Fixar o calendário anual em 365 dias que se designaano comum, herança dos astrônomos sacerdotes egípcios, que estabeleceram um ano de 365 dias, por volta do ano 2 800 a.C.;
Fixar o calendário anual em 12 meses, abandonando completamente o sistema de meses intercalares, e distribuindo os dias de diferença entre o valor médio do calendário tradicional e o novo pelos vários meses do ano, acrescentando-os em 1 ou 2 dias;
Acrescentar 1 dia de 4 em 4 anos (4 x 6 horas = 24 horas, 1 dia), resultante da diferença de aproximadamente 6 horas entre os 365 dias do novo calendário e o valor médio do ano trópico de 365 dias e 6 horas, ou 365 dias e 1/4 ou 365,25 dias. O dia a intercalar ocorria no 6º (sexto) dia (VI) antes dascalendas demarço ou24 de fevereiro no nosso calendário. O dia repetido dizia-se o diabissexto antes das calendas de março, o que passou a identificar quer o dia assim acrescentado (dia bissexto) quer o ano em que se fazia essa intercalação (ano bissexto). Quando se abandonou a forma de contagem regressiva típica docalendário romano e se passou a usar a contagem contínua dos dias do mês, do primeiro ao último dia, o dia a acrescentar passou a ser intercalado depois do último dia do mês de fevereiro, antes do mês de março, como ainda hoje usamos;
O primeiro dia do ano passa a ser o dia das calendas de janeiro ou1 de janeiro no nosso calendário, 8 dias depois dosolstício deinverno, calculado para coincidir com o 8º dia (VIII) antes das calendas dejaneiro ou25 de dezembro no nosso calendário, tal como as outrasestações deveriam igualmente ocorrer por volta do oitavo dia antes dos meses deabril,julho eoutubro.
O calendário juliano, com as modificações feitas por Augusto, continua sendo utilizado peloscristãos ortodoxos em vários países. Nele, osanos bissextos ocorrem sempre de quatro em quatro anos, enquanto nocalendário gregoriano não são bissextos os anos seculares exceto os múltiplos de 400, o que hoje acumula uma diferença para ocalendário gregoriano de 13 dias. Assim, o dia22 de maio de 2025 no calendário gregoriano, é dia9 de maio de 2025 no calendário juliano.
Diz-se, tradicionalmente, que o calendário romano foi estabelecido porRómulo à época da criação deRoma,[carece de fontes?] em753 a.C. tinha 10 meses e totalizavam 304 dias. Foi modificado porNuma Pompílio[carece de fontes?] que o transformou para lunissolar, com doze meses totalizando 355 dias que para manter o calendário alinhado com oano solar se adicionava um mês extra,mensis intercalaris, de dois em dois anos, fazendo dos anos uma sequência irregular de 355, 377, 355, 378 dias e que ainda dependia de ajustes. A decisão de inserir o mês extra era de responsabilidade dopontífice máximo (pontifex maximus), que buscava manter o calendário em sincronia com os eventos sazonais de translação da Terra, o que nem sempre era preciso.
Em46 a.C.,Júlio César, percebendo que as festas romanas marcadas para março (que era então o primeiro mês do ano), estavam a ocorrer em plenoinverno, também pela falta da introdução de meses intercalares nos últimos 10 anos, preparou uma profunda reforma do calendário, seguindo de forma prática o modelo docalendário egípcio com o conselho doastrônomoalexandrinoSosígenes.
As modificações realizadas a partir desses estudos modificaram radicalmente o calendário romano: dois meses,Unodecembris eDuocembris foram adicionados ao final do ano de46 a.C., deslocando assimJanuarius eFebruarius para o início do ano de45 a.C.. Os dias dos meses foram fixados numa sequência de 31, 30, 31, 30... deJanuarius aDecembris, à exceção deFebruarius, que ficou com 29 dias e que, a cada três anos, teria 30 dias.
Com estas mudanças, o calendário anual passou a ter doze meses que somavam 365 dias. O mês deMartius, que era o primeiro mês do ano, continuou sendo a marcação doequinócio. Foi abandonado o formato lunissolar do calendário romano se fixando para um calendário predominantemente solar, se substituiu o mês intercalarMercedonius de 22 e 23 dias por apenas um dia chamado de dia extra que deveria ser incluso no 24º dia deFebruarius,"ante die sextum kalenda martias", que, em função da forma de contagem dos romanos acabou criando o conceito deano bissexto, de 366 dias que deveria ocorrer de quatro em quatro anos.
Os anos bissextos definidos no calendário juliano para ocorrer de 4 em 4 anos resultavam num valor médio do ano de 365,25 dias que se aproximava muito bem do valor doano trópico atualmente equivalente a 365,2422 dias.
O ano46 a.C., no qual foi preparada a reforma, teve de ser acrescentado e acabou por chegar aos 443 dias, de modo a que o novo calendário se iniciasse nascalendas dejaneiro ou1 de janeiro, dia em que provavelmente também ocorreu umaLua nova e o início de um novo mês lunar.
Esse ano foi recordado comoo último ano da confusão segundo as palavras do historiadorMacróbio, tendo em conta a confusão que antes já ocorria com a decisão (nem sempre cumprida) de introduzir meses intercalares no anteriorcalendário lunissolar, daí resultando uma sequência irregular de 355, 377, 355 ou 378 dias.[1]
Durante oImpério Romano, tornou-se comum a substituição do nomes dos meses por nomes dos imperadores da época, sendo que alguns deles foram radicais nesta prática: o exemplo deCómodo, que mudou o nome de todos eles, a começar porJanuarius que se chamouAmazonius, eAugustus porCommodus.
No entanto, as alterações posteriores ao imperadorAugusto acabaram por ser abandonadas.
Em44 a.C., poucos meses depois da morte deJúlio César, osenado romano mudou o nome do mêsQuintilis paraJulius (mês de 31 dias), em sua homenagem, por ser o mês em que tinha nascido.
Como os anos bissextos, depois da morte deJúlio César não foram contados correctamente de 4 em 4 anos, mas de 3 em 3 anos, o imperadorAugusto, também na qualidade depontífice máximo determinou que a partir do ano12 a.C. não houvesse anos bissextos até ao ano8 d.C., para compensar os dias bissextos introduzidos a mais. Após o ano 8 d.C., os meses organizaram-se da seguinte forma:
Também osenado romano, em homenagem ao imperadorAugusto, modificou o nome do mêsSextilis (mês de 30 dias) paraAugustus. Mas para que o mês não ficasse mais pequeno do que o dedicado aJúlio César, foram feitas alterações no tamanho dos meses, passando um dia defevereiro paraagosto. Assim, o mês de fevereiro passou de 29 para 28 dias, e agosto passou de 30 para 31 dias, mantendo-se nos demais meses até ao fim do ano a alternância entre 30 e 31 dias.[2]
Ocalendário juliano tem por base uma medida do ano solar de 365 dias e 6 horas, um valor muito prático, que determina a introdução do dia bissexto de 4 em 4 anos, resultante da acumulação de 6 horas por ano. Este valor de 365,25 dias ou 365 dias e 1/4 é um valor que está muito próximo do valor doano trópico, mas é ligeiramente superior e mais próximo doano sideral. O valor do ano solar foi estudado por numerosos astrónomos da Babilónia, do Egipto e da Grécia que a pouco e pouco foram apresentando valores do ano solar com menos alguns minutos por ano. Por exemplo,Ptolomeu verificou no ano312 que a duração do ano continha 365 dias e um quarto, menos uma tricentésima parte do dia, isto é, menos 4 minutos e 48 segundos e indicou-o no tratado doAlmagesto.
O calendário juliano era o calendário em uso noimpério romano no tempo da vida deCristo e assim foi naturalmente usado como base decálculo daPáscoa peloscristãos.Noséculo IV, por ocasião doPrimeiro Concílio de Niceia oEquinócio daPrimavera ocorria por volta do dia21 de Março. A partir doséculo XIII, as observações astronómicas e o cálculo da medida do ano solar mostraram que oEquinócio daPrimavera ocorria vários dias antes da data considerada fixa de21 de Março. A necessidade de uma correcção e a mudança para o calendário gregoriano foi antecedida de debates ao longo de três séculos. O calendário juliano foi oficialmente reformado em1582, pelo papaGregório XIII, dando origem aocalendário gregoriano que foi adotado progressivamente por diversos países, e hoje é utilizado pela maioria dos países ocidentais. Para a entrada em vigor doCalendário gregoriano, a seguir ao dia4 de outubro de1582, foram suprimidos os 10 dias acumulados no calendário juliano e, para que não voltasse a ocorrer o mesmo erro, mudou-se a regra do ano bissexto. Estecalendário gregoriano foi adotado por países onde aIgreja Católica era predominante. Entretanto, aIgreja Ortodoxa não aceitou esta mudança, optando pela permanência no calendário juliano, o que explica hoje a diferença de 13 dias entre estes dois calendários.
A seguinte cronologia permite identificar as datas de adopção do calendário gregoriano em vários países.
Ainda que à altura de 1924 a maioria dos paísesortodoxos já houvessem adotado o calendário gregoriano, não se podia dizer o mesmo de suasigrejas nacionais. O "calendário juliano ortodoxo" foi aprovado por umsínodo emIstambul em maio de 1923, consistindo de uma parte solar, idêntica ao calendário gregoriano até o ano de 2800, e uma parte lunar, que calcula aPáscoa astronomicamente a partir deJerusalém. As igrejas ortodoxas todas se recusaram a aceitar a parte lunar a princípio, de forma que continuam calculando a Páscoa a partir do calendário juliano (com exceção daIgreja Ortodoxa Finlandesa e daIgreja Ortodoxa Apostólica Estoniana).[3][4]
A parte solar do calendário juliano revisado apenas foi aceita por algumas igrejas ortodoxas, com esperança de avançar no diálogo com denominações ocidentais: oPatriarcado Ecumênico de Constantinopla (com exceção doMonte Atos), os patriarcados antigos deAlexandria eAntioquia, as igrejas deGrécia,Chipre,Romênia, parte daTcheca e Eslovaca,Polônia (de 1924 a 2014, mas permitindo que paróquias usassem o calendário revisado caso o preferissem),Bulgária (a última, em 1963) eAmérica (ainda que algumas paróquias utilizem o juliano tradicional). A maior identificação destas igrejas está em comemorarem oNatal junto ao Ocidente, em25 de dezembro, até 2799.
Os patriarcados deJerusalém,Moscou,Geórgia eSérvia, assim como aIgreja Ortodoxa Polonesa (desde 2014). NaGrécia, e em menor grau em outras localidades, a disputa do calendário deflagroucismas que deram origem ao movimento veterocalendarista. Estas igrejas celebram o Natal em 7 de janeiro até 2100.