"Os topônimos de tradição histórica secular não sofrem alteração alguma na sua grafia, quando já esteja consagrada pelo consenso diuturno dos brasileiros. Sirva de exemplo o topônimo Bahia, que conservará esta forma quando se aplicar em referência ao Estado e à cidade que têm esse nome. Observação. — Os compostos e derivados desses topônimos obedecerão às normas gerais do vocabulário comum".
Ainda que a grafia Bahia seja universalmente adotada pela população brasileira, tal grafia suscita dúvidas a gramáticos e lexicógrafos como oortógrafo elexicógrafo brasileiroEvanildo Bechara, que considera a grafiaBahia "um capricho imposto à nação",[33] eNapoleão Mendes de Almeida, que qualifica tal grafia como "espúria".[34]
Foi na região dePorto Seguro, no litoral baiano, que a frota portuguesa liderada porPedro Álvares Cabral desembarcou em 22 de abril de 1500,"descobrindo" o Brasil. ABaía de Todos-os-Santos foi avistada pelos europeus pela primeira vez em 1501, pela expedição deAmérico Vespúcio. Ao longo das três primeiras décadas do século XVI,Portugal não deu importância à colonização do Brasil e o território baiano era explorado somente por aqueles que procuravam e extraíampau-brasil.[28][36]
Diogo Álvares Corrêa, que foi apelidado pelos tupinambás de "Caramuru", através da sua união com a princesa indígenaCatarina Paraguaçu, deram origem a "raça brasileira", começando a miscigenação racial baiana, juntos deixaram uma extensa descendênciacabocla.[39] A caboclaMadalena Caramuru, filha do Caramuru com Catarina Paraguaçu, é considerada a primeira mulher brasileira alfabetizada.[40] Caramuru foi quem construiu o primeiro templo católico mariano no Brasil, aCapela de Nossa Senhora da Graça, e inseriu-se na história também por participar de alguns fatos marcantes, dentre eles o de garantir o desembarque, em segurança, das comitivas do donatário daCapitania da Bahia de Todos os Santos e doprimeiro governador-geral do Brasil.[41]
Em 1511, entretanto, já havia uma feitoria na Baía de Todos-os-Santos; não somente o Caramuru, como alguns outrosdegredados,náufragos edesertores se casaram com as indígenas e deram origem às mais antigas famílias da Bahia e do Brasil. O pau-brasil também movimentou contrabandistasfranceses, que chegaram a conquistar a credibilidade dos indígenas.[28][36]
No entanto, o sistema de capitanias hereditárias fracassou, devido à falta de recursos e experiência dos donatários e os ataques indígenas. Com isso, em 1548, o Rei D. João III determinou a criação dogoverno geral, uma administração colonial centralizada, e nomeouTomé de Sousa para o cargo de governador. Sousa fundou, em 1549, a cidade deSalvador para ser a sede do governo colonial brasileiro.[42][43]
Ocultivo de cana-de-açúcar no litoral da Bahia e regiões próximas se iniciou em meados do século XVI, era feito em latifúndios e utilizava largamente a mão-de-obra africana escravizada.[44][45]
Apecuária foi introduzida na Bahia junto com o açúcar e inicialmente era atividade complementar à cultura canavieira, mas, décadas mais tarde, com a multiplicação dos rebanhos bovinos e os consequentes prejuízos aos canaviais, o gado foi empurrado para o interior, sendo apecuária responsável por povoar grande parte do interior baiano.[46][47]
Em meados do século XVII, o ciclo do açúcar no Brasil entrou em declínio, por causa da concorrência com a produção dasAntilhas, para onde os holandeses levaram a cana-de-açúcar depois de expulsos do Brasil.[49]
No final do século XVII e início do século XVIII, foram descobertas jazidas de ouro emJacobina e nas nascentes dos riosParamirim,de Contas eBrumado, o que fez com que essas regiões fossem colonizadas. Na década de 1840, foram descobertas jazidas dediamantes emMucugê eLençóis, povoando essa zona.[50][51][52]
No século XVIII, a economia da Bahia voltou a prosperar, como resultado do preço elevado totalizado pelo açúcar e das enormes safras detabaco que exportava.[28][36]
Em 1763, a capital brasileira foi transferida de Salvador para oRio de Janeiro, pois o eixo econômico do Brasil havia sido transferido décadas antes para oSudeste, devido às jazidas de ouro emMinas Gerais. Essa medida adotada pela Coroa Portuguesa um forte impacto na economia baiana.[53][54]
Em 1798, com inspiração noIluminismo,Revolução Francesa eInconfidência Mineira, eclodiu em Salvador aConjuração Baiana, a qual lutava pela independência da Bahia e o fim da escravidão e da colonização, contando com forte apoio e participação popular. A repressão por parte da Coroa Portuguesa foi muito dura.[54][55]
Em fevereiro de 1822, as cortes portuguesas trocaram o baiano Freitas Guimarães, governador das Armas da Bahia, pelo portuguêsMadeira de Melo. Com isso, os baianos se insurgiram, iniciando as lutas pelaindependência da Bahia, que envolveram Salvador, Recôncavo e o interior e foram concluídas em 2 de julho de 1823, quando as tropas portuguesas se renderam e, assim, a Bahia se integrou ao Brasil.[28][36][57][58][59]
Durante as primeiras décadas doImpério, a Bahia sofreu uma situação social e politicamente agitada. Aconteceram muitas rebeliões contra a participação contínua dosportugueses que haviam guerreado contra os baianos na guerra da Independência. Durante operíodo regencial, a Bahia foi palco de várias revoltas: duas separatistas - aFederação do Guanais (1832) e aSabinada (1837-8) - e uma revolta de escravizados e libertos muçulmanos - aRevolta dos Malês (1835).[28][36][60]
Ao receber a notícia do Rio de Janeiro, o coronel Frederico Buys, comandante doforte de São Pedro, declarou a república na Bahia no dia 16 de novembro de 1889. Uma situação politicamente instável e agitada no Estado também caracterizou os primeiros anos do período republicano. O primeirogovernador,Virgílio Clímaco Damásio, só administrou cinco dias.[28][36]
O primeiro governador eleito da Bahia foiRodrigues Lima (1892-6), o qual foi sucedido porLuís Viana (1896-1900), em cujo governo ocorreu aGuerra de Canudos (1896-7), no nordeste do Estado, entre as tropas federais e estaduais e seguidores do líder messiânicoAntônio Conselheiro.[61][62]
Ociclo do cacau, no final do século XIX e início do XX, trouxe prosperidade para aRegião Cacaueira, no sul da Bahia e, para trabalhar nas lavouras, migraram pessoas flageladas pelas secas oriundas do interior da Bahia e deSergipe.[28][36][63]
NaRepública Velha, a Bahia esteve à margem do poder. Em 1912, como resultado da resistência do governo baiano àpolítica das salvações do governoHermes da Fonseca (1910-14), Salvador foibombardeada.[54] Nesse mesmo ano, no contexto da política das salvações, ascendeu ao poderJ. J. Seabra, que governou a Bahia pela primeira vez entre 1912 e 1916, sendo sucedido por seu aliado,Antônio Moniz de Aragão (1916-20). Entre 1920 e 1924, Seabra exerceu um segundo mandato. Os 12 anos de seabrismo (1912-24) foram caracterizados pelas reformas urbanas em Salvador e obras de infraestrutura. Durante o governo dos seus sucessores,Góis Calmon (1924-8) eVital Soares (1928-30), o seabrismo entrou em decadência.[61][64][65]
Com aRevolução de 1930, a Bahia, cuja administração se encontrava envolvida com o plano político-administrativo do presidente depostoWashington Luís, foi posta sob intervenção federal. Em 1931, o presidenteGetúlio Vargas nomeou, como interventor federal na Bahia,Juracy Magalhães, o qual foi eleito governador em 1935 e renunciou ao governo estadual quando do estabelecimento doEstado Novo (1937). Durante os seis anos de governo de Juracy (1931-37), foram dados incentivos às lavouras de cacau e tabaco, à indústria e à pecuária, definindo algumas das perspectivas de planejamento que seriam adotadas ampliadas nas décadas seguintes.[28][36][61]
No contexto da redemocratização do país após o Estado Novo, em 1947 foi eleito governadorOtávio Mangabeira, que adotou reformas em seu governo. No entanto, a modernização da Bahia só começou na década de 1950, com a descoberta de petróleo e a construção daUsina Hidrelétrica de Paulo Afonso, daRefinaria Landulfo Alves e daRodovia Rio-Bahia. Nas décadas de 1960 e 1970, o crescimento econômico baiano se acelerou, com o desenvolvimento da agropecuária na região doVale do São Francisco e a criação de parques industriais emAratu (1967) eCamaçari (1978), nos arredores de Salvador, cujaárea metropolitana se consolidou como o principal centro industrial do Nordeste Brasileiro. Nos anos 1970, o turismo também ganhou força como fonte de riqueza.[54][61][66][67]
Em 1971,Antônio Carlos Magalhães (ACM) assumiu pela primeira vez o governo baiano e, nas três décadas seguintes, sua figura passou a dominar o cenário político estadual, com o estado sendo governado por ACM e aliados, com breve derrota no governo deWaldir Pires (1987-9). O fenômeno político em torno de ACM ficou conhecido como “carlismo”.[28][36][68]
Na década de 1990, o governo estadual deu incentivos à indústria, em setores como o plástico, automotiva e de calçados.[54] Nessa época, o fungovassoura-de-bruxa foi introduzido nas lavouras de cacau, uma importante fonte de riqueza para o estado, causando enormes prejuízos à cacauicultura da região, como uma grande redução na safra e grande desemprego.[61][69][70]
Em 2006,Jaques Wagner (PT) foi eleito governador e tomou posse em 2007, pondo fim a mais de 30 anos de carlismo.[71] Desde então, o petismo é a maior força política da Bahia, tendo como governadores, além de Wagner (2007-15),Rui Costa (2015-23) eJerônimo Rodrigues (2023-).[72][73][74][75]
O relevo do estado se individualiza pela existência deplanícies emangues, nacosta (Planícies e Tabuleiros Costeiros);depressão, nas partes norte e oeste (Depressão Sertaneja e do São Francisco);chapadas (como a Diamantina) eplanaltos, no centro; eserras, a sul e a oeste (Planaltos e Serras de Leste-Sudeste).[76]
A Bacia Hidrográfica doRio São Francisco compreende o oeste baiano e nela se encontra implantada a enormerepresa de Sobradinho. Os rios da porção leste do estado correm diretamente para o mar, pertencendo às Bacias Costeiras do Nordeste Oriental. Além do São Francisco, os riosdas Contas,Capivari,Paraguaçu,Itapicuru eJequitinhonha incluem entre os mais importantes da Bahia.[76]
O clima baiano oscila conforme a região do estado, sendo majoritariamentetropical, com inverno seco e verão úmido. Na costa, predomina o clima tropical litorâneo úmido, cujas chuvas estão concentradas no inverno. No norte, tem umclima tropical semi-árido, tendo propensão a seco pela má distribuição da ação dasmassas de ar. Oíndice pluviométrico oscila muito em toda a Bahia. No cinturão costeiro e no oeste, se encontra de 1 500 mm a 2 000 mm ao ano. Em boa parte do interior, varia entre 750 mm e 1 500 mm anuais. No norte, aprecipitação média não ultrapassa 750 mm anuais. Atemperatura média anual também se modifica muito, sendo mais cálido no norte e na costa. Nessas regiões, a média anual varia de 24ºC a 28ºC; no resto do estado, prevalecem temperaturas de 18ºC a 24ºC.[76]
Ao norte, o limite é oRio São Francisco, no município deCuraçá, divisa comPernambuco, sendo alatitude de 8 graus 32 minutos e 00 segundo e a longitude de 39 graus 22 minutos e 49 segundos. Ao sul, o limite extremo é abarra do Riacho Doce, no município deMucuri, na divisa com oEspírito Santo, sendo a latitude de 18 graus 20 minutos e 07 segundos e alongitude de 39 graus 39 minutos e 48 segundos. No leste, o ponto extremo é a barra doRio Real, no município deJandaíra, na divisa com oOceano Atlântico, sendo a latitude de 11 graus 27 minutos e 07 segundos e a longitude de 37 graus 20 minutos e 37 segundos. O ponto extremo do oeste é o divisor de águas, no município deFormosa do Rio Preto, divisa com oTocantins, sendo a latitude de 11 graus 17 minutos e 21 segundos e a longitude de 46 graus 36 minutos e 59 segundos. O centro geográfico do estado fica na cidade deSeabra, na Praça Luiz Acosta, defronte ao prédio dos Correios, nas coordenadas 12 graus e 25,098 minutos na latitude sul e 41 graus e 48,105 na longitude oeste (informação Google Earth).[81]
Cerca de setenta por cento do território do estado se localizam de 300 a 900 m e 23% inferiores a 300 m. O quadromorfológico abrange três unidades: abaixada litorânea, o rebordo do planalto e oplanalto.[82][83][84]
Abaixada litorânea é um bloco de terras localizadas aquém de 200 m de altitude. Elevam-se aí, predominando aspraias e os areões da orla litorânea, solos de aspecto tabular, os denominadostabuleirosareníticos. Para o interior, essesterrenos dão lugar a um cinturão decolinas e morrosargiláceos, de terreno maciço, razoavelmente produtivo, principalmente noRecôncavo, onde se localiza o conhecidomassapê baiano. Tanto o cinturão dos morros e colinas como a dos tabuleiros são atravessadas diagonalmente pelos rios que correm do planalto; no decorrer deles prolongam-se grandesplanícies aluviais (várzeas) vulneráveis a cheias que lhes revitalizam diariamente os terrenos com o assentamento de novosaluviões.[82][83][84]
A borda doplanalto eleva-se instantaneamente a oeste das colinas e morros, compondo um cinturão de solos muitomontanhosos, através da qual sobe da baixada para o planalto. Ao norte deSalvador, a borda do planalto some, porque a passagem entre planalto e baixada se faz levemente.[82][83][84]
Oplanalto sul-baiano, cortado emrochas cristalinas antigas, localiza-se no sudeste do estado. Sua área, entre 800 e 900 m de altitude média, aparece suavemente ondulada, com grandes vales de profundidade achatada. No entanto, os riosde Contas eParaguaçu cavaram em seu centro profundosvales, subdividindo-o em três divisões: o planalto deConquista, no sul; o deItiruçu, no centro; e o deCruz das Almas, no norte.[82][83][84]
OEspinhaço é formado por um cinturão de terrenos altos (1.300 m de média e 1.850 m nopico das Almas, seu ponto mais alto) que atravessa o estado de norte a sul pelo centro. Sua área ora ocorre como enfileiramentos acidentados (cristas dequartzo), ora como altitudes tabulares ou cuestas. Estas últimas dominam na parte leste e norte, compondo um grande bloco de formas suaves, chamadochapada Diamantina.[82][83][84]
Adepressão são-franciscana prolonga-se a oeste doEspinhaço, com inclinação similar, ou seja, compondo cinturão de direção norte-sul. Formam-na terrenos de pequena elevação (400 m em média) e razoavelmente aplainadas, que com leve inclinação descem para orio São Francisco. No decorrer dos vales de certos tributários do curso médio desse rio, principalmente os riosCorrente eGrande, a depressão se dirige para oeste, extensões em formato de dedos. No fundo da depressão se encontra a planície aluvial do São Francisco, diariamente transbordada por suascheias.[82][83][84]
Oplanalto ocidental, formado por rochas sedimentares, eleva-se a oeste dadepressão são-franciscana, com uma altitude superior a 850 m. Seu topo regular apresenta-lhe aspecto tabular e a caracterização de grandechapadão, a que é aplicada a designação geral deEspigão Mestre.[82][83][84]
Opediplano abarca toda a parte nordeste doplanalto baiano. Aí se estendem grandes áreas que se dispõem levemente para a costa, a leste, e para ocanal do São Francisco, ao norte, com 200 e 500 m de altitude. Esses terrenos apresentam o exemplar característico declima semi-árido, visto em todo o interior daregião Nordeste: imensos planaltos nas quais aparecem, aqui e ali, picos e maciços ermos (inselbergs). Compõem osubsolo dessa região rochas cristalinas antigas, exceto um cinturão deformações sedimentares, que do Recôncavo lança para o norte, cedendo lugar a várias chapadas areníticas também designadas tabuleiros.[82][83][84]
O território baiano compreende três importantes gêneros desolos. O primeiro gênero, paupérrimo, abrange boa parte do estado, especialmente achapada Diamantina, a bacia hidrográfica doSão Francisco, as partes meridional e oeste, e porção doRecôncavo. Não é propício para o plantio da maior parte dos produtos agrários, sendo mais apropriado para a pecuária. Omassapê, terreno argiloso, usualmente preto ― o melhor solo da Bahia ― é ótimo para acacauicultura. Encontram-se, principalmente, no Recôncavo, na região cacaueira e ao norte, nos vales dos riosReal,Vaza-Barris eItapicuru. Enfim, os solos decalcário. Abarcam somente dez por cento do território da Bahia e se encontram na porção central do estado.[85]
Três tipos climáticos aparecem na Bahia: o climacálido echuvoso sem estaçãoseca, o clima tórrido e orvalhado com estação seca deinverno e oclima semi-árido quente, reconhecidos nosistema de Köppen pelos símbolosAf,Aw eBSh, nesta ordem. O primeiro predomina no decorrer do litoral, comtemperaturas médias anuais de mais de 23 °C e totais pluviométricos acima de 1.500 mm. O segundo identifica todo o interior, exceto a porção norte e do vale doSão Francisco. Possui temperaturas médias anuais que oscilam entre 18 °C nas regiões mais altas e 22 °C nas zonas mais rebaixadas, e totais pluviométricos similares a milmilímetros. O terceiro tipo climático se encontra no norte do estado e no vale do São Francisco. As temperaturas médias anuais ultrapassam 24 °C e mesmo 26 °C, no entanto, a pluviosidade está abaixo de 700 mm.[86]
Cerca de 64% do território baiano é coberto porcaatingas, 16% porcerrados, 18% porflorestas e dois por cento porcampos. As florestas aparecem na área litorânea e abrangem uma faixa de terra cujo comprimento oscila entre cem quilômetros (noRecôncavo) e 250 km (no vale dorio Pardo). No lado oeste aparecem como matas perenes, no centro comosemidecíduas e no lado oeste como decíduas agrestes. A mais importante área de ocorrência de cerrados constitui o planalto ocidental. Outras manchas, menores, ocorrem em meio às regiões de caatinga. Os campos ocorrem ainda no planalto ocidental, compondo uma curta mancha inclinada na direção norte-sul. As caatingas cobrem o restante do estado, ou seja, boa parte de seu interior. Todos esses gêneros devegetação acham-se atualmente bem alterados por intervenção do homem.[86]
A população estimada da Bahia em 2024 pelo IBGE era de 14 850 513.[4] Já nocenso demográfico de 2022, a população do estado era de 14 141 626 habitantes, o que lhe conferia uma densidade demográfica de 25,04 hab./km², sendo a Unidade Federativa mais populosa daRegião Nordeste do Brasil e aquarta mais populosa do Brasil, abrigando 6,96% da população brasileira. Ainda segundo o censo 2022, a população baiana é composta por 51,66% de mulheres e 48,34% de homens.[93][94]
Dos 417 municípios (considerando a divisão municipal na época), apenas dois tinham população acima dos quinhentos mil:Salvador eFeira de Santana, no nordeste do estado. Outros 14 tinham entre 100 001 e 500 000, 27 de 50 001 a 100 000, 126 de 20 001 a 50 000, 179 de 10 001 a 20 000, 60 de 5 001 a 10 000 e nove de 2 001 a 5 000.[101] Sua capital, Salvador, com seus 2 675 656 habitantes, concentrava 19,09% da população estadual,[102] além de possuir a maior densidade demográfica entre os municípios do Estado (3859,35 hab./km²), quase cinco vezes maior que Feira de Santana (o município com a 6.ª maior densidade, 416,03 hab./km²), enquantoJaborandi, no oeste, tinha a menor densidade (0,94 hab./km²).[103]
A distribuição populacional possui fortes diferenças regionais. NoRecôncavo Baiano e naregião cacaueira, são registradas densidades maiores do que 100 hab./km². Já em extensas áreas do interior, a colonização se torna reduzida, despencando esses índices para mais de 15 hab./km² (chapadões,Chapada Diamantina esertãosemi-árido).[104]
Segundo o censo 2022, a população baiana assim declarou sua cor ou raça: 57,31% pardos, 22,38% pretos, 19,61% brancos, 0,59% indígenas e 0,11% amarelos.[93]
NaZona da Mata Baiana, a maioria da população é composta por mestiços entre portugueses e africanos ou mestiços entre portugueses, indígenas e africanos, com forte presença do negro nessa parte da Bahia, especialmente noRecôncavo Baiano. Na Bahia, oAgreste começa muito parecido com a Zona da Mata e, quanto mais se aproxima do Sertão, mais parecido com este o Agreste fica. Na maioria doSertão Baiano, a população é majoritariamente fruto da mistura entre portugueses e indígenas.[122][123][124] Já na região doAlto Sertão Baiano e grande parte daChapada Diamantina, a população é majoritariamente fruto da mistura entre portugueses, africanos e indígenas.[125][126]
Hoje residem no estado da Bahia pouco mais de 37 mil indígenas, que se distribuem em 17 grupos, que abrangem área de 325 643 hectares de extensão. Um total de trinta áreas já está demarcado em definitivo pelaFundação Nacional do Índio (FUNAI). Dessas, merece destaque a mais extensa, a reserva indígenaCaramuru-Paraguassu, localizada entre os municípios dePau Brasil,Camacan eItaju do Colônia.[136]
Um estudogenético realizado noRecôncavo baiano confirmou o alto grau deancestralidade africana na região. Foram analisadas pessoas da área urbana dos municípios deCachoeira eMaragojipe, além dequilombolas da área rural de Cachoeira. A ancestralidade africana foi de 80,4%, a europeia 10,8% e a indígena 8,8%.[137] Segundo dados da Funasa, 25,8 milindígenas viviam no estado em 2006.[138]
Um estudo genético realizado na população de Salvador confirmou que a maior contribuição genética da cidade é a africana (49,2%), seguida pela europeia (36,3%) e indígena (14,5%).[139] Outro estudo ainda revela que, em relação aosciganos, a Bahia é o estado brasileiro onde há a maior quantidade de grupos vivendo, segundo pesquisa inédita do IBGE.[140]
Um estudo genéticoautossômico de 2015 encontrou a seguinte composição para Salvador: 50,5% de ancestralidade africana, 42,4% de ancestralidade europeia e 5,8% de ancestralidade indígena.[141][142] Os pesquisadores explicaram que eles coletaram maisamostras de indivíduos que vivem em ambientes maispobres.[141]
Outro estudo do mesmo ano (2015) encontrou níveis semelhantes em Salvador: 50,8% de ancestralidade africana, 42,9% de ancestralidade europeia e 6,4% de ancestralidade indígena.[143] Um outro estudo genético, também de 2015, encontrou a seguinte composição em Salvador: 50,8% de contribuição europeia, 40,5% de contribuição africana e 8,7% de contribuição indígena.[144]
EmIlhéus, um estudo genético de 2011 encontrou a seguinte composição: 60,6% de contribuição europeia, 30,3% de contribuição africana e 9,1% de contribuição indígena.[145] Outro estudo recente demostra a crescente importância de conceitos de herança Africana, do reconhecimento de ligações genealógicas e a ancestralidade, da memória coletiva, e do patrimônio cultural às políticas raciais baianas.[146]
Municípios baianos inseridos em algum nível da hierarquia urbana brasileira
Além de suas funções de capital político-administrativa porto e pólo industrial a cidade deSalvador também atua comomegalópole regional de um grande território abrangendo quase todo o território baiano e também todo o estado deSergipe e o extremo sul doPiauí. Somente as regiões norte e sul ligadas a Recife,Rio de Janeiro eBelo Horizonte, nessa ordem, ficam fora do domínio da influência econômica de Salvador. No entanto, sob sua influência direta está somente oRecôncavo.[147][104]
ARegião Metropolitana de Salvador, também conhecida como Grande Salvador e pela sigla RMS, foi instituída pela lei complementar federal número 14, de 8 de junho de 1973.[148]
OPoder Executivo baiano é exercido pelogovernador doestado, que é eleito emsufrágio universal e voto direto e secreto pela população para mandatos de até quatro anos de duração, podendo ser reeleito para mais um mandato. A atual sede é oPalácio de Ondina, situado no bairro deOndina, desde 1967.[156] Antigamente, a sede do governo baiano era oPalácio Rio Branco, localizado naPraça Municipal, e foi construída em 1549 (ano da fundação da cidade de Salvador, em 1549) tornando-se sede do governo e residência oficial do primeiro governador-geral do Brasil,Tomé de Sousa.[157] Em janeiro de 1908, foi transformada em residência oficial dos governadores do estado.[158] Depois do Palácio Rio Branco, a sede do governo baiano foi oPalácio da Aclamação, localizado no bairro doCampo Grande, até ser estabelecida a atual sede.[159]
O Tribunal de Contas, através de seus conselheiros, auxilia aAssembleia Legislativa na apreciação das contas prestadas anualmente pelo governador do estado, no julgamento das contas dos administradores e demais responsáveis (fundações, empresas etc.) por dinheiro, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo poder público estadual e as contas que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público. Além deste, possui oTribunal de Contas dos Municípios (TCM), que auxilia asCâmaras municipais na apreciação das contas dos respectivos executivos.[161]
O sistema eleitoral na Bahia repete onacional. Os mandatos eletivos duram quatro anos, e as eleições estaduais e federais alternam com as municipais a cada dois anos. O eleitorado baiano é composto por 10 110 100 votantes, segundo dados referentes àseleições de 2012, o que representa o quarto maior colégio eleitoral do país. Sua capital,Salvador, é o município com maior número de eleitores (1 881 544), seguido deFeira de Santana (373 753) eVitória da Conquista (215 299). O município com menor número de eleitores éLajedinho, com 3 027.[163]
OInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divide asunidades federativas do Brasil emregiões geográficas intermediárias eregiões geográficas imediatas para fins estatísticos de estudo, agrupando os municípios conforme aspectos socioeconômicos. As regiões geográficas intermediárias foram apresentadas em 2017, com a atualização da divisão regional do Brasil, e correspondem a uma revisão das antigasmesorregiões, que estavam em vigor desde a divisão de 1989. As regiões geográficas imediatas, por sua vez, substituíram asmicrorregiões. A divisão de 2017 teve o objetivo de abranger as transformações relativas à rede urbana e sua hierarquia ocorridas desde as divisões passadas, devendo ser usada para ações de planejamento e gestão de políticas públicas e para a divulgação de estatísticas e estudos do IBGE. Deste modo, há 10 regiões geográficas intermediárias e 35 regiões geográficas imediatas no estado.[166]
Até meados da década de 2000, o Governo da Bahia agrupava os municípios baianos segundo características econômicas, formando as regiões Metropolitana de Salvador, Extremo Sul, Oeste, Serra Geral, Litoral Norte, Sudoeste, Litoral Sul, Médio São Francisco, Baixo-médio São Francisco, Irecê, Chapada Diamantina, Recôncavo Sul, Piemonte da Diamantina, Paraguaçu e Nordeste. Atualmente, essa divisão foi substituída pelos 26 Territórios de Identidade, a saber: Irecê, Velho Chico, Chapada Diamantina, Sisal, Litoral Sul, Baixo Sul, Extremo Sul, Itapetinga, Vale do Jiquiriçá, Sertão do São Francisco, Oeste Baiano, Bacia do Paramirim, Sertão Produtivo, Piemonte do Paraguaçu, Bacia do Jacuípe, Piemonte da Diamantina, Semiárido Nordeste II, Agreste de Alagoinhas/Litoral Norte, Portal do Sertão, Vitória da Conquista, Recôncavo, Médio Rio de Contas, Bacia do Rio Corrente, Itaparica, Piemonte Norte do Itapicuru, Metropolitana de Salvador.[168] Porém a partir de 2007, o governo da Bahia passou a utilizar de critérios ambientais e culturais além dos critérios econômicos, para agrupar regiões em que fosse possível uma maior atenção às questões de manifestações culturais, com a política de Territorialização da cultura, chamados deTerritórios de Identidade da Bahia. Sendo atualmente reconhecidos 27 TI no estado da Bahia, indicados na Lista de abaixo.[169]
A Bahia também é repartida em 26 partes pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos (Conerh), que, para gestão dasbacias hidrográficas e dosrecursos hídricos, criou as 26regiões hidrográficas, chamadas de Regiões de Planejamento e Gestão das Águas (RPGA).[170]
Exportações do Brasil por estado em 2012, a Bahia contribui com 4,47% do total[172]
A Bahia responde por quase trinta por cento do produto interno bruto doNordeste brasileiro e por mais da metade das exportações da região. É o sétimo estado brasileiro que mais produz riqueza.[173] A economia do estado baseia-se naindústria (química, petroquímica, informática, automobilística e suas peças),agropecuária (mandioca,grãos,algodão,cacau ecoco),mineração,turismo e nosserviços.[174] Existe o importantePolo petroquímico de Camaçari, onde funciona, entre outros empreendimentos, a montadoraFord, estando o complexo industrial localizado na cidade deCamaçari, naRegião Metropolitana de Salvador, e que foi a primeira indústria automobilística a se instalar na região, em 2001.[175] As atividades agropecuárias ocupam cerca de setenta por cento dapopulação ativa do estado. Um bom indicador de suas atividades econômicas é sua pauta deexportação, composta, no ano de 2012, principalmente por petróleo refinado (18,77%), pastas químicas de madeira à soda ou sulfato (10,82%), soja (8,33%), algodão cru (6,32%) e farelo de soja (4,36%).[171]
No setor primário, aagricultura está dividida emgrande lavoura comercial, a pequena lavoura comercial e aagricultura de subsistência. O estado se destaca na produção de algodão, cacau, soja e frutas tropicais como coco, mamão, manga, banana e guaraná, além de também produzir cana-de-açúcar, laranja, feijão e mandioca, entre outros.[176]
A grande lavoura está baseada há décadas nas culturas dacana-de-açúcar (onde é integrada com modernasusinas) ecacau, e mais atualmente, nasoja e noalgodão. Entre as pequenas culturas comerciais, amandioca, ococo-da-baía, ofumo, ocafé, oagave, acebola,dendê (e consequenteazeite de dendê) são as produções em destaque. As culturas desubsistência estão em todo o território, sendo que a cultura da mandioca é a mais importante, seguida pelofeijão, omilho, o café e abanana. O estado é conhecido por ter uma baixa qualidade nas condições de trabalho, por usar sistemas arcaicos de produção (extrativistas e semiextrativistas) e por explorar excessivamente amão de obra.[177]
A Bahia tinha em 2018 um PIB industrial de R$ 54,0 bilhões, equivalente a 4,1% da indústria nacional e empregando 364.603 trabalhadores na indústria. Os principais setores industriais são: Construção (23,3%), Serviços Industriais de Utilidade Pública, como Energia Elétrica e Água (17,5%), Derivados de Petróleo e Biocombustíveis (16,2%), Químicos (10%) e Alimentos (4,5%). Estes 5 setores concentram 71,8% da indústria do estado.[197]
O turismo é uma destacadaatividade econômica baiana, uma vez que o setor é responsável por 7,5% doproduto interno bruto (PIB) estadual e emprega uma cadeia gigantesca que engloba os estabelecimentos do setor do turismo, como hotéis, bares, restaurantes eagências de viagem.[209] No cenário nacional, o turismo baiano tem a fatia de 13,2% do PIB turístico nacional, a segunda maior porcentagem.[209][210] Foram 5,29 milhões de turistas brasileiros e 558 mil turistas estrangeiros que visitaram o estado em 2011.[209]
Segundo a pesquisa Hábitos de Consumo do Turismo Brasileiro 2009, realizada peloVox Populi em novembro de 2009, a Bahia é o destino turístico preferido dos brasileiros,[216] já que 21,4% dos turistas que pretendiam viajar nos dois anos seguintes optariam pelo estado. A vantagem é grande em relação aos concorrentes:Pernambuco, com 11,9%, eSão Paulo, com 10,9%, estavam, respectivamente, em segundo e terceiro lugares nas categorias pesquisadas. Já em 2010, foi escolhida pelo jornal americanoThe New York Times como um dos 31 destinos que mereciam ser visitados em 2010.[217][218] O estado foi o único do Brasil a integrar oranking.
Asaúde na Bahia não é das melhores do país: problemas típicos dasaúde brasileira ocorrem no estado. Algumas doenças têm altos índices de doentes, como ocâncer de mama,[219] que, de acordo com a Sociedade Brasileira deMastologia, atinge cerca de dois mil novos casos anualmente.[220] Apesar disso, certas práticas que poderiam salvar muitas vidas não são comuns no estado, a exemplo dadoação de órgãos. 60% dasfamílias baianas se recusam a doarórgãos deparentes, índice bem maior do que a média nacional, que é de 25%.[221]
Hospital da Bahia, hospital particular localizado na capital
Entre asdoenças mais comuns, estão adengue e ameningite, as quais estão alastrando-se por todo o território baiano e não apenasinfectam os baianos, mas também provocam amorte.[222][223]
AUsina Hidrelétrica Pedra do Cavalo (1983) está localizada no trecho superior das cidades gêmeas deSão Félix eCachoeira, a 110 quilômetros da capital, e foi erguida com dinheiro do Programa de Valorização da Água do Rio Paraguaçu. Além de produzir energia, assegura:água potável paraSalvador eFeira de Santana;água bruta para complexos industriais, comoAratu eCamaçari; términos das cheias diárias em cidades ao longo dos rios; e soluções para a questão doassoreamento ― o rio antes novamente navegável. A barragem (143m) constitui uma das mais elevadas daAmérica do Sul.[176]
Ahidrelétrica de Itaparica está localizada no limite comPernambuco, a mais de cinquenta quilômetros do complexo Paulo Afonso, e iniciou suas operações em 1988. Sua potência final era de 2 500 MW e, na década de 1990, ausina de Xingó, também localizada norio São Francisco, estava em construção com capacidade de 3 000 MW.[176]
O transporte de alta capacidade de passageiros por trilhos foi implantado no estado com oMetrô de Salvador, após 14 anos de construção e indícios desuperfaturamento.[258] O funcionamento foi iniciado em junho de 2014 e a conclusão das duas linhas licitadas está determinada pelo edital para acontecer em 2017.[259][260]
Outros municípios são abastecidos por outras empresas ou por empresas do próprio município — um exemplo ocorre emJuazeiro, na região norte do estado, cuja empresa responsável pelo abastecimento de água é o Serviço de Água e Saneamento Ambiental (SAAE).[264]
O estado da Bahia é o quarto do Brasil em quantidade dedispositivos móveis ativos (17 033 298), apósSão Paulo,Minas Gerais eRio de Janeiro. A cidade de Salvador tem a maior teledensidade (número de acessos por 100 habitantes), com 198,44 acessos para cada 100 pessoas.[265] Os códigos dediscagem direta a distância, DDD, para realizações para números do estado são 71, 73, 74, 75 e 77.[266]
De acordo com dados do “Mapa da Violência 2012”, publicado pelo Instituto Sangari e peloMinistério da Justiça, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes, que era de 3,3 em 1980, subiu para 37,7 em 2009 (ficando acima da média nacional, que era de 27,0). Entre 2000 e 2010, o número de homicídios subiu de 1223 para 5287. Em geral, a Bahia subiu dezesseis posições na classificação nacional das unidades federativas por taxa de homicídios, passando da 23.ª em 2000 para a 7.ª em 2010. ARegião Metropolitana de Salvador possuía taxas mais de quatro mil vezes maiores que a do estado (-/+739,4), enquanto, no interior, o mesmo era mais de 21,3 maior que a média estadual (-/+346,1).[282][283]
Em 2000, 25 municípios, de cinco a dez mil habitantes, registravam uma taxa de homicídios de 5,0, mas ela subiu para 15,6 em sessenta cidades em 2010. Considerando-se todos esses municípios, totalizam-se 37,7. Desde a época em que o estado era razoavelmente tranquilo em 2000 a violência aumentou ligeiramente em todo o território do estado, com vários polos elevadamente conurbados.[282]
Diferentemente dasatirização feita pelos grandesmeios de comunicação, odialeto falado na Bahia, segundo algunslinguistas, seria parte integrante do grupo sulista, sendo, portanto, um dialeto próprio, não fazendo parte dosdialetos do nordeste. Algumas de suasgírias soam estranhas para outras regiões do país, como os famososoxente,massa (no sentido de coisa boa) eaonde (utilizado para negar umafrase).[286]
Já o interior do estado, é marcado pela sua cultura do couro, pela sua culinária sertaneja, pelas suas festas e manifestações e pelo vaqueiro, onde surgiu no interior do estado a partir de 1550, sendo a primeira fixação do homem no interior da Bahia e de todoNordeste Brasileiro. O vaqueiro foi o responsável por formar a cultura sertaneja.[290][291]
Cozinha sertaneja da Bahia, iguarias típicas e originárias do interior do estado
A culinária da Bahia é uma das mais diversificadas do Brasil, com muitas variações, desde a culinária sertaneja, até a mais conhecida, que é aquela produzida noRecôncavo e em todo olitoral da Bahia — praticamente composta de pratos de origem africana, diferenciados pelotempero mais forte, à base deazeite de dendê,leite de coco,gengibre,frutos do mar,pimenta de várias qualidades e muitos outros que não são utilizados em outros estados doBrasil.[292] Essa culinária, porém, não chega a representar 30% do que seus habitantes consomem diariamente. As iguarias dessa vertente africana da culinária estão reservadas, pela tradição e hábitos locais, às sextas-feiras (como por exemplo amoqueca,vatapá,caruru, xinxim de galinha) e às comemorações de datas institucionais, religiosas ou familiares. No dia a dia, o baiano alimenta-se de pratos herdados da vertenteportuguesa, ou então de pratos no que se costuma chamar de "culinária sertaneja". São receitas que não levam o dendê e ingredientes como frutos do mar por exemplo, que é muito presente na culinária afro-baiana.[293][294][295]
Dentre as bibliotecas da capital merecem destaque aUniversidade Federal da Bahia, aBiblioteca Pública do Estado, oMosteiro de São Bento, a Biblioteca Infantil Monteiro Lobato, a Biblioteca Teixeira de Freitas e a Biblioteca do Departamento Estadual de Estatística, daPetrobras e das entidades culturais supramencionadas. Muitas cidades do interior possuem pequenas bibliotecas públicas.[296]
O mais importante atrativo de Salvador está em sua arquitetura, constituída por igrejas, fortalezas, palácios e tradicionais solares. Do total de 165 igrejas, as mais notáveis são acatedral (1656); deNossa Senhora da Conceição da Praia (1739-1765); a igreja (1708-1750) e o Convento de São Francisco (1587), Possui uma riqueza de talha dourada e azulejaria portuguesa, aigreja da Ordem Terceira de São Francisco (1703) e aigreja do Senhor do Bonfim (1745-1754).[296]
As mais importantes procissões sãoSenhor Bom Jesus dos Navegantes (1.º de janeiro),Senhor dos Passos (segunda sexta-feira daQuaresma) eNossa Senhora do Monte Serrat (2 de setembro). Outras festas importantes são alavagem do Bonfim (quinta-feira antes do segundo domingo após aEpifania), sábado e domingo do Bonfim, segunda-feira da Ribeira (após domingo do Bonfim), quadrilha do Rio Vermelho (dois domingos antes da festa mais popular do país),Carnaval e Dois de Julho (dia da Independência). As expressões folclóricas do município são abundantes e diversificadas, incluindocandomblé,capoeira e ritmos populares.[296]
No interior do estado também existem determinados pontos turísticos, como a cidade histórica deCachoeira, o parque nacional de Paulo Afonso com seu salto e a hidrelétrica de mesmo nome, a estância hidromineral de Cipó e, na costa,parque nacional do Monte Pascoal. Também na costa, todas as praias daCosta do Descobrimento se destacam.[296]
No período mais recente, temos uma Bahia pródiga de autores imortais, comoCastro Alves,Adonias Filho,Jorge Amado, eJoão Ubaldo Ribeiro. Os dois últimos são autores excepcionais, de literatura fácil e rica de detalhes sobre a Bahia. São, ao mesmo tempo, radiografias da vida no estado. No entanto, ao se falar emromances, a "produção" está reduzida, restringe-se a pequenosversos e passagens que remontam o estilomedieval e a famosos romances, como oGabriela, Cravo e Canela, de Jorge Amado, publicado em 1958. A obra é um retorno aociclo do cacau, entrando no universo decoronéis,jagunços eprostitutas que desenham o horizonte da sociedade cacaueira da época.[287]
Na década de 1920, na então rica e pacataIlhéus, ansiando por progressos, com intensavida noturna litorânea, entrebares ebordéis, desenrola-se odrama, que acaba por tornar-se uma explosão de folia e luz, cor, som, sexo e riso.[287] Paralelamente, aliteratura de cordel persiste principalmente nosertão, ondevioleiros transmitem atradição cordelista por meio de sua cantoria.[287]
Na Bahia, ocorrem váriosfestivais e encontros decinema ecineclubismo, entre eles: Bahia Afro Film Festival, em Salvador;[304] Encontro Baiano de Animação, em Salvador.[305] Feira Mostra Filmes, em Feira de Santana;[306] Festival Brasilidades, em Feira de Santana;[307] Festival Nacional de Vídeo — A Imagem em 5 Minutos, em Salvador;[308] FIM! — Festival da Imagem em Movimento, em Salvador;[308]Jornada Internacional de Cinema da Bahia, em Salvador;[308] Mostra Cinema Conquista, em Vitória da Conquista;[309] Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual, em Salvador; e Vale Curtas — Festival Nacional de Curtas-Metragens do Vale do São Francisco, em Juazeiro e Petrolina.[310]
A considerada primeira música e álbum gravado no Brasil,Isto É Bom é umacanção escrita porXisto Bahia e lançada pelocantorBaiano em 1902, pelaCasa Edison utilizando oseloZonophone. Esta canção é considerada marco inicial das gravações fonográficas no Brasil pela maioria dos pesquisadores da história da música popular brasileira. Nas últimasdécadas, a Bahia tem sido um verdadeiro celeiromusical. Surgiram muitos artistas (músicos, instrumentistas, cantores, compositores e intérpretes) de grande influência no cenário musical nacional e internacional. Tendo a maior cidade dasAméricas durante muitos séculos, suacapital foi local dos nascimentos, a partir da influênciaafricana, dosamba de roda, seu filhosamba, olundu e outros tantosritmos, movidos poratabaques,berimbaus,marimbas — espalhando-se pelo resto doBrasil, e ganhando omundo.[313]
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