A situação da Europa em1811. As cores indicam (do roxo-escuro ao claro) os países: - Membros do Império; - Satélites; - Os que aplicam o bloqueio.
O objetivo do bloqueio era atingir aeconomia britânica. Com a derrota emTrafalgar, aFrança não teria mais condições de contestar o domínio inglês dos mares nem teria a possibilidade de invadi-la com uma expedição de tropas transportadas via marítima. Depois da incursão naval inglesa naDinamarca de agosto de1807, o Bloqueio foi estendido também aos portos domar Báltico e, em novembro e dezembro do mesmo ano, foi radicalizado com os dois Decretos deMilão.
Com o primeiro, de23 de novembro de 1807, foram listadas algumas mercadorias, entre elas as provenientes das colônias, que seriam consideradasa priori como provenientes do Reino Unido. Além disso, qualquer navio, não apenas os britânicos, que atracassem num porto sujeito ao Bloqueio vindo de um porto do Reino Unido seria sujeito ao confisco dacarga. Com o segundo decreto, de17 de dezembro de 1807, estabeleceu-se que os navios neutrais provenientes de pontos britânicos seriam considerados semnacionalidade e, portanto, passíveis de captura emalto-mar por parte de navios franceses. Depois de tais decretos, também aRússia doczarAlexandre I adotou o bloqueio e convenceu aÁustria a também fazê-lo.
Todavia, o Bloqueio Continental foi pouco respeitado, principalmente pela corrupção (mediantesuborno) de oficiais franceses que deveriam fiscalizar a aplicação de todos os decretos (o de Berlim e os de Milão). No final, tomar os portos, fazer garantir o Bloqueio e punir quem não o cumpria acabou sendo extremamente dispendioso para França, o que pode ter contribuído para acelerar sua derrota naguerra.[1]
A reação do Reino Unido não tardou: em janeiro de1807 foram emitidas algumas ordenanças que institucionalizaram o comportamentode facto daMarinha Real Britânica com relação aos navios neutrais que tinham como destino portos franceses. Os navios abordados em alto-mar transportando mercadorias eram capturados e vendidos emleilão, além de ter a carga sequestrada. A potência da marinha britânica pôde tornar tal medida muito mais eficaz que o bloqueio imposto por Napoleão Bonaparte. Como resultado, as mercadorias coloniais simplesmente desapareceram dos mercados dos países sujeitos ao Bloqueio Continental. A ação dos britânicos levou a que osEstados Unidos, uma das nações neutras, aprovassem aLei de Embargo de 1807 contra os britânicos e que, em última instância, levaria aGuerra de 1812.
O Bloqueio Continental revelou-se um "tiro pela culatra" para Napoleão. O bloqueio era mal visto pelas nações "aliadas" à França e isto contribuiu para reduzir em grande medida o prestígio de Napoleão nas terras por ele conquistadas. O desrespeito ao bloqueio exigiu que a França tomasse várias medidas contra as populações por ela administradas, incluídas ações de repressãomilitar, significando um grande dispêndio de recursoseconômicos ehumanos, que ao fim e ao cabo mostrou-se fatal.
A intervenção contraEspanha ePortugal (outro país que, como osPaíses Baixos, vivia do tráfico marítimo, não se podia permitir ganhar a inimizade da primeira potência marítima do mundo à época) do período 1807–1809 teve como objetivo impor às duas nações o respeito ao Bloqueio e a Campanha da Rússia de 1812, que posteriormente levaráNapoleão à ruína, foi a resposta ao ultimato do czar Alexandre I da Rússia de27 de abril de1812, no qual intimava Napoleão à remoção do Bloqueio em seu país.
Napoleão não se conformou com a derrota para os ingleses, e criou o bloqueio continental para prejudicar a economia Inglesa, Portugal recusava-se a aderir ao bloqueio devido à aliança com a Inglaterra. Como o reino estava decadente, Portugal não tinha como enfrentar Napoleão. Essa é uma das razões que levou àtransferência da Corte portuguesa e o príncipe regente D. João, para oRio de Janeiro, em 1808.[2]
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