posted by Mário Casa Nova Martins @2/25/2021 10:11:00 da manhã 0 comments
Avelino Bento esteve na Guiné, onde participou na chamadaGuerra Colonial, expressão utilizada para estigmatizar um acontecimento daHistória de Portugal entre 1961 e 1974.
A Guerra em África neste período temporal acabou com a capitulaçãodos políticos, contrária à realidade militar no terreno.
Os Militares combateram com Honra. Poucos foram osdesertores, os cobardes, e ainda menos os traidores. Mas houve traidores,cobardes e desertores!
O Autor fala de forma frontal e directa da sua passassempelo palco de guerra da Guiné. Em momento algum há desânimo. Discorre naprimeira pessoa. E é nítido que a memória daquele tempo nunca se extinguiu,assumindo-a como uma experiência que sempre o irá acompanhar.
Para situar no espaço a sua memória da Guiné, recorre-se dapersonagem de Emílio Félix, feliz, na qualidade de professor reformado da Universidade de Évora. Sara Manuel, doutoranda em Artes, estudante do primeiro ano doCurso de Doutoramento em Artes na Universidade de Évora, é a personagem femininaque faz a ligação entre a memória passada e o presente.
Se a recordação da Guiné funciona como uma catarse do Autor,o enredo do romance gira à volta do amor, o amor impossível, que a consumar-seseria incestuoso.
Évora é o palco, a Universidade o local de eleição, e asartes, a Arte, são o fio condutor.
Avelino Bento nasceu em Sacavém e reside nos Fortios,freguesia do concelho de Portalegre. É professor jubilado do Ensino Superior,doutor em Sociologia da Cultura, especialização em Comunicação e Arte, e tambémé actor-encenador e animador sociocultural.
Tem editado «Teatro e Animação – outros percursos do desenvolvimentossócio-cultural no Alto Alentejo», edições Colibri, 2003, «O meu blog deu-me omundo – Antologia de textos sobre Cultura, Educação, Arte e Animação.Tributos», Instituto Politécnico de Portalegre, 2010, «No Rio… Quando Começa OMar», Filigrana Editora, 2019, «A Geração que quis ser Feliz», com posfácio deLuís Miguel Cardoso, Edições Filigrana, 2020. E tem no prelo «Os Últimos PutosNeo-Realistas».
Depois da Cultura, «Teatro…», a Mundovisão, «O meu blog…», aPoesia, «No Rio…», a Memória da guerra, «A Geração…», e proximamente Históriasde infância e adolescência, «Os Putos…».
Avelino Bento é um Homem da Cultura e de Cultura. Este seuromance é de um português escorreito, de leitura agradável, construtiva.
O Autor é um Homem Feliz. Avelino Bento tem um percursoacadémico notável, e como escritor, transmite cultura, conhecimento, e acima detudo a Felicidade de se sentir bem consigo próprio.
posted by Mário Casa Nova Martins @2/18/2021 11:14:00 da manhã 0 comments
No presente, felizmente, esses níveis terão atingido os seusmáximos em todas as barragens citadas, à excepção de uma, a Barragem do Caia, eesta dificilmente atingirá o seu máximo de armazenamento, por razões que seconhecem.
Contudo, há na notícia um parágrafo, que se transcreve, quemerece atenção:
_ A albufeira de Póvoa e Meadas, em Castelo de Vide, quedispõem de uma capacidade de armazenamento de 22 milhões de metros cúbicos deágua, mas que não está a ser aproveitada totalmente por questões de segurançarelacionadas com o paredão, já começou a efectuar descargas.
A pergunta é:
_ Há quantos anos, décadas mesmo, se sabe que o paredão daBarragem de Póvoa e Meadas está com problemas estruturais?
Pois é. À memória vem o acidente da ponte de Entre-os-Rios,que aconteceu em 4 de Março de 2001.
E se um dia o paredão cede, o que irá acontecer?
Sabia-se do estado da ponte de Entre-os-Rios, como se sabe oestado do paredão da Barragem de Póvoa e Meadas.
Nada se fez na ponte de Entre-os-Rios, como nada se está afazer no paredão da Barragem de Povoa e Meadas.
Se um dia o paredão colapsar, como diz o povo, ‘a culpamorrerá solteira’.
Já agora, por certo a esta altura a Barragem do Pisão,melhor, a fantasmagórica Barragem do Pisão já deve também ter atingido a suaquota máxima!
15 de Fevereiro de 2021
posted by Mário Casa Nova Martins @2/18/2021 10:18:00 da manhã 0 comments
Declarações do Alferes Comando, MARCELINO DA MATA, sobre asua prisão e tortura sofridas no RALIS.
_ No dia 17/5/75, quando me encontrava em Queluz Ocidental,ouvi pela rádio ser comunicado que me encontrava preso, no RALIS. Perante talabsurdo, dirigi-me ao Regimento de Comandos da Amadora, Unidade onde estavacolocado, e falei com o oficial de serviço, capitão Ribeiro da Fonseca, ao qualcontei o que acabara de ouvir e pedi que esclarecesse a situação.
O capitão Ribeiro da Fonseca, na minha presença, telefonoupara o RALIS e falou com o tenente-coronel Leal de Almeida, tendo o mesmorespondido que me deviam levar imediatamente escoltado para esta Unidade.Telefonou ainda o capitão Fonseca para o COPCON falando directamente com obrigadeiro Otelo Saraiva de Carvalho, o qual confirmou que me devia entregar aoRALIS pois estavam concentradas todas as operações nesta Unidade.
Foi assim que, escoltado por tenente comando e duas praças,fui levado para o RALIS.
Uma vez chegado à Unidade referida e enquanto o tenente queme escoltava se dirigia ao oficial de serviço, aproximou-se de mim um furrielarmado que me disse ter ordens para me levar para a casa da guarda e manter-meaí incomunicável.
Apareceu entretanto um aspirante que me levou para uma salado edifício do Comando onde permaneci sozinho até às 24.00.
Apareceu depois das 24.00 um indivíduo alto, forte e decabelo e barba compridos que, intitulando-se segundo comandante do RALIS, masque depois vim a saber que se tratava de um militante do MRPP conhecido por“RIBEIRO”, me estendeu um papel para aí eu escrever tudo o que sabia sobre oELP.
Mais tarde apareceu um aspirante e um furriel chamado DUARTEe o capitão [Manuel Augusto Seixas Quinhones de Magalhães] QUINHONES quetornaram a fazer a mesma pergunta.
Uma vez que jamais tinha ligação com o ELP, ou qualqueroutra organização, respondi-lhe negativamente.
Entrou então o capitão QUINHONES MAGALHÃES. Disse-me que meia fazer o mesmo que se fazia na Guiné aos “turras” quando não queriam falar epuxou do seu cinturão, no que foi secundado pelo furriel DUARTE.
Saiu o capitão QUINHONES e regressou acompanhado de outroindivíduo, baixo e forte, que também vim a saber ser do MRPP e conhecido por“JORGE”, e mais outro furriel, aos quais o capitão QUINHONES ordenou que mefossem batendo à bruta até que eu confessasse.
Apareceu então o tenente-coronel LEAL DE ALMEIDA que medisse que os pretos só falavam quando levavam porrada e eram torturados, e quenão tinha outra solução senão ordenar que me fizessem isso.
Ordenou o capitão QUINHONES que me encostassem à parede edespisse a camisa, o que tive que fazer. Após isto fui agredido sete vezes comuma cadeira de ferro nas costas, o que me provocou vários ferimentos. Nãoresistindo, caí, mas o capitão QUINHONES disse que me pusesse de joelhos e umoutro indivíduo que entrou, intitulando-se oficial da marinha, agrediu-me maisduas vezes com a cadeira. Após isto o capitão QUINHONES e o furriel DUARTE, umde cada lado, agrediram-me com o cinturão por todo o corpo, e eu, que já sentiadores na coluna, senti dores nas costelas e caí novamente no chão.
O capitão QUINHONES ria-se e dizia que o tenente-coronelLEAL DE ALMEIDA queria que eu falasse, nem que eu ficasse todo partido, e queele ia mesmo fazer-me falar.
Passados uns momentos, quando me encontrava novamentesentado, e como fizesse tenção de reagir às agressões, algemaram-me eperguntaram-me se eu conhecia uns indivíduos, os quais haviam entrado mais oumenos quando me começaram a agredir com a cadeira de ferro.
Como eu dissesse que conhecia alguns deles e outros não,foram-me dizendo os nomes apontando para eles e enunciaram um COELHO DA SILVA,um doutor MAURÍCIO, que não conhecia, e o JOÃO VAZ, ALVARENGA AUGUSTO FERNANDES(BATICAN) e o ARTUR, todos africanos, os quais já conhecia da Guiné.
Então o capitão QUINHONES ordenou ao tal “JORGE” que pegassenum fio eléctrico e me torturasse, tendo-me este dado choques nos ouvidos, sexoe no nariz. Pela terceira vez que me fizeram isto, desmaiei, pois não aguentei.
Quando recuperei tornaram, o capitão QUINHINES e o furrielDUARTE, tornaram a agredir-me com os cinturões e a cadeira de ferro, sentindoeu nessa altura que devia estar com fractura da coluna e costelas, e tinhavários ferimentos grandes em todo o corpo. Mais uma vez não aguentei edesmaiei.
Ao recuperar os sentidos encontrava-me todo molhado eensanguentado, não tinha movimentos nas pernas e quase não podia respirar, alémde fortes dores em todo o corpo.
Por volta das 6 horas do dia 18 trouxeram para junto de mime dos outros indivíduos que estavam ali presos e já mencionados, o FERNANDOFIGUEIREDO ROSA, também da Guiné, ao qual agrediram com a cadeira de ferro earrastaram para fora da sala. Entretanto entrou também uma senhora que dizia srmulher do COELHO DA SILVA, à qual o furriel apalpou as nádegas e seios e outraspartes do corpo, frente ao marido.
Fui algemado logo a seguir à entrada da senhora, e conduzidoà prisão, onde um furriel encheu com água a cela, até ao nível dos tornozelos.
Por volta das 23.00 fui retirado da prisão, e vi o tenentefuzileiro CORTE REAL e o ex-tenente fuzileiro FALCÃO LUCAS cá fora, os quais aover o meu estado me disseram que a eles também lhes tinham dado um “bomtratamento”, mas não tanto como o meu.
Fui metido, a seguir, numa Chaimite e levado para Caxias,onde cheguei já pelas 01.00 ou 02.00 do dia 19/5/75.
Chegado a Caxias, o capitão tenente [João Eduardo da CostaXavier] XAVIER, e o qual conhecia da Guiné, tratou-me com termos ordinários eobscenos, e mandou-me levar para uma cela, apesar de ver o estado em que meencontrava e de me ter queixado e afirmado que necessitava ser assistidoclinicamente.
Só no dia 21/5/75, e depois de muito insistir com pedidos aooficial de serviço, aspirante da Marinha, FERNANDES, fui levado à enfermaria deCaxias onde me fizeram os primeiros tratamentos, mas quando era necessário serradiografado faziam-no sempre às zonas do corpo que não eram aqueles de que mequeixava.
Permaneci 150 dias em Caxias, e só quando fui libertado ecolocado com residência fixa, consegui ser trado convenientemente, e soube tertido fractura de duas costelas e da coluna.
Lisboa, 24 de Janeiro de 1976
MARCELINO DA MATAALF. COMANDO
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_De Conakry ao M.D.L.P. ‘dossier secreto’, Alpoim Calvão,INTERVENÇÃO, 1976, pgs 233 a 236
posted by Mário Casa Nova Martins @2/15/2021 03:47:00 da tarde 0 comments
posted by Mário Casa Nova Martins @2/15/2021 03:30:00 da tarde 0 comments
https://www.facebook.com/albertononaslima
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_ Antologia: OPensamento de António Sardinha
Alberto deAraújo Lima, ‘Contra-Corrente’, 2020, 250 pg.
https://editoracontracorrente.wordpress.com/.../antologi.../
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_ Uma Vida, UmaVoz: Alfredo Pimenta – Modo de usar
Alberto deAraújo Lima, ‘Contra-Corrente’, 2020, 444 pg.
https://editoracontracorrente.wordpress.com/.../uma-vida.../
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posted by Mário Casa Nova Martins @2/06/2021 04:16:00 da tarde 0 comments
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posted by Mário Casa Nova Martins @2/02/2021 11:53:00 da manhã 0 comments