Ocoqueiro (Cocos nucifera), é um membro da famíliaArecaceae (família daspalmeiras). É a única espécie classificada nogêneroCocos.
É uma planta que pode crescer até 30 metros de altura, comfolhas pinadas de 4–6 m de comprimento, com pinas de 60–90 cm. As folhas caem completamente, deixando otronco liso.
O coqueiro tem origem naÁsia.[1][2] A planta foi introduzida no Brasil pelos portugueses, através deespécies introduzidas deCabo Verde, disseminando-se por muitas regiões, principalmente pelo litoral nordestino.[1]
Os cocos espalharam-se através dos trópicos, em particular ao longo da linha costeiratropical.
Como o seufruto é pouco denso e flutua, a planta é espalhada prontamente pelascorrentes marinhas que podem carregar os cocos a distâncias significativas. A palmeira do coco prospera em solos arenosos e salinos nas áreas com luz solar abundante e pancadas de chuva regulares (75–100 cm anualmente).
Já foram encontrados cocos transportados pelo mar tão ao norte como naNoruega em estado viável, que germinaram subsequentemente em circunstâncias apropriadas. Entretanto, nas ilhas doHavaí, o coco é considerado como introdução, trazida primeiramente às ilhas há muito tempo por viajantespolinésios de sua terra natal no Sul doPacífico.
O termococo foi atribuído pelos portugueses no território asiático deMalabar, durante a viagem deVasco da Gama à Índia (1497-1498), a partir da associação da aparência do fruto, visto da extremidade, em que o endocarpo e os poros de germinação assemelham-se à face de umacoca (masculino,coco), monstro imaginário com que se assustam as crianças (o mesmo que papão; ogro), conforme conta o historiadorJoão de Barros no seu livroDécadas da Ásia (1563)
"[...]por razão da qual figura, sem ser figura, os nossos lhe chamaram coco, nome imposto pelas mulheres a qualquer coisa, com que querem fazer medo às crianças, o qual nome assim lhe ficou, que ninguém lhe sabe outro, [...]".[4]
Em 2017, aRegião Nordeste foi a maior produtora de coco do país, com 74,0% da produção nacional. ABahia produziu 351 milhões de frutos, oSergipe, 234 milhões, e oCeará 187 milhões. Porém, o setor vem sofrendo forte concorrência e perdendo mercado paraIndonésia,Filipinas eÍndia, os maiores produtores mundiais, que chegam a exportar água de coco para o Brasil. Além dos problemas climáticos, a baixa produtividade dos coqueiros na Região Nordeste é o resultado de fatores relacionados à variedade de coco explorada e ao nível tecnológico empregado nas regiões litorâneas. Nessas áreas, ainda predomina o sistema de cultivo semiextrativista, com baixa fertilidade e sem adoção de práticas de manejo cultural. Os três estados que possuem as maiores produções, Bahia, Sergipe e Ceará, apresentam rendimento três vezes menor que o dePernambuco, que está em 5º na produção nacional. Isso porque grande parte dos coqueirais desses três estados estão localizados em zonas litorâneas e cultivados em sistemas semiextrativistas. Em 2019, oPará era o 3° maior produtor do país, com 191,8 milhões de frutos, perdendo apenas para a Bahia e o Ceará.[6]
Todas as partes do coco, salvo talvez asraízes, são úteis e as árvores têm comparativamente um alto rendimento (até 75 cocos por ano); ele então possui significativo valor econômico. De fato emSânscrito o nome para o coqueiro ékalpa vriksha, o qual se traduz como "a árvore que fornece todas as necessidades da vida". Os usos das várias peças da palma incluem:
O branco, parte gorda dasemente, é comestível (fresco) e usado (seco e dissecado) emculinária;
A cavidade é cheia de "água de coco", líquido que contém osaçúcares que são usados como uma bebida refrescante, e na composição da sobremesa gelatinosanata de coco;
Os botões da ponta de plantas adultas são comestíveis e são conhecidos como "cabaço de coco" (embora a colheita desta mate a árvore);
O interior da ponta crescente é chamadocoração-da-palma ou "palmito" e comido em saladas, chamadas às vezes "salada do milionário" (isto também mata a árvore);
As folhas fornecem materiais para cestas e palha de telhado;
A casca e afibra de coco podem ser usados para combustível e são uma fonte boa do carvão de lenha;
Servem ainda emartesanato no fabrico de joias, utensílios domésticos, objetos decorativos entre outros;
Nos teatros, usavam-se metades de casca de coco que, batidas, davam o som decascos decavalo;
A fibra pode ainda ser usada para a fabricação de cordas e tapetes, para enchimento de estofos e para o cultivo deorquídeas e outras plantas;
Havaianos usam o tronco oco para dar forma a um cilindro, que pode servir como recipiente, ou mesmo canoas pequenas.
A água do coco tem componentes presentes noplasma dosangue e é conhecida por ter sido usada como um líquido endovenoso de hidratação no passado quando havia uma falta de líquido próprio paratransfusão de sangue. A água do coco tem teores elevados depotássio,cloreto ecálcio, porém sua osmolaridade média é de cerca de 500mOsm, contra 300mOsm do plasma sanguíneo. Já foi indicada em situações emergenciais em que se pretendia o aumento desteseletrólitos , porém, sabe-se hoje que seu uso endovenoso deve ser proscrito visto que além de haver diferença nas osmolaridades, os antígenos ali presentes podem desencadearchoque poranafilaxia ouhemóliseautoimune.
As raízes do coqueiro são flexíveis e eram empregadas para confecção de cestos conhecidos como samburás, utilizados por pescadores para guardar os peixes, enquanto pescavam em canoas ou jangadas.
↑Barros, João de.Da Ásia de João de Barros Dos feitos que os Portuguezes fizeram no Descubrimento, e conquista dos Mares, e Terras do Oriente. Década Terceira. Lisboa : Na Régia Officina Typografica, 1777-1788 (Biblioteca Nacional Digital)