Ou alguém consegue rapidamente demonstrar quetodasestasnotícias fazem parte de uma maquiavélica cabala muito bem urdida, ou o primeiro-ministro terá os dias contados. Ou demite-se ou é terá de ser demitido.
A banda filarmónica metamorfoseou uma melodia política em melodia económica, rendeu-se ao novo solfejo musical. Os instrumentistas acomodaram-se à melodia, desgastaram-se em concertos e, por fim, quando acordaram, nem público nem maestro. A banda filarmónica aprendeu a tocar sem orientação superior, afinal os instrumentistas também gostam de tocar oolvido. A grande tragédia da banda filarmónica são as moscas do anfiteatro, todas em calamitosa luta pelos lugares de primeira fila. Depois de todos os lugares devidamente preenchidos, resta uma questão ao novo instrumentista estrela - rapidamente nomeado chefe da equipa filarmonia - será que sempre haverão algumas moscas mais iguais que outras?
Eu acho que o contributo que nós podemos dar é de assumir que temos coisas absolutamente fabulosas em termos de tradição seja na música seja noutras áreas e que é preciso perdermos o medo de mexer com elas, ou seja, pegar nelas, trazê-las para o quotidiano e construir uma nova identidade a partir delas. Penso que a haver uma lição se assim se pode dizer - e isso também é uma lição que já partilhamos há uns anos - a lição é essa, ou seja, temos de deixar ,de uma vez por todas, de termos vergonha de sermos portugueses.
[João Aguardela, recordado noPortugália de 19/Jan]
Estão a passar duas semanas sobre amorte de João Aguardela. O acontecimento foi assinaladoaqui pelo André, mas, e como disse na altura, o músico é muito mais que a voz dos Sitiados... Para a maioria das pessoas, acredito que João Aguardela seja simplesmente a voz daVida de Marinheiro, doVamos ao Circo... No entanto, o músico assumiu uma posição bem particular no mundo da música, posição essa mais marcada em todos os seus restantes projectos:Megafone,Linha da Frente,A Naifa.
A importância da tradição, em especial da música tradicional portuguesa, é a base dos projectos de Aguardela. O músico referia que neste momento já não existe uma música tradicional activa, pois a música desligou-se da actividade quotidiana das pessoas. E, portanto, a existir uma música tradicional portuguesa ela tem de ser re-inventada. Desta forma, ele não canta a tradição, não mostra a tradição, acolhe-a e reinventa-a. As recolhas já documentadas, os contactos mais pessoais, a memória da memória, aliam-se a outras sonoridades, a outros instrumentos e tecnologias. O resultado são diferentes abordagens em diferentes contextos sonoros, que podem chocar pelo confronto, mas também surpreender pelo conjunto.
Neste campo,Megafone é o projecto mais arrojado, cruzando as recolhas com música electrónica.
O Megafone é tradicional de mais para o circuito electrónico e é electrónico de mais para o circuito tradicional.
Megafone teve quatro volumes eAboio (do terceiro, 1999) deve ter sido a música mais divulgada [na Antena3]. Portanto, para juntarem ao vídeo do André, fica agora outro, assinalando uma vertente do músico desconhecida por muitos.
Dona Melancia -Meu bem, 'cê já viu o quanto a rainha é nossa inquestionável aliada? Dom Melão - Benzinho, os policiais apenas estão fazendo seu trabalho. Dona Melancia - Meu bem, 'cê não vê estranhidade nessa de polícia inglesa meter tanto bedelho em Portugal? Dom Melão - Benzinho, 'cê sabe o quanto português é incompetente né? Dona Melancia - Meu bem, 'cê tem razão Inglaterra nunca teve primeiro ministro em desdizer jornalístico. Aliás jornalinho inglês até gera desconhecido sensacional em maquiavelismo, tudo em prole de suas acções desvalorizada. Dom Melão - Benzinho, qual será o futuro da democracia? Dona Melancia - Meu bem, democracia é um sistema de estratificação social e como todos os outro qualquer dia implodirá.
O Campeonato Está Ao Rubro E Desta Vez o Pinto da Costa Não Tem Nada a Ver Com Isto
O derby da actualidade deixou de ser a discussão sobre qual a melhor maneira de ultrapassar a crise: Investimento Público v Baixar Impostos; e passou para a discussão sobre “as forcas ocultas” que se movem nos bastidores do caso Freeport: Conspiraçãoa la Bilderbergs v Teoria da Vitimização. Prognósticos? Só depois do resultado!
É certo que os dias que correm por terras de Sua Majestade são generosos em grandes noticias e que não lhes falta matéria para as manchetes. Mas não deixa de me causar alguma estranheza que o facto de uma agência de investigação do seu país querer investigar as contas bancárias do Primeiro-Ministro de um outro país não constar nem em nota de rodapé em nenhum jornal, telejornal, rádio jornal ou pasquim Britânico*. Eu sei que para os ingleses nós sempre fomos assim como que para o insignificante, mas também caramba!
*o muito pouco que até agora apareceu foram meras transcrições de jornais portugueses.
Uma coisa é certa, não foi nem "filho do tio" nem o pai do "filho do tio" do "engenheiro" Sócrates que licenciaram o projecto Freeport em tempo record, durante o período do governo de gestão de António Guterres. A existir alguma "marosca" no processo de licenciamento, como parecem apontar alguns indícios, teve de ser alguém com efectivo poder de influência e a trabalhar dentro do Ministério do Ambiente. No caso de se vir a apurar alguma ilicitude no processo, por muito que José Sócrates pretenda sacudir a água do capote, a responsabilidade política não é descartável, e o Ministro do Ambiente de então terá de a assumir por inteiro. Porém,estes novos e surpreendentes desenvolvimentos podem com facilidade elevar para outro patamar os níveis de responsabilidade que pareciam estar em jogo.
O casamento emocionara a sociedade. As revistas cor de rosa preencheram páginas e páginas com o belíssimo par. O belíssimo par adoçara a vida de centenas de leitores. Nos salões de cabeleireiro, nas salas de espera de consultórios médicos, aeroportos, repartições públicas,... continuaram a reproduzir-se conversas acutilantes por alguns elementos de vastíssimas classes sociais. As vastíssimas classes sociais, verdadeiramente heterogéneas, comentam algo brilhantemente a heterogeneidade dos fatos dos convivas. Enfim, também os convivas se poderiam considerar pessoas brilhantes. O que é uma pessoa verdadeiramente brilhante? É alguém cuja aparência é directamente proporcional aos investimentos financeiros realizados ao longo da vida. Alguns daqueles convidados encontram-se presentemente a negociar empréstimos milionários para a compra de acções que entretanto não renderam os dividendos merecidos. Os dividendos poderão criar algumas injustiças no actual mercado de casamentos, mas a lista da Forbes rapidamente criará outros casamentos virtuais. A virtualidade dos casamentos, a felicidade de meia dúzia e o matrix do dia a dia de milhões de representantes de outras classes sociais. Enfim, há certos casamentos que não produzem necessariamente divorciados.
Durante a II Guerra Mundial, em Inglaterra, funcionários do governo andavam pelas grandes propriedades senhoriais a recrutar membros da criadagem para irem ajudar no esforço de guerra.
Conta-se que a certa altura um desses funcionários foi falar com o Duque de Devonshire (uma das mais poderosas famílias de Inglaterra) e pediu-lhe que cedesse alguns dos seus criados. Depois de (algo contrariado) ter consentido em dispensar alguns guardas-de-caça e jardineiros, o Duque não resistiu e, perante a insistência do funcionário para que dispensasse também o chefe-pasteleiro, exclamou:
...e eu falei com o meu sobrinho que me disse para ele ligar na segunda-feira às 9 horas, para marcar com a sua secretária (que penso que até é prima dele e com quem ralhava muito)...
Fragmento da entrevista de Júlio Monteiro, tio de José Sócrates, aoSolde 24/01/2009.
Segundo esta notícia do DN, a Neurónio Criativo, empresa do “filho do tio” do “eng.” que queria cobrar o favor ao Freeport, só funcionou dois meses, não finalizou nenhum trabalho e foi registada em 2005. Porém, se consultarmos oInternet Archive Wayback Machine, a Neurónio Criativo já se apresentava ao público como empresa em actividade em Março de2004.@
A blogosfera portuguesa (ou blogobairro, como mais adequadamente já lhe ouvi chamar) é essencialmente um espaço onde os bloggers opinam e comentam. Isto é somente uma constatação minha e não pretende ser nenhuma espécie de crítica.
Mas neste contexto um blog como oPortugal Contemporâneo distingue-se pelo facto de aí se formularem ideias. Independentemente de concordarmos ou não com elas.
Com uma inquestionável qualidade dos seus bloggers e com um igualmente excelente nível de comentadores, é um blog que sigo diariamente desde a sua formação e que escolhi para Blog Convidado desta semana.
A crise económica dos anos 30 levou a que se inventassem (ou melhorassem as já existentes) formas de medir a economia, essencialmente para saber até que ponto as politicas de combate à crise estavam a surtir o devido efeito.
Julgo que é neste contexto que surge o PIB, criado para medir o valor total de todos os bens e serviços transaccionados.
Este PIB afirmou-se desde então como a medida usada para aferir o estado da economia e os níveis de desenvolvimento de cada país. Hoje, o essencial das políticas nacionais e das relações entre estados usam-no sempre como termo de referência não só para as questões económicas, como também para a discussão de todas as restantes politicas.
No entanto, aparentemente um dos arquitectos deste sistema, um tal deSimon Kuznets, era da opinião que
“The welfare of a nation can scarcely be inferred from a measurement of national income... Goals for “more” growth should specify of what and for what.”
E eu, mesmo sem ter uma noção exacta das implicações que isso poderia trazer, tendo a concordar que um sistema que valoriza somente aspectos quantitativos não devia servir para medir o bem-estar e a qualidade de vida das sociedades, ou pelo menos não devia ser o seu termo de referencia.
Nos últimos tempos têm ganho força outros indicadores que levam em linha de conta, além dos económicos, diferentes aspectos da vida de uma sociedade (como os níveis de educação, ou a qualidade ambiental, por exemplo).
Agora que parece confirmado que estamos a entrar (ou já cá estamos!) numa crise económica e social senão pior pelo menos equivalente à dos anos 30, seria uma boa ocasião para se rever o nosso conceito de desenvolvimento e a forma de o medir.
Não sou de fazer muito zapping na rádio. Vou-me mantendo fiel a meia dúzia de frequências - aquelas 6 memorizadas no auto-rádio! Consoante o estado de espírito ou a programação habitual o rádio liga na Antena1 ou Antena3. Na ausência de um programa interesante ou na presença de um momento menos apelativo, primo o botão 2 e vem a Antena2, que me vai surpreendendo de vez em quando. Se, ainda assim, o som não é do meu agrado, há também os botões 4, 5 e 6, mas para estes ainda não consegui arranjar inquilinos dignos do lugar, que justifique a fidelidade. No entanto, por razões que não sei bem explicar, vou-me sujeitando à oferta memorizada no momento.
Hoje não aguentei e, perante a conversa da Antena1, a ópera da Antena2, a electrónica da Antena3 e os grandes êxitos comerciais dos restantes três botões, lá fui eu à setinha do auto-rádio fazer uma busca manual.Paro na primeira que estiver a dar música portuguesa... Não... não... não... não... Hummm... Isto não é português mas é interessante: uma rádio a passar jazz às 6h da tarde... Deixa ver se foi engano ou se é mesmo para durar... Meia hora depois, o botão 4 do meu auto-rádio ganhou um novo inquilino:Rádio Europa (Lisboa)!
Reeditado à meia-noite A rádio continuou a tocar no meu quarto até há 5min. atrás... altura em que, de repente, desatou tudo a falar francês!!!...Ãh?!... Fui espreitar o site para ver o que se passava... Pelo que percebi a frequência funciona em regime de partilha com uma emissão francesa... «Aeuropa apresenta a sua produção local entre as 7h00 e as 21h00 de segunda a sexta-feira. Ao sábado, emite entre as 11h00 e as 20h00 e ao Domingo, entre as 11h00 e as 24h00.»
Começo a desconfiar que se a celeridade da nossa Justiça fosse aproximada à do Ministério do Ambiente no tempo do governo de gestão de António Guterres quando aprovou o Freeport, o primeiro-ministro que nos vem arrastando alegremente para o abismo nestes últimos quatro anos não se chamaria José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa.
Quero começar por agradecereste prémioà Academia ao António de Almeida. Desculpa António, mas de momento só me ocorre parafrasear ummui famoso realizador:«Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado».E este é um daqueles prémios que agradeço e retribuo de imediato, porque nos tempos de correm não é aconselhável abusar do crédito. Também quero deixar aqui uma saudação muito especial para os meus companheiros e companheiras de blogue, com os quais me orgulho de blogar diariamente, e que não podem estar aqui presentes porque o mais provável é encontrarem-se neste exacto momento nos mais diversos locais deste e doutros países a escreverposts em blogues mais interessantes. Beijinhos e abraços para todos, por ordem de resistência: Cristina, Vera, Carlos, Hélder, Carla e Miguel. Um beijo muito grande e especial para a minha mulher e para o meu filhote, que me devem estar a ver com algumdelay no ecrã meio marado do Magalhães lá de casa. Olá filhote! Reconheces a letra do papá? Vai para a caminha que já está na hora do óó. E antes que me cortem a palavra para os compromissos publicitários, gostaria de nomear os restantes 14 blogues que este galardão impõe. Assim, para além do já referidoDireito de Opinião, os restantes blogues são [para todos os gostos]: 31 da Armada 5 Dias A Barbearia do Senhor Luís A Origem das Espécies Adufe Arrastão Blasfémias Certamente Corta-fitas Da Literatura Hoje há Conquilhas Jugular Portugal dos Pequeninos Vox Pop
Thank you. God bless you. And may God bless the Bloggers.
Já comprei o bilhete de avião para ir neste fim-de-semana a Lisboa. Vou fazer uma manifestação lá para os lados da Praça de Espanha, queistoé uma vergonha! Coitadas das vacas, à mercê das intempéries, coisa que, como bem se sabe, não acontece nas pastagens por onde habitualmente andam.
Além de tudo o resto, estou com a ANIMAL: Onde é que já se viu? Usar vacas em publicidade? Ter uma visão utilitária das vacas? Não conceber as vacas como indivíduos inerentemente respeitáveis? Servir-se delas para manobras publicitárias? Que vem a seguir? Tiramos-lhes o leite e abatemo-las nos matadouros?
Mais do que tudo, a minha condição de Obamista convicto obriga-me a postar algo.
Não sei se esta crise é ou não um prenúncio de uma mudança de paradigma da sociedade. Por enquanto tenho-a apenas como o resultado das acções gananciosas e inconscientes de uns certos mestres da engenharia financeira que poderiam muito bem levar alguém a dizer que "nunca tão poucos fizeram tanto mal a tantos"!
Mas se esta crise for mesmo o prenúncio de um novo paradigma de sociedade no qual o crescimento económicoper se poderá perder algum do seu protagonismo em favor de uma maior atenção às questões ambientais, à redução da pobreza e das desigualdades e aos problemas relacionados com a segurança, não tenho dúvidas de que o novo Presidente dos EUA é a pessoa certa no lugar certo no momento certo.
Disclaimer: Esta minha certeza é completamente leviana e não se baseia em nenhuma análise profunda do programa político da nova administração. As certezas mais sérias, essas deixo-as para os especialistas.
Como se pode dizer que Obama fez um daqueles discursos capazes de abrir o apetite a [quase] qualquer um, e como após a cerimónia de tomada de posse e discurso se seguiu o tradicional almoço no Capitólio, não resisti a ir procurar o menu do repasto. Encontrei-o aqui, em formato pdf, e até inclui as receitas – para os mais ousados. Do menu constou, uma Sopa de Frutos do Mar à base de lagosta. O vinho, umSauvignon Blanc de 2007 daDuckhorn Vineyard. Peito de Pato comChutney de Cereja, e um Faisão Recheado com Arroz Selvagem, acompanhado com batata-doce. Tudo bem regado com umPinot Noir de 2005,Goldeneye, deAnderson Valley. Para terminar, a tradicional Tarte de Maçã e Canela, com gelado de baunilha e molho de caramelo. Quanto ao espumante, a escolha recaiu sobre o "champanhe" californiano,Korbel Natural.
Há muitos assuntos queblogosferica e deliberadamente ignoro. Porque não me interessa que saibam - e não vos interessa saber - o que penso sobre os bombardeamentos israelitas, o casamento homossexual, o poder paternal da Esmeralda, o desaparecimento da Madeleine, os sarilhos do casamento com os muçulmanos, as previsões económicas (como se pensasse qualquer coisa sobre as ditas!), a avaliação dos professores (idem!) ou a agenda eleitoral de 2009. Entre muitas outras coisas.
Mas há outros assuntos, igualmente encaixáveis em prateleiras da mesma estante que os que mencionei, que é impossível deixar passar ao lado. E um desses assuntos é de uma importância crucial devido ao número de pessoas que nele deposita uma coisa chamada esperança.
O que penso sobre isto?... Não, não vou deixar que o meu cepticismo estrague a festa!
Estreou-se em grande estilo no início deste ano e é já um ponto de passagem obrigatório a quem deambula pela blogosfera. ODelito de Opiniãoé o blog em destaque esta semana aqui no Geração Rasca.
Isto não é uma despedida. É uma sentida palavra de agradecimento dedicada a quem durante largos meses connosco conviveu. As palavras que disse, a escorrida escrita com que nos presenteou e a enorme generosidade de partilhar um pouco do seu tempo – esse luxo supremo – e do seu modo estar perante a realidade fazem com que deste lado apenas se ouça um sincero: «Obrigado, Leonor».
Celebra-se hoje o bicentenário do nascimento de um dos meus escritores favoritos, e um dos mais influentes da História de toda a Literatura Universal, Edgar Allan Poe. Para recordar o seu génio excepcional, remeto-vos para um dos seus mais famosos poemas,The Raven, numa tradução de Fernando Pessoa,e para esta homenagem (musicada) a uma das suas obras-primas, ashort story,The Murders in the Rue Morgue, que aproveito para dedicar aos meus companheiros de blogue que também partilham comigo deste gosto algo inusitado pelo som mais "duro".
Graçola de ocasião:Manuela Ferreira Leite está para o PSD como a crise mundial está para o Banco Central Europeu. É sempre a descer nas intenções de voto e nas taxas de juro.
Doze anos, 25000 respostas e 2000 artigos são os números que me levam a felicitar oCiberdúvidas da Língua Portuguesa, uma ferramenta sempre a jeito para ajudar pessoas como eu a esclarecer pequenas e grandes dúvidas.
Como devem saber, durante o corrente semestre é a República Checa que ocupa a Presidência da União Europeia.
Vem sendo hábito, a cada Presidência, exibirem-se no átrio do edifício do Conselho, em Bruxelas, umas obras (de arte), mas a verdade é que dificilmente alguma ficará na memória dos que por ali passam como a obra exibida pela Presidência checa.
De facto, noticiava-se que a obra agora em exibição fora encomendada pelo Governo checo a um artista plástico checo para que coordenasse a apresentação de 27 trabalhos de 27 artistas plásticos dos diferentes países da UE. Cada um desses trabalhos deveria representar um estereótipo do país.
Na sequência da encomenda, foi há dois dias instalada no Conselho a obra denominada Entropa, em que (e apenas elenco alguns exemplos) a França está em greve, a Alemanha é uma encruzilhada de auto-estradas, a Espanha é uma placa de betão com uma bomba no País Basco, a Itália é um campo de futebol em que bolas de futebol estão à altura dos orgãos genitais dos jogadores, a Suécia uma caixa do Ikea, Portugal é representado por bifes crus, o Luxemburgo é uma imitação de um lingote de ouro à venda, a Bélgica é uma caixa de chocolates e a Inglaterra, pura e simplesmente, não existe.
Contrariamente ao que fora habitualmente praticado pelas presidências anteriores, a obra consensual deu lugar à obra polémica. Os checos terão querido provar o seu sentido de humor e testar o sentido de humor dos seus parceiros.
Mais eis que, menos de 48 horas depois, se descobre que, afinal, dos 27 artistas plásticos indicados, o único que existe é o próprio coordenador da obra. David Cerny revela-se o responsável pela totalidade da obra e pela enorme partida ao Governo checo, que, ao querer testar a capacidade de encaixe dos outros países da UE, vê agora testada a sua.
Quanto ao artista, David Cerny, justificou-se desta forma, ao mesmo tempo que apresentava as suas desculpas ao mandante da obra:A hipérbole grotesca e a mistificação fazem parte da cultura checa e a criação de falsas entidades representa uma das estratégias da arte contemporânea. Nós sabíamos que a verdade seria descoberta e queríamos saber se a Europa seria capaz de se rir de ela própria.
Eu cá estou pronta a desatar à gargalhada, logo que perceba qual é o estereótipo que se esconde atrás daqueles bifes.
ADENDA: Pronto, já me explicaram, pelo que já estou a rir, a rir.
Enquanto os Israelitas e os Palestinianos continuam a sua luta fatídica, alguns media tentam convencer-nos de que a culpa daquela inclusão mútua ou é de A ou é de B. Contudo, um espectador passivo do mundo e leitor entusiástico de jornais chega rapidamente a uma conclusão animadora: afinal qualquer uma das fórmulas não passa de mais um produto financeiro e altamente tóxico.
Lembro-me com frequência de judiciosos sermões que escutava da boca de sábias pessoas, nos tempos em que ainda era apenas uma miúda. Lembro-me de que a seguir a esses sermões vinham quase sempre frases como "quando fores mais velha, compreenderás" ou, "quando fores mais velha, darás valor a", ou ainda, "quando fores mais velha, lembrar-te-ás de".
Há coisas que nunca mudam. Quando somos novos, recebemos certas lições, mas nunca as aprendemos. Elas só ficam dentro de nós para, um dia mais tarde, nos lembrarmos delas e darmos então o devido valor a quem no-las aconselhou. E as transmitirmos aos mais novos.
é o subtítulo que anuncia as escolhas, as críticas, as novidades, as histórias e as curiosidades no mundo da música de Nuno Galopim e do cinema de João Lopes.
O Benfica voltou à liderança do campeonato num jogo de campo inclinado e com mais uma grande dose de incompetência por parte da equipa de arbitragem. Frente ao Nacional até concedo que Pedro Henriques possa ter invalidado um golo limpo ao 'Glorioso', mas é sempre fácil criticar depois de ver dezenas de repetições em câmara lenta. Pelo crime, Pedro Henriques teve nota negativa na avaliação e está há duas jornadas sem apitar qualquer jogo. Ontem não foi preciso câmara lenta nem repetições, David Luís estava claramente em fora-de-jogo, posição que lhe permitiu marcar o golo solitário que devolveu ao Benfica a liderança. Paulo Baptista e os seus auxiliares tinham a obrigação de ver, sem qualquer repetição. Peço desde já ao Record, à Bola e ao Jogo que tal como o fizeram comPedro Henriquespubliquem as notas do observador da Comissão de Arbitragem. Tudo quanto seja uma nota acima de dois (2) será um segundo roubo de igreja. Não está aqui em questão se se trata do Benfica, do Porto ou do Sporting, trata-se tão somente de um jogo extraordinário chamado Futebol que continua a ser estragado pela incompetência.
Alberto Raposo Pidwell Tavares [11 Jan 1948 - 13 Jun 1997]
Sem Título e Bastante Breve
Tenho o olhar preso aos ângulos escuros da casa tento descobrir um cruzar de linhas misteriosas, e com elas quero construir um templo em forma de ilha ou de mãos disponíveis para o amor....
na verdade, estou derrubado sobre a mesa em fórmica suja duma taberna verde, não sei onde procuro as aves recolhidas na tontura da noite embriagado entrelaço os dedos possuo os insectos duros como unhas dilacerando os rostos brancos das casas abandonadas, á beira mar...
dizem que ao possuir tudo isto poderia Ter sido um homem feliz, que tem por defeito interrogar-se acerca da melancolia das mãos.... ...esta memória lamina incansável
um cigarro outro cigarro vai certamente acalmar-me ....que sei eu sobre as tempestades do sangue? E da água? no fundo, só amo o lodo escondido das ilhas...
amanheço dolorosamente, escrevo aquilo que posso estou imóvel, a luz atravessa-me como um sismo hoje, vou correr à velocidade da minha solidão
Ao ouvir no outro dia uma moça (jovem, portanto ainda com um elevado potencial de crescimento) afirmar sorridente que tinha cerca de 350 pares de sapatos em casa, lembrei-me do fascínio que sempre me causou esta paixão que as mulheres têm por sapatos.
Como as férias são momentos propícios para exercícios mentais inúteis, pus-me a tentar encontrar um comportamento equivalente nos homens. Confesso que foi difícil e a única coisa na qual consegui identificar alguns pontos em comum foi no chamado “coçar os tomates”.
Ambos são actos reflexivos que respondem a impulsos algo misteriosos, e em ambos os casos, pelo menos na maior parte das ocasiões, essas práticas não resultam de nenhuma necessidade efectiva (o risco de andar descalço num caso ou uma real comichão no outro) sendo somente manifestações supérfluas do nosso inconsciente ou então fenómenos de compensação de algo que não tem nada a ver com o acto em si.
Tenho a certeza que não seria difícil encontrar mais semelhanças mas como poderia cair no risco de entrar em áreas mais delicadas fico-me por aqui, na certeza porém de que posso estar a dar um significativo contributo para o desenvolvimento da psicologia comportamental.
José Luís Fiori contesta a tese de Wallerstein do declínio do Império Americano e consequentemente do sistema mundo capitalista. E quanto à grande ilusão criada pelos (neo)liberais de que o Estado era o lobo mau do mercado? Aí a versão da história é bem diferente. [Estamos na fase final da história,Capuchinho faz determinadas perguntas à sua querida avó.] (...) Capuchinho — Avó, porque precisas dos braços do Estado? Lobo mau — Para abraçar novas oportunidades, minha neta! Capuchinho —Avó, porque precisas das pernas do Estado? Lobo mau — Para (con)correr melhor, minha neta. Capuchinho — Avó, porque precisas das orelhas do Estado? Lobo mau — São para ouvir melhor os mercados, minha neta. Capuchinho — Avó, porque precisas dos olhos do Estado? Lobo mau — São para ver melhor as letras miudinhas dos contratos, minha neta. Capuchinho — Avó, porque precisas de uns dentes tão grandes? Lobo mau — São para comer os Estados, ah, desculpa, as empresas concorrentes, minha neta.
Tenho Fernando Nobre como uma pessoa de bem e bem intencionada, e concordo em absoluto que não é humanamente possível ficar indiferente perante o imenso sofrimento dos inocentes cujas vidas estão a ser profundamente afectadas por este conflito monstruoso, porém, quando neste post o fundador da AMI descreve Menahem Beguin como chefe “terrorista” e os guerrilheiros do Hamas como “resistentes”, acaba por demonstrar um tal grau de parcialidade que, por contrariar as mais elementares regras de bom senso, nos remete para as verdadeiras causas destes conflito: o facciosismo exacerbado. Estranho que Fernando Nobre, que afirma conhecer a “realidade” vivida nos territórios em causa, mostre um total desconhecimento do que de facto são capazes[*] os “resistentes” do Hamas. Do mesmo Hamas que se recusa determinantemente a dialogar ou em reconhecer a simples existência do Estado de Israel. Continuar acreditar que nesta conjuntura e com estes intervenientes esta contenda intemporal possa ainda ser resolvido de forma pacífica, acaba por ser só mais uma inexplicável incoerência do dr. Fernando Nobre.
Incita-vos a mulher que, depois de cuidadas investigação, análise e reflexão, decidiu que não gastaria um cêntimo numa Bimby, torrando-o antes numaMandarina qualquer.
A minha primeira descoberta do ano... Já tem uns anos, mas esta versão só passou por mim esta semana.Sur le fil no violino deYann Tiersen. A força da música é qualquer coisa... E o novo ano quer-se assim... apaixonadamente forte e destemido... A minha partinha de ano novo... Enjoy it!
Como é que um crescimento positivo de 0,8 por cento em 2009 se transforma num decréscimo de 0,8 por cento em 2009? Como é que um Orçamento de Estado apresentado à porta do último trimestre de 2008, em plena crise, mantém a ideia do Portugal optimista e acima das grandes economias? O melhor que podia acontecer a José Sócrates era mesmo esta crise mundial, o que antes era o “Portugal melhor preparado para enfrentar a crise” é agora o “Portugal que sofre com a maior crise financeira de que há memória, nas últimas décadas, a nível mundial”. Por favor alguém entreviste o único homem do Governo que ainda não falou, alguém pergunte a Manuel Pinho, ministro da Economia, quem foi o idiota que em 2006 lhe passou a ideia de que “a crise acabou” e que a questão seria “saber quanto Portugal vai crescer”. Hoje, o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, admitia aquilo que à própria agência Lusa foi negado reconhecer, que a “recessão” está aí, que é preciso investir na salvação de empregos. Deixo aqui uma proposta simples: entre 2008 e 2009, o concelho de Mafra perde 17 empregados administrativos na área da saúde por reforma, e vai perder quatro médicos, aumentando para quase 28 mil, cerca de um terço dos habitantes, o número de munícipes que nem sequer tem médico de família, num serviço que já tinha a falta de seis médicos. Parece pouco mas não é: multiplique-se este facto à dimensão do país. Se num concelho pequeno como é o de Mafra estamos a falar de 27 profissionais em falta, excluindo ainda os enfermeiros, e este é um serviço básico que o Estado está, através da Constituição, obrigado a prestar, como é que se pode acreditar na “protecção ao emprego”? Se é isso que defendem podem começar por aqui, pela Saúde, o pior é que não se vislumbra nem se anuncia qualquer mudança, ou seja, já não basta o espectro do desemprego a pairar sobre a cabeça agora é preciso também apelar ao espírito do Dr. Sousa Martins para tratar das maleitas.
Constato que, finda a presidência francesa da União Europeia, Nicolas Sarkozy, criatura hiper-activa e habituada a protagonismos,apressou-se a voar para o Médio-Oriente, tal como a delegação da UE, agora sob a presidência checa.
É bom que alguém dê rapidamente ao Sarko algo para fazer senão, como aparentemente a França não lhe chega, arriscamo-nos a assitir às próximas invasões francesas.
Sob a batuta do Pedro Correia estreou-se no universo blogosférico do pós-Ano Novo oDelito de Opinião. Pelos nomes envolvidos no projecto, este 'delito', agora cometido, promete. Sejam muito bem-vindos.
1 - Ontem aproveitei para rever um velho filme americano: A Desaparecida. John Wayne, rangers salvadores da pátria, a rapariguinha usada e abusada pelos índios, os maus da fita. Expressões repetidas, como por exemplo: "a minha mulher sabe ler, ela foi professora primária", comportamentos estereotipados, um cowboy empedernido e pouco dado a grandes diálogos, matando sem grandes preocupações morais, religião da manutenção dos bons velhos costumes e da aclamada paz social são elementos cruciais num argumento clássico do velho cinema do Oeste. Gosto do velho empedernido, John Wayne, da simplicidade das pessoas do Oeste, bem como das suas falsas crenças acerca do mundo: os bons de um lado e os maus do outro.
2 - Ao que parece uma velha luta entre Estado, empresas e respectivos ganhos para alguns recreou-se em mais uma instituição pública: a CP.
Tanto o argumento do filme de 1956, de John Ford, como o argumento do filme da CP são clássicos incontornáveis da história cinematográfica. Estou habituada a deleitar-me com novas/velhas obras primas.
"(...) os governos, através dos impostos, reuniam largas somas de capital, que posteriormente redistribuíam, através de subsídios oficiais, por pessoas ou grupos já grandes detentores de capital. Estes subsídios têm consistido em puras dádivas, geralmente com a justificação duvidosa de finalidade pública (envolvendo essencialmente pagamentos de serviços sobre-avaliados). Mas têm também adquirido formas menos directas, como quando o Estado suporta os custos da criação de um dado produto (supostamente amortizáveis por futuras vendas lucrativas), custeando a preço simbólico actividades económicas de empresários não-governamentais, precisamente no ponto em que termina a fase onerosa de pesquisa e desenvolvimento. (...) Ao longo do capitalismo histórico, este desvio de fundos públicos, bem como os concomitantes procedimentos fiscais corruptos, constituíram desde sempre uma fonte privilegiada de acumulação privada de capital. Em suma, os governos têm redistribuído capital pelos ricos, utilizando o seguinte princípio:individualização do lucro, através da socialização do risco.Ao longo de toda a história do sistema capitalista, quanto maior o risco (e as perdas), mais provável a intervenção dos governos, no sentido de impedirem as falências, e mesmo de ressarcirem das perdas, ou pelo menos evitar perturbações financeiras. (...) Existem assim diversos meios, pelos quais o Estado tem desempenhado um papel crucial na máxima acumulação de capital. De acordo com a sua própria ideologia, era suposto que o capitalismo envolvesse apenas a actividade de empresários particulares, livres da interferência dos aparelhos estatais. Na prática, porém, isto nunca foi verdade em parte alguma. É ocioso especular sobre o capitalismo, e se ele poderia ter florescido sem o papel activo do Estado moderno. No capitalismo histórico, os capitalistas contaram sempre com a possibilidade de utilizar os aparelhos estatais em seu proveito, das várias maneiras que esboçámos."
WALLERSTEIN, Immanuel (1999).O Capitalismo Histórico seguido de A Civilização Capitalista. Vila Nova de Gaia: Estratégias Criativas, pp. 41-42.
Na impossibilidade de agradecer pessoalmente a cada um dos leitores do GR que têm por aqui passado e amavelmente transmitido os seus votos da época - como podem verificar pelopost que antecede este, ainda não é de bom tom levar o portátil para os almoços e jantares - agradeço-lhes, e penso que posso fazê-lo em nome de toda aequipa, as simpáticas mensagens (e as visitas ao GR) e desejo a todos um excelente 2009, com saúde,posts e comentários. O resto vem por acréscimo.