Provavelmente como reação nobiliárquica àsInquirições Gerais de 1258, o comportamento do monarca para com a sua nobreza terá sido adulterado a ponto de parecer fraco e cobarde, nas situações descritas.

O episódio da traição

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Segundo osLivros de Linhagens, mais precisamente oLivro Velho de Linhagens, o rei visitou Gonçalo na sua quintã em Unhão, não longe de Guimarães, e, enquanto este se ocupava de receber o rei, estefoi à sua esposa, Sancha, tendo-os surpreendido Gonçalo; resolvido a castigar a esposa, tê-la-átosquiado,pôs-lhe uma pele do avesso e pô-la em cima de um sendeiro de albarda, o rosto contra o rabo do sendeiro e um homem com ela e não mais e enviou-a para a sua terra. O rei, ofendido, terá dito quepor menos de aquilo, cegara em Atei sete condes um adiantado de seu avô, retorquindo-lhe Gonçalo que nesse tempo o adiantadoos cegara à traição e, apesar disto, morrera.[55]

A história de uma traição do rei face ao nobre não é nova na tradição literária, e os Sousas, sobretudo, carregavam consigo uma memória especialmente desprestigiante face ao poder régio.Egas Gomes de Sousa (confundido comEchega Guiçoi, que não fora sequer contemporâneo do avô de Afonso Henriques,Afonso VI de Leão), fora cego, juntamente com outros seis condes por um outro conde, Mem Soares, a mando deAfonso VI de Leão, no paço de Novelas, pertença dos Sousas. A ideia de que o rei trai o nobre na casa deste repete-se, assim, nas pessoas de Gonçalo e Afonso Henriques. O primeiro é vítima do segundo, que trai a sua confiança e ainda ameaça com o mesmo destino do avô daquele. Apesar de tudo não há provas documentais que comprovem a existência deste episódio.

O episódio danata

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Os Livros de Linhagens contam também que, a dada altura, comiam com o reiː Gonçalo,Sancho Nunes de Celanova eFernão Mendes II de Bragança, quando pela barba deste escorria a nata que sorvia, do que todos se riram, deixando o Braganção furibundo ao ponto de se afastar de todos. Afonso, para conseguir o perdão pela honra manchada, teve detirar o marido à irmã, e dá-la a ele. De facto a infantaSancha Henriques foi casada comSancho Nunes de Celanova e também comFernão Mendes II de Bragança. O monarca teve ainda de doar a Fernão Mendes alguns bens do Sousão. Na verdade, talvez Gonçalo exercesse domínio em zonas onde o Braganção também exercia: na doação, pelo rei de Portugal, deSão Pedro de Agostém (Chaves) aoArcebispo de Braga, dá o consentimento Fernão Mendes, apesar de aí ter fronteira de propriedade com Gonçalo de Sousa. No primeiro dia de 1152, Afonso I dá carta de foral aos povoadores deFreixo de Numão, e, segundo a própria carta, dá foralpor conselho de Fernão Mendes e ajuda de Gonçalo de Sousa.

Títulos, estilos e honrarias

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Afonso Henriques representado emGenealogia dos Reis de Portugal (1530-1534)
Ver artigo principal:Lista de títulos e honrarias da Coroa Portuguesa

Títulos e estilos

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O estilo oficial de Afonso Henriques enquanto Rei de Portugal:

Pela Graça de Deus, Afonso I, Rei dos Portugueses
(emlatim:Dei Gratiae, Rex Portugalensium)

Genealogia

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Ascendência

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Ancestrais de Afonso Henriques
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16.Roberto II de França
 
 
 
 
 
 
 
8.Roberto I, Duque da Borgonha
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17.Constança de Arles
 
 
 
 
 
 
 
4.Henrique de Borgonha
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18.Damas, Senhor de Semur
 
 
 
 
 
 
 
9.Hélia de Semur
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19. Aremburga da Borgonha
 
 
 
 
 
 
 
2.Henrique de Borgonha, conde de Portucale
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10.Berengário Raimundo
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5.Sibila da Borgonha
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11. Gisela de Lluçá
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.Afonso I de Portugal
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24.Sancho III de Navarra
 
 
 
 
 
 
 
12.Fernando I de Leão
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25.Munia Mayor de Castela
 
 
 
 
 
 
 
6.Afonso VI de Leão
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26.Afonso V de Leão
 
 
 
 
 
 
 
13.Sancha I de Leão
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27.Elvira Mendes
 
 
 
 
 
 
 
3.Teresa de Leão
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14. possivelmente:Munio Moniz
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7.Ximena Moniz
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15. possivelmente:Muniadona Moniz
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Descendência

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Realeza Portuguesa
Casa de Borgonha
Descendência
  • Antes de seu matrimónio com Mafalda, teve comChâmoa Gomes de Pombeiro, filha do conde D.Gomes Nunes de Pombeiro e de Elvira Peres de Trava, irmã de D.Fernão e D.Bermudo Peres de Trava, a seguinte descendência:[83][84][85]
    • Frei Afonso de Portugal (1135 ou c. 1140[86]-1207). De acordo com pesquisas recentes, é o mesmo que também aparece chamado Fernando Afonso de Portugal, que foiAlferes-Mor de el-Rei e12.º Grão-Mestre da Ordem dos Hospitalários. Sua presença regista-se pela primeira vez em 1159, e em 1169 sucedeu no cargo de Alferes-Mor a seu meio-irmão, D.Pedro Pais da Maia, filho do casamento legítimo de sua mãe com D.Paio Soares da Maia.[86][87]Manuel de Abranches de Soveral considera Afonso, grão-mestre do Hospital, e Fernando Afonso, alferes-mor do Reino, como dois filhos diferentes, acrescentando-lhes ainda um D. Frei Pedro Afonso de Portugal (c. 1130 - 1169), mestre daOrdem dos Templários em Portugal.
    • Teresa Afonso de Portugal (ca. 1134-?) em algumas genealogias aparece como filha de Elvira Guálter[88] e em outras como filha de Châmoa Gomes de Pombeiro. O conde D. Pedro diz que D. Afonso Henriques teve esta filha D. Tereza Afonso em D. Elvira Guálter e que, portanto, era irmã inteira de D. Urraca Afonso de Portugal, casada com D. Pedro Afonso de Lumiares. Mas esta D. Urraca é bem mais tardia, ainda se documentando casada em janeiro de 1216. D. Tereza Afonso foi certamente a primeira das filhas naturais de D. Afonso Henriques e seria irmã inteira de D. Afonso, nascido em 1135, que foi grão-mestre da Ordem de São João de Jerusalém (1202-6). Foi a segunda mulher de D.Sancho Nunes de Celanova.

Ver também

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Notas

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  1. ACrónica dos Godos dá a data de 1113 para o seu nascimento e de 1125 para a sua investidura como cavaleiro
  2. Conforme autores como o medievalistaJosé Mattoso, autor de múltiplos estudos sobre esta época que conhece profundamente, eDiogo Freitas do Amaral, autor deD. Afonso Henriques - Biografia[9]
  3. A ideia é sustentada por pequenos trechos de crónicas medievais, nomeadamente a partir da de 1419, onde se refere que quando Egas Moniz viu que D. Teresa estava grávida, pediu ao conde D. Henrique para ser ele a criá-lo e que assim foi, apesar de o infante ter nascido "tolheito" (aleijado). A mais conhecida destas, porém, é aCrónica de El-Rei D. Afonso Henriques composta porDuarte Galvão em 1505.[9]
  4. Existe um documento claramente forjado que insinuava que a independência teria sido confirmaa nas míticascortes de Lamego, quando recebeu a coroa de Portugal do arcebispo deBraga, D. João Peculiar, se bem que estudos recentes indiquem que nunca tena existido a reunião destascortes.
  5. Uma inscrição de 1138 na capela de Santa Luzia deCampos, perto deVila Nova de Cerveira não só lhe dá o tratamento de rei como refere que já reinava, pondo em causa a proclamação que se seguiu à Batalha de Ourique.[6]

Referências

  1. Barroca, Mário Jorge (agosto de 2017).«No tempo de D. Afonso Henriques»(PDF). Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. p. 237. Consultado em 11 de setembro de 2020 
  2. «″Está claramente demonstrado.″ Portugal independente faz hoje 840 anos - DN».www.dn.pt. Consultado em 11 de setembro de 2020 
  3. Baquero Moreno 2006, p. 136.
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Bibliografia

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Ligações externas

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Afonso I de Portugal
Casa de Borgonha
Ramo daCasa de Capeto
1106, 1109 ou 1111 – 6 de dezembro de 1185
Precedido por
Teresa

Conde de Portucale
24 de junho de 1128 – 25 de julho de 1139
Independência
Reino de Portugal
Independência
Condado Portucalense

Rei dos Portugueses
26 de julho de 1139 – 6 de dezembro de 1185
(após 1169 sob regência dos filhos,Sancho eTeresa, por motivos de saúde)
Sucedido por
Sancho I
Casa de Borgonha
(1139–1385)
D. Afonso I (1139 - 1185)  • D. Sancho I (1185 - 1211)  • D. Afonso II (1211 - 1223)  • D. Sancho II (1223 - 1247)  • D. Afonso III (1247 - 1279)  • D. Dinis I (1279 - 1325)  • D. Afonso IV (1325 - 1357)  • D. Pedro I (1357 - 1367)  • D. Fernando I (1367 - 1383)
Casa de Avis
(1385–1580)
D. João I (1385 - 1433)  • D. Duarte I (1433 - 1438)  • D. Afonso V (1438 - 1481)  • D. João II (1481 - 1495)  • D. Manuel I (1495 - 1525)  • D. João III (1525 - 1557)  • D. Sebastião I (1557 - 1578)  • D. Henrique I (1578 - 1580)  • D. António I (1580)
Casa de Habsburgo
(1581–1640)
D. Filipe I (1581 - 1598)  • D. Filipe II (1598 - 1621)  • D. Filipe III (1621 - 1640)
Casa de Bragança
(1640–1910)
D. João IV (1640-1656)  • D. Afonso VI (1656 - 1683)  • D. Pedro II (1683 - 1706)  • D. João V (1706 - 1750)  • D. José I (1750 - 1777)  • D. Maria I (1777 - 1816) eD. Pedro III (1777 - 1786)  • D. João VI (1816 - 1826)  • D. Pedro IV (1826)  • D. Maria II (1826 - 1828 / 1834 - 1853) eD. Fernando II (1836 - 1853)  • D. Miguel I (1828 - 1834)  • D. Pedro V (1853 - 1861)  • D. Luís I (1861 - 1889)  • D. Carlos I (1889 - 1908)  • D. Manuel II (1908 - 1910)
Linha agnática doConde D. Henrique aD. João VI
Brasão de armas do Reino de Portugal em 1247
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