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O chamadocinema western, também popularizado sob os termos "filmes de cowboys" ou "filmes de faroeste", compõe um gênero clássico docinema norte-americano (ainda que outros países tenham produzidowesterns, como aconteceu naItália, com o seuwestern spaghetti). O termoinglêswestern significa "ocidental" e refere-se à fronteira do Oeste norte-americano durante acolonização. Esta região era também chamada defar west (extremo oeste) — e é daqui que provém o termo usado noBrasil ePortugal, faroeste[1] (também se usou o termo juvenilbang-bang, na promoção dasantigas matinês e dequadrinhos). Oswesterns podem ser quaisquer formas de arte que representem, de forma romanceada, acontecimentos desta época e região. Além docinema, podemos referir ainda aescultura,literatura,pintura e programas detelevisão.
Ainda que oswesterns tenham sido um dos gêneros cinematográficos mais populares dahistória do cinema e ainda tenha muitos fãs, a produção de filmes deste gênero é praticamente residual nos tempos que correm, principalmente depois do desastre comercial do filmeHeaven's Gate (As portas do céu, emPortugal eO portal do paraíso no Brasil), deMichael Cimino, no início dadécada de 1980. Contudo, houve ainda alguns sucessos comerciais posteriores que foram, inclusive, galardoados com oÓscar de melhor filme, comoDances with Wolves (Dança com Lobos) deKevin Costner, ouUnforgiven (Imperdoável, em Portugal,Os Imperdoáveis, no Brasil) deClint Eastwood. Mas oswesterns que vêm à memória da maioria doscinéfilos são, mesmo, os da sua época áurea: os filmes deJohn Ford,Howard Hawks, entre outros nomes cimeiros do cinema.
Oswesterns, definidos pelocríticofrancêsAndré Bazin como o"cinema americano por excelência", no seu livroO que é o cinema?, foram também considerados por um dos seus principais criadores,Clint Eastwood, como a única forma de arte originalmente norte-americana, à excepção dojazz.
O cenário doswesterns é, como já foi dito, oVelho Oeste dos Estados Unidos, a partir da linha doMississippi, desde o período que precede aGuerra Civil Americana (oAntebellum) até ao virar doséculo XX. Alguns destes filmes incorporam cenas passadas ou relacionadas com a Guerra Civil Americana, mas de forma rara ou mesmo secundária, já que o oeste não se envolveu na guerra com a mesma intensidade do leste dos Estados Unidos. É o tempo da ocupação de terras; do estabelecimento de grandes propriedades dedicadas à criação degado; das lutas com osíndios e a sua segregação; das corridas aoouro naCalifórnia; da demanda das terras prometidas (como o estabelecimento do Estado doUtah, pelosmórmons) e da guerra noTexas.
O tipo de personagem mais comum deste gênero fílmico é o docowboy solitário (rigorosamente, nem os deveríamos chamar decowboys, porque nem sempre são criadores de gado, sendo frequentemente pistoleiros, bandoleiros, jogadores,xerifes,garimpeiros ou, simplesmente, vadios) que vagueia de cidade para cidade, possuindo apenas a roupa que traz no corpo, umrevólver e umcavalo (opcional). O exemplo clássico do pistoleiro solitário éShane (do filme homônimo de 1953, conhecido no Brasil porOs brutos também amam).
As cidades são compostas, geralmente, de apenas umaavenida principal onde se destacam osaloon (local de jogatina,álcool e, eventualmente,prostituição), e acadeia, onde reside o xerife. A tecnologia da época aparece frequentemente a fazer contraponto às cidades jovens, sem outralei que não a da força e dasarmas. Assim, otelégrafo (constantemente vandalizado por grupos de bandidos ou pelos índios), alocomotiva, e mesmo aimprensa aparecem como elementos que prenunciam a chegada da civilização e da ordem, e simbolizando a transitoriedade do estilo de vida quase selvagem da fronteira ocidental. A crença noManifest Destiny (Destino Manifesto), pelo qual a posse do continente, doOceano Atlântico aoOceano Pacífico, estava destinado, pela providência divina, aos Estados Unidos, é frequente entre as personagens que procuram o Oeste em busca de um futuro glorioso, movidos por ideais patrióticos.
As perseguições e os confrontos físicos dramáticos, em gênero deduelo, são as técnicas mais utilizadas para ressaltar o ingrediente básico da ideia de perigo iminente, numa sociedade onde os riscos se sucedem diariamente e onde aviolência parece ser a única forma de garantir asegurança.
A ideia de viagem é uma constante: os vaqueiros atravessam longas extensões deterritório com o gado; as diligências cortam as estradas ermas, parando em algumas parcas estalagens; ascaravanas percorrem asplanícies inóspitas e, às vezes, há um forte a marcar a presençamilitar dos colonizadores.
É basicamente apenas com estes elementos que alguns dos mais afamados filmes se criaram. Em termos narrativos, as histórias costumam ser lineares, sem grandesenredos, com umamoralidade bem definida (como sempre, o bem tem de vencer de uma forma ou de outra). Como pano de fundo, a paisagem é marcada por grandes espaços abertos, como os deMonument Valley, que se tornaram emblemáticos e quase que se podem assumir como a personagem principal do filme. As personagens doswesterns identificam-se, de resto, com estes espaços e com a relação entre aterra e océu aberto.
Outro elemento frequente é o do conflito entre os colonizadores brancos e ospovos indígenas.
O próprio gênero dowestern inclui em si vários sub-gêneros, como owestern épico, o chamado"shoot 'em up" (onde a ação e os tiroteios se sucedem de uma forma irracional), osmusicais, odrama, atragédia e mesmo, algumascomédias eparódias. Os elementos básicos dowestern clássico foram depois repensados, criticados e postos em causa por filmes que podem ser considerados como fazendo parte dowestern revisionista.
Oscowboys e ospistoleiros costumam ter sempre um papel importante nestes filmes — o que é notório na forma popular como estes filmes são designados nalíngua portuguesa. Lutas comíndios são também frequentes, ocupando estes, de uma forma geral, o papel de uma ameaça; oswesterns "revisionistas" pretenderam, depois, tratar de forma mais benévola o papel dos povos indígenas, passando estes a tomar o lugar de "bons da fita". Nosanos 1970 surgiram vários exemplares dessa corrente:Little Big Man (O pequeno grande homem, no Brasil), que mostra o anteriormente herói cultuadoGeneral Custer como um homem ambicioso e desequilibrado;A Man Called Horse (Um homem chamado cavalo, no Brasil), o primeiro de umatrilogia com o ator inglêsRichard Harris; eSoldier Blue (Quando é preciso ser homem, no Brasil), de 1970, comCandice Bergen, que mostra cenas chocantes de um massacre de índios.
Outros temas recorrentes são as jornadas pelo Oeste americano, ou os ataques de grupos mais ou menos organizados de bandidos que aterrorizam as pequenas cidades nascentes, como acontece emThe Magnificent Seven (Os sete magníficos, em Portugal, eSete homens e um destino, no Brasil).
Acultura popular mundial, hoje em dia muito influenciada pela cultura norte-americana em virtude daglobalização, costuma preferir e valorizar a cultura dahonra, em oposição à cultura dodireito e dalei. Oswesterns retratam uma sociedade onde o indivíduo é valorizado pela luta que estabelece com o seu meio e onde os códigos de honra (não atirar pelas costas, por exemplo) se sobrepõem à lei e onde se estabelece umahierarquia social assente na reputação granjeada através de atos deviolência ou através da generosidade criadora de dependência nas relações humanas.
Estes temas não são exclusivos dowestern e caracterizam muito os filmes degangsters, os filmes devingança e, numa perspectiva mais global, os filmes desamurais (gênero decinema japonês) que, por vezes, inspirou os argumentos de algunswesterns bem conhecidos, comoThe Magnificent Seven, de 1960, baseado emShichinin no samurai (Os Sete Samurais), filme de 1954 deAkira Kurosawa.[2]
A civilização nem sempre é vista como um bem a ser alcançado. Por vezes é, até, considerado um destino lamentável, ameaçador de um estilo de vida viril muito valorizado pelo subconsciente colectivo.
No cinema, owestern remonta às produções deKit Carson, de 1903 eThe Great Train Robbery, umfilme mudo dirigido porEdwin S. Porter e protagonizado porBroncho Billy Anderson. Realizado em 1903, a sua popularidade entre o público da altura granjeou a Anderson o privilégio de se tornar o primeirocowboy estrela de cinema, como se verificou nas centenas decurta-metragens em que depois participou. Mas, a concorrência não se fez esperar, eWilliam S. Hart tornou-se em breve outro astro de uma arte que dava os primeiros passos.
É interessante verificar que o primeiro filme rodado emHollywood, em 1910,In Old California, deD.W. Griffith, foi umwestern. De facto, Griffith é muitas vezes apontado como o grande renovador artístico do gênero. Outro filme,The Squaw Man, de 1914, em que estreavaCecil B. DeMille, seria o primeirolonga-metragem realizado na "meca do cinema". DeMille transpôs para o cinema, no mesmo ano, a obra pioneira, nos Estados Unidos, dowestern literário,The Virginian, e teve, mesmo, a colaboração do autor Owen Wister na elaboração doargumento.
O gênero foi sofrendo uma evolução constante, perante a crescente popularidade da fórmula. Em 1923, James Cruze realizava o primeirowesternépico,The Covered Wagon, sobre uma longa viagem pelos territórios selvagens até à Califórnia. Seria no ano seguinte que John Ford faria sucesso comThe Iron Horse, sobre a construção docaminho de ferro de costa a costa.
Os estúdios passaram a produzir mais de uma centena dewesterns por ano, ainda que a maior parte, formada por humildesfilmes B, não seja muito significativa para a evolução do gênero.Raoul Walsh, com o seuThe Big Trail (A grande jornada), de 1930, usou a película de setenta milímetros, que permitia englobar a paisagem fascinante da fronteira ocidental — além de outra aquisição importante: a revelação deJohn Wayne. No ano seguinte,Cimarron, deWesley Ruggles, tornar-se-ia o único dos clássicos do gênero a receber umÓscar para o melhor filme, proeza que só seria mais tarde repetida porKevin Costner eClint Eastwood.
A idade dourada dowestern norte-americano tem como expoente máximo, e de forma quase unânime, o trabalho de dois realizadores incontornáveis:John Ford, que foi o grande impulsionador da carreira de John Wayne, eHoward Hawks. O épico de 1939,Stagecoach (em Portugal,Cavalgada heroica, e no BrasilNo tempo das diligências) é, por muitos, considerado um dos melhoreswesterns de sempre e, mesmo, um dos filmes mais importantes da história do cinema — supostamente,Orson Welles tê-lo-ia visto vezes sem conta antes de realizar a suaobra-primaCitizen Kane (em Portugal,O mundo a seus pés, eCidadão Kane, no Brasil). Em 1946, Ford filmaria aindaMy Darling Clementine (Paixão dos fortes, no Brasil), a saga deWyatt Earp eDoc Holliday, com o famoso tiroteio no Curral OK — personagens e local reais que se tornaram mitológicos na história do Oeste norte-americano.
Ossaturday afternoon movie (matinês, no Brasil) constituíram um fenômeno pré-televisivo onde se projetavam muitas vezes séries eseriados dewesterns.Audie Murphy,Tom Mix eJohnny Mack Brown tornaram-se os primeiros ídolos de uma audiência jovem. Oscowboys cantores, comoGene Autry,Roy Rogers (e sua esposaDale Evans) eRex Allen foram também populares. Cada um tinha umcavalo acompanhante que também partilhava a fama do dono, como o golden palomino Trigger, de Roy Rogers. A Republic Pictures fez sucesso com seriados e filmes sobreZorro,Lone Ranger,Red Ryder,Jesse James eThe Three Mesquiteers.
Algumasséries B também fizeram sucesso, comoCisco Kid,Lash LaRue (Dom Chicote, no Brasil) eDurango Kid.
Herbert Jeffreys, no papel deBob Blake, com o seu cavalo Stardust, entrou em vários filmes pensados para uma audiênciaafro-americana, quando asegregação racial se estendia aos cinemas.Bill Pickett,[3] conhecido pelas suas participações emrodeios, era também uma presença regular nestas últimas matinés.[4]
Em 1942, William Wellmann realizaria um filme que introduziria, de forma angustiante e com uma profundidade psicológica muitas vezes referida, novos temas e novas perspectivas para o gênero.The Ox-Bow Incident (Consciências mortas, em Portugal), ao lidar com uma das mais frequentes receitas dowestern: olinchamento (Brasil) ou a vingança feita na hora, pelas próprias mãos, e a irresponsabilidade de tais atos. É um dos filmes mais tocantes da história do cinema, aproveitando as lições de Ford e antecipando o cinema mais crítico após osanos 1960.William Wyler eFritz Lang, conhecidos noutros gêneros cinematográficos, também realizaram algumas obras de referência.
Em 1954 foi lançadoJohnny Guitar, que trazia mulheres em papel de destaque, disputando as atenções de um forasteiro. O filme não fez sucesso à época, mas depois entraria para a história do cinema como precursor do destaque feminino nesse gênero.
O revisionismo iniciado nadécada de 1960 questionou muitos dos temas e características próprias doswesterns; para além da já referida mudança de perspectiva em relação aos povos indígenas, que deixam de ser "selvagens" apenas para serem redimidos na imagem do "bom selvagem", as audiências começaram também a exigir argumentos mais complexos, que não se limitassem ao dualismo simples doherói contra ovilão, além de se começar a criticar o uso indiscriminado da violência como forma de imposição das personagens (porque é que o "bom" tinha de ser melhor que o "mau" no uso do revólver?). Pode-se referir vários filmes que assim se posicionaram: desde o clássicoThe Man Who Shot Liberty Valance (em Portugal,O homem que matou Liberty Valance, no BrasilO homem que matou o facínora), de John Ford, onde se reflete sobre a própria temática dowestern, o uso da violência, bem como a vertente "lendária" deste gênero de história; passando porLittle Big Man, deArthur Penn, comDustin Hoffman; bem como os mais recentesDances with Wolves (Dança com lobos, no Brasil) eUnforgiven (Imperdoável, na tradução portuguesa). Outros deram mais importância ao papel das mulheres, como emOpen Range (Pacto de justiça, no Brasil), de Kevin Costner; ouThe Missing (Desaparecidas, no Brasil) deRon Howard. Em 1969,Claudia Cardinale teve, também, um papel importante emOnce Upon a Time in the West (Era uma vez no Oeste, na tradução portuguesa).
Durante adécada de 1960 e a de1970, deu-se um certo revivalismo com obras realizadas principalmente naItália, com os chamadoswestern spaghetti ou "ítalo-westerns". Muitos destes filmes — de baixo orçamento; produzidos por italianos,espanhóis oualemães; filmados onde fosse mais barato (na Espanha e naJugoslávia por exemplo) — caracterizavam-se por um teor de violência extrema e muita ação, ou uma dose não desprezável demelodrama, ao gosto popular.
Contudo, os filmes mais apreciados do gênero têm uma dimensãoparódica não desprezável, como acontece noswestern spaghetti deSergio Leone. A estranha sequência inicial deOnce Upon a Time in the West é uma deturpação consciente da cena de abertura do clássico deFred Zinnemann',High Noon (O comboio apitou três vezes, na versão portuguesa, eMatar ou morrer, no Brasil). Além disso, costuma-se dizer que Leone revolucionou o gênero, se transformando num divisor de águas: o western pode ser divido em "antes" e "depois" de Sergio Leone. Na chamadaTrilogia dos Dólares (Por Um Punhado de Dólares,Por Uns Dólares a Mais eTrês Homens em Conflito) não há um "mocinho" no sentido clássico (leal, politicamente correto e de inquestionável retidão moral). Em vez disso, temos um "herói às avessas" ouanti-herói, oHomem Sem Nome interpretado por Clint Eastwood, que na verdade é um mercenário em busca de fortuna. Além disso, os xerifes são corruptos e os protagonistas não se envolvem em romances.
Clint Eastwood tornou-se famoso na celebrada trilogia de Leone, que também é considerada a mais representativa do gênero. Outros atores, comoLee van Cleef,James Coburn,Klaus Kinski,Franco Nero (no filmeDjango, de 1966, dirigido porSergio Corbucci) ouHenry Fonda também tiveram presença assídua nestes filmes, tendo um destaque especial paraGiuliano Gemma,Terence Hill eBud Spencer, que estrelaram clássicos comoO Dólar Furado,Uma Pistola para Ringo,Meu Nome é Ninguém e o sucessoTrinity.
Uma variante do gênero é chamada de Zapata Western, filmes ambientados durante aRevolução Mexicana.[5]
O revisionismo da década de 1960 e 1970 deve muito ao facto de acadêmicos e críticos da altura se debruçarem para o cinema enquanto legítima forma de arte emergente cuja linguagem convinha decodificar. A teoria do cinema dava os seus primeiros passos, no sentido de desvelar os significados da linguagem própria do cinema. Dentro deste movimento intelectual, a par dos estudos sobreliteratura, emergiu o ramo dacrítica que receberia o nome de estudos dos gêneros (não confundir com estudo de gêneros, que teorizam sobre as diferenças entre homens e mulheres). Tendo, inicialmente, uma abordagemsemiótica,semântica eestruturalista, estes estudos revelaram a forma como vários filmes semelhantes transmitiam sentidos especificamente distintos. Há muito ridicularizados pela crítica devido ao seumoralismo simplista, oswesterns passaram a ser considerados como uma série de códigos e convenções que atuavam como métodos imediatos de comunicação com as audiências. Por exemplo, umchapéubranco representa o "bom"; o chapéunegro, o "mau"; duas pessoas frente a frente numa rua deserta conduzem sempre a um desfecho imprevisto; os vaqueiros são solitários; os habitantes das pequenas cidades têm preocupações familiares e sentido de comunidade, e assim por diante...
Todos os filmes deste gênero podem ser lidos à luz de uma série de códigos ou das variações possíveis nesses códigos linguísticos. Os filmes passaram, então, a utilizar esses mesmos códigos com o fim de os desconstruir.Little Big Man eMaverick fizeram-no através dacomédia. EmDances with Wolves, de Costner, recuperaram-se os códigos e convenções dowestern clássico para se reverterem os papéis habituais: os índios norte-americanos passam a ocupar o lugar de bons, enquanto que acavalaria dos Estados Unidos assume o papel dos maus (repare-se que até nisto John Ford se tinha antecipado: ele, que realizaraStagecoach, onde os índios são a ameaça, fez o seu último grandewestern em homenagem a um dos povos massacrados, emCheyenne Autumn). Os lucros desse filme fizeram com que Costner, que havia participado deSilverado, um dos poucoswesterns dadécada de 1980 a obter sucesso, se motivasse a realizar novas incursões pelo gênero: como a de 1994, interpretandoWyatt Earp em outra das inúmeras versões do antigo delegado. Suas escolhas revisionistas, nesse filme e no mais recenteOpen Range, acabaram por se mostrar desgastadas. Já Clint Eastwood foi mais feliz emUnforgiven, quando também voltou a usar os elementos típicos do gênero, subvertendo as reações das personagens que, em vez da habitual virilidade ideal perante a morte, gritam, choram, lamentam-se e imploram clemência; e, em vez do aparecimento de um herói que salva o dia, há apenas a crua e nua vingança de alguém que não espera tipo algum de redenção.
Devido aos estudos dos gêneros, tornou-se habitual argumentar que oswesterns não teriam, obrigatoriamente, de se passar no Oeste americano nem no século XIX. Filmes comoHud, comPaul Newman;Os Sete Samurais, deAkira Kurosawa;O Cangaceiro, dobrasileiroLima Barreto;[6] ou alguns filmes deJohn Carpenter, comoAssault on Precinct 13 (Assalto à esquadra 13, em Portugal) seriam, da mesma forma,westerns. Por outro lado, alguns filmes, apesar de se localizarem no faroeste, não seriam, necessariamente,westerns. É frequente ouvir alguns críticos classificarem alguns filmes como "westerns urbanos", por exemplo.
Oswesterns inspiraram-se em grande parte em outras formas de arte, como aópera ou assagas nórdicas, assim como outras formas de arte inspiraram-se noswesterns. Não por acaso, westerns são conhecidos comohorse opera.[7]
Além da já referida influência internacional dos filmesjaponeses desamurais de Akira Kurosawa emThe Magnificent Sevens, filmes comoPer un pugno di dollari (Por um punhado de dólares, em Portugal) ouLast Man Standing (O último a cair, em Portugal; eO último matador, no Brasil) são tambémremakes do filmeYojimbo, também de Kurosawa que, por sua vez, se deixou influenciar peloromance policialRed Harvest, deDashiell Hammett.
Apesar daguerra fria, owestern teve também os seus seguidores naURSS, que desenvolveu o seu tipo particular: oostern ou"western vermelho". Oostern assumiu duas formas distintas: ou eramwesterns convencionais filmados nos países doleste europeu ou, então,filmes de ação que decorriam durante aRevolução Russa, durante aguerra civil ou durante a rebelião Basmachi, de povosturcos que assumiam o papel tradicionalmente reservado aosmexicanos noswesterns dos Estados Unidos. No México, surgiu o subgênerocharro western, misturando os westerns com elementos locais.[8][9]
No Brasil, a influência doswesterns começa ainda nocinema mudo com o filmeDioguinho de 1907, baseado em umbandido de mesmo nome,[10] ocangaço levou a que se produzisse uma série de filmes, conhecidos nos anos 1960 como o "ciclo do cangaço"[11][12]nordestern,western macaxeira[13] ouwestern feijoada.[14] A influência pode ser notada emtelenovelas brasileiras comoIrmãos Coragem (1970),[15]Jerônimo, o Herói do Sertão (1972)[16][17] eBang Bang (2005).[18]
Outro desenvolvimento do gênero originou o chamado "westernpós-apocalíptico", filmes deficção científica nos quais se retrata uma sociedade futura que tenta erguer-se depois de uma qualquer catástrofe social ou ecológica, num ambiente desolado que lembra em muito a fronteira oeste-americana doséculo XIX. Filmes comoThe Postman (O mensageiro, no Brasil) de Costner, ou a série de filmesMad Max, ou mesmo ojogo de computadorFallout, representam o gênero.
De facto, até as séries de sobreviagens espaciais são diretamente inspiradas noswesterns, sendo muitas vezes classificados comospace westerns. Influências sutis podem incluir a exploração de fronteiras sem lei noespaço profundo, enquanto influências mais abertas podem apresentar cowboys literais no espaço sideral que usamarmas de raios e cavalgam cavalos robóticos.Outland, dePeter Hyams, é a transposição do argumento deHigh Noon para oespaço sideral.[19]Gene Roddenberry, o criador dasérie de televisãoStar Trek, inspirado na sérieWagonn Trai descreveu o programa como "uma carruagem para as estrelas",[20]The Magnificent Seven serviu de inspiração paraBattle Beyond the Stars.[2] Na série de série de filmesStar Wars,George Lucas criou ocontrabandistaHan Solo, nitidamente inspirado nos cowboys do cinema,[21][22] um exemplo mais recente da franquia, é a série televisivaThe Mandalorian.[23]
Outros exemplos incluem as séries animadasBravestarr eThe Adventures of the Galaxy Rangers e a série live-actionFirefly e seu filmeSerenity, criados porJoss Whedon.[24]
O filmeCowboys & Aliens pertence ao gêneroweird west, tal como o seriado cinematográficoThe Phantom Empire e a série de televisãoThe Wild Wild West, ou seja, são westerns em seus cenários tradicionais com elementos defantasia, ficção científica outerror.[25]
Filmes de outros gêneros comportam igualmente elementos típicos dowestern. Por exemplo,Kelly's Heroes é umfilme de guerra, mas tanto a ação como os personagens são paradigmaticamente de umwestern. O filmebritânicoZulu, passado durante aGuerra Anglo-Zulu, segue as mesmas prerrogativas, ainda que a ação se localize naÁfrica do Sul.
Da mesma forma, ogênero fantástico dossuper-heróis tem, também, sido descrito como um derivado doswesterns. O super-herói assemelha-se aoscowboys doswesterns, ainda que esteja armado de poderes transcendentes ao gênero humano e atue num ambiente urbano.
Asparódias ao western têm sido muitas. Talvez as mais conhecidas sejamCat Ballou, comLee Marvin eJane Fonda, eBlazing Saddles (Balbúrdia no Oeste, em Portugal, eBanzé no Oeste, no Brasil), deMel Brooks. um exemplo recente é ofilme de animaçãoRango (2011).[26]
Há também osneo-westerns, filmes que usam os temas dos westerns em cenários modernos, como aTrilogia Mariachi deRobert Rodriguez.[27]
A influência também pode ser percebida nas séries de televisãoThe Walking Dead, baseada em um série dequadrinhos de mesmo sobre umapocalipse zumbi,[21] eWestworld, dirigida porJ.J. Abrams e baseada nofilme de mesmo nome do escritor e cineastaMichael Crichton sobre umparque de diversões inspirado no Velho Oeste encenado porrobôs.[28]
Com a explosão de popularidade da televisão, no final dadécada de 1940, e de1950, oswesterns tornaram-se uma parte principal da programação televisiva, que careciam de programas. Muitos filmes de série B do gênero ocupavam uma grande parte da grelha de programas. Nos Estados Unidos, a sérieHopalong Cassidy deixou seu protagonista, que ficara com os direitos de exibição desprezados pelos produtores, milionário ao repassá-los para a televisão. As séries pensadas para o meio televisivo ganharam o estatuto de série de culto. As mais conhecidas foramGunsmoke,The Lone Ranger (Zorro, no Brasil),The Cisco Kid,The Rifleman,Have Gun, Will Travel (Paladino do Oeste),Bonanza,The Big Valley,Cimarron eMaverick, entre outros.
Nadécada de 1970, o gênero sofreu uma revisão profunda que lhe incorporou novos elementos.McCloud, estreado em 1970, era, essencialmente, a fusão dowestern protagonizado peloxerife, com o drama televisivo policial urbano moderno.Hec Ramsey era umwestern que incluía sempre um mistério a ser revelado no final dos episódios, ao gênero dos chamados "who-dunnit" ("quem fez isto?").Little House on the Prairie (em Portugal,Uma casa na pradaria), ainda que a sua ação decorresse no período histórico e próprio doswesterns, junto à fronteira oeste dos Estados Unidos, era, contudo, mais um drama familiar que umwestern. A sérieKung Fu, seguindo a tradição do pistoleiro errante, recriou o gênero com o seu personagem principal, ummongechinês que lutava usando apenas os seus dotes deartes marciais.Life and Times of Grizzly Adams tinha como ingrediente uma aventura familiar sobre um personagem com uma estranha relação com anatureza, em prol de quem o visitava no seu refúgio selvagem.
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