Se na Grécia umpartido dos extremos ganhou as eleições, e formou governo em coligação com umoutro partido dos extremos, de sinal contrário, as boas consciênciasdescansaram quando na Andaluzia e em França, os partidos que se apresentavamcomo alternativa ao centrão ficaram aquém, quer da vitória, quer de chegar aopoder. Março madrasto para as alternativas políticas anti-sistema.
É fantástico como osistema conseguiu em tão pouco tempo reorganizar-se, reordenar-se e combatercom sucesso as ameaças que o cercavam. Há cem anos, já em plena Guerra CivilEuropeia, não foi assim. Há lições de História que, pelos vistos, ou até ver, aEuropa aprendeu.
Regozijará emPortugal esse centrão da política e dos interesses, porque a alternânciademocrática, como gostam de dizer, será mantida. As excrescências que pululamem torno da esquerda radical e que no próximo outono vão a votos naslegislativas, não são mais do que nados-mortos, que apenas abrilhantarão acampanha eleitoral e o hemiciclo se algum pícaro chegar a ser eleito.
É humilhante a formacomo a Alemanha trata a Grécia, e quão humilhante é a forma como a chanceleralemã recebe o líder grego. Quiçá, merecida, mas é a ‘vacina’ a ter os seusefeitos!
Espanha e Françaolham o amanhã com a arrogância dos vencedores sobre os vencidos. Tudo ficoucomo dantes! As duas repúblicas, a primeira coroada, a segunda presidencial,sentem-se impunes, revigoradas com o afastamento do espectro da chegada dosanti-situacionismo. O circo deixou a rua e regressou à tenda.
É interessante,depois de toda esta euforia anti-sistema que resultou na montanha que pariu orato, analisar o comportamento do Partido Comunista Português em todo esteprocesso.
Desde o primeiromomento, nunca entrou na euforia consequente da vitória do radicalismo naGrécia. Manteve sempre uma atitude serena face ao que ia acontecendo, e a curtoprazo colherá os lucros políticos dessa postura, ao recolher votos dosdesencantados radicais esquerdistas.
O outrora partido dosamanhãs que cantam, há muito que deixou de acreditar no amanhã, e fechou-se emsi próprio. Domesticado pelo sistema criado pelos vencedores do PREC nos finaisde 1975, é hoje liderado por uma gerontocracia, e tem os netos no combatepolítico activo.
A distopia comunistajá não consegue entusiasmar nem os próprios comunistas!
A normalização dosistema, é a vitória dos eurocratas. Hoje já não vontade para o martírio,porque também já não há ideias e muito menos ideais, o sistema há muito que superou Orwell!
Mário Casa Nova Martins
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http://www.radioportalegre.pt/index.php/desabafos/mario-casanova-martins.html
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