Ópera do Malandro é umapeçabrasileira do gêneromusical escrita porChico Buarque de Holanda, em1978, e dirigida porLuís Antônio Martinez Corrêa.[1]
A ideia de escrever uma adaptação para os clássicosÓpera dos Mendigos, deJohn Gay, eA Ópera dos Três Vinténs, deBertolt Brecht eKurt Weill, surgiu durante uma conversa de Chico Buarque com o cineasta moçambicanoRuy Guerra.[1] Tornada realidade anos depois, a peça é dedicada à lembrança dePaulo Pontes.[2]
AÓpera do Malandro, continua fazendo parte de umBrasil conhecido pela maioria dos brasileiros.
Umcafetão de nome Duran, que se passa por um grande comerciante, e sua mulher Vitória, que do nome nada herdou. Vitória era uma cafetina que, na realidade, vivia da comercialização do corpo. A sua filha Teresinha era apaixonada por uma patente superior, Max Overseas, que vive de golpes e conchavos com o chefe depolícia Chaves. Outras personagens são asprostitutas, apresentadas como vendedoras de uma butique, e a travesti Geni, que só serve para apanhar, cuspir e dar para qualquer um.
A peça se passa nadécada de 1940, tendo como pano de fundo a legalidade do jogo, aprostituição e ocontrabando. Mostra um contexto bem parecido com nossoterceiro milênio, em que temos ojogo do bicho, entre outros tantos; as prostitutas do calçadão deCopacabana, o contrabando nas ruas deCDs eDVDs.
Qual seria o significado do nomeOverseas? Se analisarmos o nome "overseas"lexicalmente, veremos que "over" significa "além" e "seas"oceanos. Logo, aglutinando as duas palavras, teremos como conclusãoalém dos oceanos, ou seja, além dos mares, além das fronteiras. Reparem que no final ele se lança em transaçõesalém mar, ultrapassando as fronteiras, inclusive dalegalidade, espalhando a sua malha denegócios, agora legais, com dois grandes ex-amigos: o gigolô Duran e o delegado Chaves, cognominadoTigrão.
Todas as músicas são da autoria de Chico Buarque que, por sua genialidade, consegue harmonizá-las com o texto. Na músicaGeni e o Zepelim, Geni, é umatravesti, fato que só descobrimos assistindo à peça. Geni, em princípio, não serve para nada. Todavia, quando o comandante de umzepelim reluzente resolve bombardear a cidade, mudando de ideia apenas se tiver umanoite de amor com a travesti, todos resolvem pedir-lhe para ceder aos caprichos do comandante. As músicas seguem os compassos binário (2/4), terciário (3/4) e quaternário (4/4).[3]
No ano de 2014, vários espetáculos musicais foram montados no Rio de Janeiro e em São Paulo, com o objetivo de celebrar os 70 anos de Chico Buarque. Entre eles, uma nova montagem da Ópera do Malandro, com patrocínio do CCBB-SP e produção da Companhia da Revista.
Acensura exigiu que a primeira montagem fosse exibida com cortes. Por exemplo, a letra cantada pela personagemTerezinha teve de ser adaptada. O texto era:Meu amor tem um jeito de me beijar o sexo, e o mundo sai rodando, e tudo vai ficando solto e desconexo, e passou a ser (como hoje é conhecida pelo grande público):O meu amor tem um jeito de me beijar o ventre e me deixar em brasa/ desfruta do meu corpo como se o meu corpo fosse a sua casa.
Em geral, as fontes pesquisadas denotam uma crítica positiva, reportando um retrato da sociedade brasileira dos anos 1940–1970, com suashipocrisias.[7][8][9]